Para que serve a utopia?

"A Utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se eu caminho dez passos, ela se distanciará dez passos. Quanto mais a procure, menos a encontrarei. Qual sua utilidade, então? A utopia serve para isso, para caminhar!"
Fernando Birri (diretor de cinema)
http://www.youtube.com/watch?v=Z3A9NybYZj8

segunda-feira, 13 de junho de 2011

SANTO ANTÔNIO

Todo ano é a mesma coisa, começa junho e a TV é invadida pelas propagandas melosas de dia dos namorados. Uma afronta aos solteiros de plantão que não aguentam mais passar a data sozinhos.
Enquanto os namorados entram na lógica capitalista de agradar o “benzinho” com uma boa compra, os solteiros tentam encarar a data como podem. Usam do senso de humor. Perdem totalmente o senso de humor. Fingem indiferença à data, e os mais desesperados, e aqui me encontro, recorrem ao Santo casamenteiro, Santo Antônio.
Fui procurar uma simpatia para que esse fosse, enfim, o último dia dos namorados que passaria sozinha. Fiquei impressionada com a quantidade de simpatias on line. E não é que até o Santo se informatizou?
Simpatias para arrumar namorado. Simpatias para casar. Simpatias para ser pedida em casamento. Simpatias para conquistar o amor. Simpatias para não perder o amor. Eram tantas que me perdi. Nem sabia mais o que é mesmo que queria. Se era arrumar um namorado, casar ou conquistar o amor. Desisti.
Ok, confesso. Já ganhei um Santo Antônio e acho que desde então ele está de mal com a minha pessoa. Não sei como, mas depois de enfiá-lo de ponta cabeça num copo com arroz, com pinga, no freezer, deixei o santo cair e ele quebrou a cabeça. Tentei me redimir com Antônio colando com muito carinho sua cabeça, mas não adiantou. De lá pra cá minha vida amorosa tem se demonstrado uma bela comédia dramática.
Mas aí mamãe começou a se preocupar também. Apareceu com um santo novo, desses que você pode tirar o Menino Jesus para chantagear o Antônio. Sim, tem simpatia que envolve um sequestro do Menino Jesus. O problema é que o meu sequestro não teve um final feliz. Consegui quebrar a cabeça do pobre Menino Jesus. E como todo mundo sabe, o sucesso de se conseguir alguma coisa num sequestro é a devolução da vítima no mínimo ainda com a cabeça! Como é que eu poderia chantagear o santo com o Menino literalmente aos cacos? Lógico que muito preocupada com meu futuro emocional colei cuidadosamente a cabeça do Menino Jesus, mas nem tive mais coragem de chantagear o Antônio. Devolvi o Menino aos seus braços e tenho tentado o diálogo sem castigos ou chantagens, mas sem muito sucesso também.

Sem simpatias, sem coragem [na verdade sem condições de] para chantagear o Santo e sem namorado optei por festejar São João e me perder no vinho quente, cuzcuz e pastel com as amigas, porque vai se o dia dos namorados, ficam as festas juninas e julinas!!! E viva os arraiá! [desconsiderando que até as quadrilhas tem casamentos].

PAIXÃO

Paixão, ah esse sentimento quase incontrolável que induz a cometer loucuras! As quais tinha certeza que jamais cometeria. Não nessa vida! E pela minha breve experiência nessa vida tendo a acreditar que nem todos estão prontos para a paixão, porque paixão sem entrega não é paixão. Paixão é perda de controle. É não querer falar, mas já ter dito. É não querer se entregar, mas já estar entregue.
Esse papo de “você não pode se entregar tanto no começo”. Acho chato! Entrego-me sim! Já cometi mais idiotices apaixonadas do que bêbada. Incontestável! Porque a paixão é essa patologia peculiar que impede de ser racional. [Ok, não sou perita em patologias. Mas é como dizem, de médico e louco todo mundo tem um pouco.] Com sintomas que a maioria conhece, a “abobalhação” é o mais evidente. Chora-se e ri sem motivos. Fica-se à espera do outro. Espera-se por uma declaração de amor e daí para menos. Um beijo, um abraço, um oi. Espera-se sempre.
E longe de ficar numa posição estática, os acometidos por tal patologia saem cometendo loucuras. Partem para o ataque! São capazes de ligar 19X em seguida, enviar incontáveis torpedos, estar arrependido disso tudo depois de segundos, mas resolver bisbilhotar por todos os meios possíveis algumas notícias do outro.
Mas como “para todo mal há cura”, com a paixão não é diferente. Apresenta possibilidade de curas diversas. De uma maneira sofrida, cura-se de uma paixão não correspondida. Para alguns a espera é de meses, anos para ver se livre da patologia... É preciso ótima saúde emocional para livrar-se da paixão com rapidez. Há também um antídoto infalível: uma nova paixão. Muda-se o foco, mas os sintomas persistem muito parecidos.
Mas a cura mais eficaz, aquela que todo apaixonado almeja alcançar é a obtida por doses homeopáticas do outro. Quando bem administrado esse tratamento pode fazer com que o quadro evolua para amor, “ferida que dói e não se sente, um contentamento descontente”. Descontente? Não para os apaixonados “curados”.   

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A verdade é que não tem como deixar pra trás. Não há como evitar. Não é o lugar, não é o cheiro, não é a música. É a lembrança. A lembrança que fica latente, atormentando. A lembrança que a toda hora me faz lembrar que um dia foi assim, tão bom. E que não será jamais. Nunca mais.

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