Para que serve a utopia?

"A Utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se eu caminho dez passos, ela se distanciará dez passos. Quanto mais a procure, menos a encontrarei. Qual sua utilidade, então? A utopia serve para isso, para caminhar!"
Fernando Birri (diretor de cinema)
http://www.youtube.com/watch?v=Z3A9NybYZj8

quinta-feira, 21 de março de 2013

Lógica perversa


Há uma lógica perversa nos "bons" que acreditam que presos não deveriam ter acesso a Direitos Humanos, direitos estes que visam apenas garantir a dignidade de toda e qualquer pessoa.
Oras, acreditam esses que "bandidos" não merecem qualquer acesso à dignidade por terem infringido, de alguma forma, a integridade dos "bons"; no entanto, ignoram que no Brasil o crime é uma patologia social, alimentada pela exclusão social de muitos, e na manutenção de uma falsa crença de meritocracia, inexistente neste país.
Nega-se veemente o fato de que a desigualdade social, a negação dos direitos de grande parcela da população, coloca em xeque a possibilidade de um status social desejado por muitos e alcançado por poucos. Neste cenário, a melhor opção para muitos é o crime. Quando a melhor opção é a pior das opções,
Diante disso, esbravejam os ”bonzinhos” que os criminosos não têm o direito (e realmente, direito, não têm) de negar às pessoas de “bem” uma vida harmoniosa e feliz e, portanto, merecem a morte, ou ainda, os mais bonzinhos, defendem apenas a penalidade baseada no” Olho por olho, dente por dente”. Pensam e acreditam, fielmente, que se pauta na punição extrema a verdadeira justiça. No entanto, ignoram todas as negações a que essas pessoas passaram.
Mora aí a lógica perversa do “lado do bem”. Para estes, as vítimas da violação dos seus direitos devem apenas lutar contra tudo e todos, sem o direito de se revoltar. Entretanto, as vítimas dos criminosos que a sociedade cria, estes sim, têm todo o direito de se revoltar e desejar por uma justiça sangrenta em nome de uma paz que também é exclusividade dos socialmente aceitos.
Não, eu não defendo falta de punição, defendo apenas uma sociedade com mais justiça social, com distribuição de renda, direitos sociais estendidos a todos e todas. Defendo, embasada nos Direitos Humanas, que se garanta a dignidade humana de toda e qualquer pessoa. Quando alcançarmos isso, aí sim, poderemos falar em verdadeiros bandidos, que hoje, estão, em sua maioria, assumindo cargos importantes deste país. Eleitos pelos bons que marginalizam e criminalizam os que não acessam seus privilégios.

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