Para que serve a utopia?

"A Utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se eu caminho dez passos, ela se distanciará dez passos. Quanto mais a procure, menos a encontrarei. Qual sua utilidade, então? A utopia serve para isso, para caminhar!"
Fernando Birri (diretor de cinema)
http://www.youtube.com/watch?v=Z3A9NybYZj8

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

José Lenin



Quando naquele 2 de abril eu fui te adotar, Lenin, e tão logo você se levantou na caixinha, se destacando dos seus irmãozinhos gatos, peguei você no colo e não larguei mais. Nunca te disse isso, mas não larguei por vergonha da minha covardia. Naquele hora senti um medo tão grande que tomou conta de mim. Olhava pra você, ainda tão pequeno e frágil, com miado baixinho e pensava se seria capaz de cuidá-lo bem. Fico pensando se isso foi presságio da angústia de agora.

O tempo foi passando, você foi crescendo e o medo passando. Parecíamos uma duplinha perfeita no nosso lar doce lar que você enchia de pelinhos e brinquedos por todos os cantos. Não foi difícil te alimentar, dar água fresca, abrir a torneira quando você queria beber água corrente e até mesmo dar os remédio que você precisou. Até dia 26, a maior angústia tinha sido a espera durante a sua castração, mas logo veio o alívio de vê-lo acordando bem e estar 110% no dia seguinte, subindo por tudo e pulando por cima de mim.

Eu não conhecia muito os gatos. Não sabia q você roeria meus fones de ouvido, carregadores e arrancaria todas as borrachinhas que tampam os parafusos da minha escrivaninha. Não sabia que você tentaria beber água do vaso sanitário, que ia miar pra pedir um pouquinho de requeijão na colher e querer lamber a lata de cerveja toda vez que eu pegasse uma latinha. Você era mesmo parça! Não sabia que, oposto ao que todos dizem, seria tão apegado a mim, estando sempre à minha espera na porta, não importava o tempo que eu tivesse ficado fora, me acordando de manhã com miadinhos suaves, me amassando como um pãozinho (ou nem tão inho assim), ficando nos meus pés enquanto eu escrevia a fórceps a tese de doutorado e ficando na pia ou no vaso sanitário a me observar enquanto eu tomava banho. Depois de você eu não morava mais sozinha, tínhamos um lar!


Até que na última terça feira, dia 26, você decidiu dar um rolê – meu amor por você, Lenin, te queria livre também, jamais considerei deixa-lo aprisionado em um micro ap. sem poder ter contato direto com o sol ou com a natureza – mas dessa vez o rolê se estendeu. Até agora você não voltou e o meu coração está tão apertado que parece que vai explodir a qualquer momento. A angústia da espera e do não saber se você comeu, se está machucado, se tomou água... Mais um desses silêncios ensurdecedores pelo barulho perturbador que fazem dentro do coração.

Lenito pequetito, vc me fez tão feliz!!! E quero ser grata apenas por ao menos já ter vivido esses 6 meses de descobertas e alegrias com você. E não vou me despedir por ora. No meu coração e aqui em casa sempre terá seu espaço para se você puder e quiser voltar!!! Mas tudo o que eu mais quero é q você volte, de qualquer jeito, pra eu te encher de amor e comidinhas gostosas! Vou seguir te esperando, com a porta e o coração escancarados, e ainda que não seja nessa vida, qualquer dia desses eu volto a te encontrar...


sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Resposta a Ana Paula Henkel

Ana Paula, já torci tanto por você. Já vibrei por seus pontos e conquistas na quadra de vôlei, mas agora tem sido difícil. Sim, eu preciso trabalhar mais a minha tolerância também, mas penso que seria negligência da minha parte ser tolerante com a desonestidade intelectual que você usa a sua coluna “Ultraconservadores do mundo, uni-vos!”. 



Concordo que há muitos “engajados”, como você mesma nomeia, que praticam da mesma intolerância que criticam. Problemas dessa polarização que nos metemos e que precisamos superar com debates sadios e qualificados, nos quais argumentos sejam mais importantes que adjetivações. 

Sim, eu entendi a ironia no seu texto. Ironia que você usa, repito, com muita desonestidade intelectual. Para começar, você como tem se mostrado muito bem informada sobre os temais do debate, deve saber que “homossexualismo” é palavra em desuso porque o “ismo” se refere a ideologias e patologias, o que não representa a homossexualidade que, ponto comum na ciência, não é doença. 

Outro ponto que me intrigou é saber de onde você tirou essa tal “ideologia da data de nascimento”? De novo, sim eu entendi a ironia e a analogia, mas de novo, Ana Paula, você demonstra um grande desconhecimento sobre as pesquisas da área ao buscar a analogia com a Ideologia de gênero, coisa que não existe. Existem estudos sobre gênero, essa construção social que nos impõe em papeis sociais simplesmente por nascermos com vagina ou pênis. Essa construção social que mata em média 2 mulheres por dia por homens que se sentem seus donos – coisas do machismo. Bom, mas voltando ao seu texto, você usa da sua analogia de forma tão desonesta, imputando a quem te critica uma verdade que não existe. A ideia de defender os direitos da criança é uma forte bandeira de quem estuda gênero, por exemplo, olha só! Aliás, esse mesmo povo que você critica, é contra a redução da maioridade penal, por acreditar que não é enjaulando seres humanos, ainda em fase de desenvolvimento que resolveremos o problema da violência. Gostaria também de saber qual seu engajamento em casos de pedofilia nas igrejas e templos? Você pede para fechar também? Boicota? Talvez – hipótese – fosse sobre isso que os jacobinos, esses que você critica, falavam. 

Num outro ponto concordamos: a exposição poderia ter uma indicação etária. Proposta defendida pela Manuela D’Ávila, deputada estadual pelo PCdoB, esse partido de gentalha de esquerda, sabe? Não vou entrar no mérito sobre o que é arte ou não. Não me sinto habilitada para tal. Mas, por enquanto, sei que a minha liberdade me permite ver ou não ver uma exposição. Gostar ou não gostar, mas nem por isso impedir toda uma sociedade de que veja ou não algo a partir do meu gosto, pessoal. O mundo gira além do nosso umbiguinho, não é mesmo? 



Por fim, adoraria poder ver o socialismo que você diz que começa com a socialização dos filhos – ironia, eu sei!!! – mas o que tá rolando mesmo, Ana Paula, é socialização da censura, professores que estudaram anos e anos para ensinar e explicar fatos históricos, construções políticas e ideológicas – esta palavra assustadora que parece coisa da esquerda, mas que apenas significa conjunto de crenças, valores e culturas – estão sendo chamados de doutrinadores, enquanto Alexandre Frota, Zezé de Camargo e militares são as vozes a ditar sobre educação, política e sociedade.

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Quando um homem estupra uma mulher, ele estupra, ainda que emocionalmente, muitas mulheres ao seu redor. A cada novo caso o sobressalto: podia ser eu! Essa sensação se amplia drasticamente quando o agressor é um amigo, o cara do rolê, aquele com quem você dividiu confidências, aquele que você acolheu no machismo que ele buscava desconstruir; aquele em quem você acreditou que poderia confiar para empenhar a luta por um mundo melhor.
Quando um homem estupra uma mulher, ele fere muitas outras. Ele mostra que estamos ainda mais vulneráveis do que acreditávamos estar. Ele mostra que o discurso de desconstruidão feminista não nos garante segurança, não nos garante nada.
Quando um amigo estupra uma mulher, ele coloca o nosso feminismo à prova. Ele nos joga na cara a complexidade das ideologias e dos coletivos.
Quando um homem, um amigo, estupra uma mulher ele nos mostra que o feminismo é necessário e precisa, antes de tudo, ser uma união de mulheres, de nós por nós, porque nos enfia goela a baixo o gosto amargo de saber, de fato, que "todo homem é um estuprador em potencial".

domingo, 13 de agosto de 2017

Carta ao meu pai



Mais um dia dos pais e você não está aqui.

É bem verdade o que dizem, que a gente se dá conta do valor dos pais quando eles faltam. Hoje o medo de perder a mamãe me dá calafrios e é algo sobre o que não quero pensar. Já fez 12 anos que você se foi, da maneira mais estúpida que alguém pode deixar esse planetinha confuso, e quando penso nisso ainda parece que foi mentira, só um pesadelo, mas a realidade da sua ausência me sacode pra dizer que foi tudo verdade.

Eu mudei muito desde aquele dia. Eu me formei, trabalhei como professora, construí ideologias que são minha base e continuo estudando. Algumas dessas ideologias vão ao encontro do que você dizia e que, à época, eu achava um absurdo, sobre como, por exemplo, a igreja é só uma forma de controlar as massas, outras que talvez discordássemos, como os estudantes no fundo querem sim aprender, mas a escola é que não atende mais a necessidade de uma nova juventude que no Século XXI não quer mais se enfileirar atrás de nucas, como se fazia no século XIX.

Acho que no fundo, apesar das discordâncias que teríamos, você estaria orgulhoso de mim. Porque seus valores também fazem parte do que sou hoje e agora sou capaz de entender as suas falhas e deslizes pelas quais tanto brigamos. Não concordo ainda, mas entendo. Será que conversaríamos sobre tudo isso? Sobre amor e traição, política e corrupção, a escola e esse sucateamento da educação?

Tantas perguntas que ficarão sem respostas. Mas aos poucos, bem aos poucos mesmo, vou revisitando tudo com cuidado, buscando as respostas possíveis e guardando as perguntas para o dia em que puderem ser respondidas.

Para você, Pai, que, longe do herói das histórias maniqueístas, foi meu pai real, cheio de defeito, mas como tantos pais, um lutador cheio de qualidades também, que acreditava que precisava me dar tudo que não teve, e assim o fez. Feliz dia dos pais!


sábado, 29 de julho de 2017

Meu pai preto, meu privilégio branco


Diferente de muita gente, eu me descobri branca. Desde que me conheço por gente eu me declarava como parda. Isso porque lá nos idos da minha 2ª série do então primário eu aprendi aquelas equações raciais: preto + branco = pardo ou mulato (expressão que bem mais tarde fui descobrir o horror que carrega!). Meu pai é preto, minha mãe é branca, sou parda, defini. E assim foi até quase os quase 30, quando me disseram branca de forma mais enfática.

À época eu não tinha a menor aproximação acadêmica com as questões raciais, mas o mundo racializado, queiramos ou não falar de raça, sempre fez parte da minha vida. Era comum ouvir na infância do lado branco da família expressões racistas, muitas vezes em forma de piadinha e as vezes direcionadas ao meu pai, “mas era só jeito de dizer”, era o que eu ouvia também, afinal, no Brasil, ninguém é racista, embora saibamos haver racismo, não é mesmo?

Como o racismo carrega consigo quase que imbricadamente a questão de classe, ao ir para o Ensino médio em uma escola particular, e aí está o meu primeiro grande privilégio branco, ainda que sendo bolsista, diferente da escola anterior, eu era a menina mais próxima de negra na sala. Ainda assim, reconheço meu privilégio porque, embora meus pais suassem muito pra pagar a escola particular, tinham famílias suando muito pra conseguir se alimentar, pra não morrer de fome. Realidade que faz parte da geração dos meus pais, não da minha. Mas junto com o privilégio branco, vem a realidade te mostrar que você não faz parte, de fato, daquele mundo: era comum um professor humilhar os alunos dizendo que tinham “letra de pedreiro”. Até que um dia eu falei, meu pai é pedreiro, professor, ao que ele me respondeu: seu pai não é pedreiro, Mirian, ele deve no mínimo ser mestre de obras ou você não estaria nessa escola. Calei.

Não me declarava parda porque “estava na moda ser preto”, até porque essa ““moda”” é recente, fruto da luta do movimento negro que teve que gritar por séculos para começar a ser ouvido e ter suas pautas valorizadas. Mas há mais de vinte anos, quando era criança, o racismo era mais explícito e desavergonhado. Ninguém jamais questionou ou repreendeu o racismo de quem me zoava por causa do meu “cabelo ruim”, do qual “miojo” foi o apelido mais “carinhoso” que recebi nos anos escolares. “Você nunca pensou em alisar?” era a frase me dita, vinha antes de um oi, muitas vezes.

E fora o fato do meu pai ser pedreiro e ter sido assassinado justamente quando estava erguendo o muro de uma casa de praia de um amigo – branco – que temia a segurança, em um assalto à casa que terminou mal, o racismo estrutural praticamente não me afetou. Até porque isso, dirão os mais perversos, não teve nada a ver com raça, seria do mesmo jeito se meu pai fosse um bancário engravatado. É que ele não era. Era pedreiro, como muitos homens pretos são. “Coisas do acaso”.

Talvez o fato de eu me descobrir branca tenha a ver exatamente com o distanciamento acadêmico que tinha das questões raciais. Porque eu não me autodeclarava parda por uma questão política, como faço agora, mas por uma equação desastrosa ensinada às crianças e que representa a perversa política de embranquecimento, utilizada para “acabar com o mal negro” do Brasil, política da qual eu sou resultado.

Sou tão resultado que é o lugar em que muitos querem me colocar, e eu não deveria me incomodar, afinal, ser branca é ter privilégios, questão que não nego e nem poderia a não ser com muita desonestidade. Porque eu sei que muito provavelmente jamais serei seguida numa loja do shopping; e os meus cachos, embora tenha levado muito tempo a gostar deles, são vistos como “cabelinho de anjo” pelos mais dóceis.

Tenho ainda um referencial branco que é simplesmente extraordinário, a quem só posso sentir orgulho: minha mãe, mulher guerreira, que enfrentou todas as perversidades que a vida colocou em seu caminho com uma força e doçura que fazem dela meu exemplo a seguir na busca de ser um pouquinho melhor por dia.

Apesar disso, não consigo me declarar branca e negar uma parte do que sou. Como poderia me declarar branca com o rosto do meu pai preto estampado em todas as minhas recordações? Eu não deveria mesmo me incomodar de negarem a minha paternidade porque meu fenótipo é claro? Não deveria me incomodar em ter apagada da minha história tudo o que meu pai representa na minha vida?
Meu pai, eu e a Pepita

Meu pai, minha mãe, o padre e eu na minha 1ª comunhão


A minha escolha em não me declarar branca é política, é porque não comungo com a política de embranquecimento iniciada no século XIX e que, ainda que de forma silenciosa se perpetua até os dias atuais. Porque não vou negar minha ancestralidade. Mas nem por isso, vou deixar de enxergar os privilégios que tive e tenho, nem deixar de estar vigilante com a irmã negra mais retinta que, com certeza, foi e é vítima de um racismo que eu tenho o privilégio de desconhecer.

Sei que não estou sozinha nessa, encontrar outros relatos, como da Aline Dias, ajuda-me nessa busca de encontrar meu lugar nesse mundo e fazer parte dessa batalha diária que é a luta contra o racismo, sem com isso, tirar o lugar de ninguém. Eu estou aqui pra somar, não pra subtrair. 

domingo, 23 de julho de 2017

Merlí


Um seriado espanhol que encontrei por acaso no Netflix. Já havia ouvido falar e decidi me aventurar por novos 13 capítulos sobre esta história de um professor de filosofia. Merlí, além do nome do seriado, é também o nome de um excêntrico professor de um Instituto Secundário em Barcelona.


Foi um amor que durou uma semana e já me deixou aquele sentimento de luto pós-moderno, desses que a gente sente ao se despedir, ao menos por um tempo, de um seriado que te faz perder horas em frente a TV. Diferente da paixão, é desses amores que vai crescendo a cada novo encontro e descoberta, até se perceber completamente envolvida.

No Netflix você encontrará a seguinte descrição sobre a série: “Um professor de Filosofia do Ensino Médio causa confusão por onde passa e serve de inspiração para todos os seus alunos, inclusive seu filho homossexual”. Eu diria que é isso também, mas é mais, bem mais! 

Merlí é desses professores que acreditam nos estudantes, que sabe que ser professor só faz sentido se for para e pelos estudantes. Sim, Merlí é um idealista, mas longe do clichê professor certinho sofredor que ronda as histórias de professores idealistas. Ao contrário, ele não faz questão de agradar na sala dos professores, tem uma verdade crua que assusta e irrita um mundo acostumado a aparências hipócritas e está longe de ser politicamente correto. Assim, foge totalmente às regras maniqueístas que insistem em rondar as histórias de ficção. O professor tem a doçura necessária e o sarcasmo ardido de quem sabe incomodar pela prepotência em saber ser o melhor professor, sem negligenciar o seu papel como tal.

Merlí encara seus alunos como pessoas prontas, capazes de refletir e tomar decisões e não como peças de uma engrenagem maior. Merlí é dos professores que fazem os alunos ter tesão. No entanto, como personagem complexa que é, o professor apresenta também suas contradições: o difícil relacionamento com seu filho (e aluno!) homossexual e seu fraco por mulheres, que não o impedem de se envolver com uma professora e, em seguida, com a(s) mãe(s) de seus aluno(s). Spoiler, excusa! 😁

A série apresenta ainda os dramas adolescentes: paixões não correspondidas; o difícil relacionamento entre pais, mães e seus filhos e filhas; sexualidade; drogas; amizade; machismo e liberdade sexual. Tudo isso regado a uma dose de filosofia: em cada capítulo, Merlí apresenta um filósofo para dialogar com os dilemas que vão surgindo. A primeira temporada começou com Aristóteles e “Os peripatéticos” (forma que o professor passa a chamar seus estudantes) e terminou com Nietzsche. Como não amar?

Se nada disso te convenceu, o seriado é ótimo pra fugir do imperialismo da língua inglesa e treinar o catalão... 😉

No Netflix está disponível apenas a primeira temporada, mas a segunda já foi rodada e está confirmada a 3ª temporada! A trilha sonora é um desfrute a parte também! 

#Fica@Dica

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Vocês não gostam de meritocracia - editado



Vocês não gostam de meritocracia de verdade. Meritocracia é só um jeito fácil – e falacioso – que vocês inventaram para justificar desigualdade social e aliviar a culpa cristã.

Se vocês acreditassem mesmo em meritocracia, estaria todo mundo na escola pública. Basta se esforçar, não é mesmo? Curso de inglês, francês, espanhol, mandarim? Não precisa. Esforcemo-nos todos com o que nos é oferecido na escola pública!

Mas não, vocês querem o apartheid educacional. A educação para quem pode pagar e a pública. Aí, quando o estudante de escola pública e/ou negro entra na universidade pelas cotas, vocês ignoram o mérito e partem logo pras adjetivações baratas: ele é vagabundo, folgado, não precisou estudar. Vocês ignoram que, mesmo com as cotas, é preciso estar entre os melhores estudantes para conseguir uma vaga na universidade pública. Cotista não se matricula sem fazer a mesma prova a que todos são submetidos para provar que “merece”, que se esforçou suficientemente para estar ali. O que acontece é que ele é avaliado junto às pessoas que tiveram as mesmas condições de vida/estudo que ele. Mas, né, onde já se viu """tirar""" a vaga de quem "se esforçou" tanto no colégio particular e que, ao invés de trabalhar, fazia aulas de inglês, francês, espanhol e alemão?!?

Vocês acham lindo prefeito empresário, cheio de processos, mas condenam o homem que, depois de 2 mandatos como presidente, sai com 85% de aprovação do seu governo. Foi tudo falcatrua, né? A saída do Brasil do mapa da fome, as novas universidades, pré-sal, energia, água, aumento real do salário mínimo... Quem aplaude esse homem é corrupto. Onde já se viu, homem simples, com 4º ano primário ter feito mais pelo Brasil que qualquer outro presidente? Ter reconhecimento e prêmios de diversas nações. E ainda diz que quer voltar pelo voto democrático?!? Não merece. Que seja feita a santa inquisição! Mesmo sem provas, ele já foi condenado por um juri popular raivoso que segue indiferente às falcatruas de um governo ilegítimo, sem mérito.

Vocês não gostam de meritocracia. Vocês gostam de manter o status quo. Vocês gostam dos ricos ocupando os lugares que sempre ocuparam. De pobres continuando pobres, porque não se esforçam, né?!?, e assim seguem suas vidas de pagadores de dízimos e ofertas até alcançarem o céu, afinal, vocês merecem, não é mesmo?


sexta-feira, 31 de março de 2017

De quando eu conheci a Europa: Portugal


Portugal foi o país em que passei por duas cidades. Já tinha caminhado por Lisboa antes e depois de Cabo Verde e agora era a vez de conhecer um pouquinho, bem pouquinho, de Porto!
Desembarquei em Porto por volta das 10 horas do dia 17 de janeiro. Eu tinha 10 horas pra curtir um pouco da cidade até o meu próximo voo... Guardei as malas no aeroporto, metrô e lá estava eu num centro com ruinhas em que andei meio sem rumo só contemplando.









Porto foi uma grata surpresa de paisagens lindas, mas que preciso voltar para poder contar um pouco mais...

Difícil foi chegar em Lisboa, ou melhor no Hostel de Lisboa. Celular sem bateria e eu com apenas o nome do Hostel. Foram horas - e não é uma hipérbole! - de caminhadas e por um certo momento, de um desespero após caminhar pelo Bairro Alto - que não tem esse nome à toa - por horas com mala e mochila, andando em círculos, ou não, subindo e descendo ladeiras e a certeza, horas depois, de que ficaria perdida ali para sempre e viraria lenda. "tá vendo aquela senhora puxando a mala rasgada? Dizem que chegou aqui ainda jovem, se perdeu e nunca mais saiu daqui. Desde então roda pelo bairro..." Depois de duas horas - e, repito, não é uma hipérbole! - e várias gentilezas pelo caminho, encontrei o Hostel. Parecia milagre! Eu putíssima, mas grata por ter, finalmente chegado. Estava, finalmente, no meu último destino.

No outro dia pela manhã, até tentei sair sozinha, mas desisti daquele bairro, o verdadeiro mundo de Nárnia, não sei se crianças viram reis e rainhas, mas que se corre o risco de ficar ali pra sempre, isso corre!

Juntei-me à turma pra não largar mais. Não sairia de perto do Rafa - nossa Branca de Neve! - nunca mais! Andamos meio com rumo sem rumo num dia de comida boa, risadas de quem sabe que bom mesmo é aproveitar o caminho!


O verdadeiro bacalhau português, com vinho!!! 







Depois desse pôr do sol lindo, regado a uma cerveja vermelha, fomos para o Hostel onde encaramos uma caça aos patos que nos presenteou com tequila para aquecer a noite. Uma noite que deveria ser de vinho e fado, sussa.
Teve caça aos patos!


Porque eu adoro fotos espontâneas



Mas como tequila (e mais uns litros de caipirinha de vodka preta) é uma bebida que cobra caro, não teve fado. A noite rolou mesmo num barzinho cool que começou tocando Daniela mercury, com velinhas na mesa e amendoin free, onde conhecemos um casal de primos brasileiros (ele mora na Alemanha) e depois de umas caipirinhas, estávamos todos em pé curtindo a noite mais maluca da viagem... E era só pra ser um fado com vinho, sussa...


No outro dia era só história - muitas! - risadas e ressaca das bravas. Mas era o último dia em terras estrangeiras. Arrumei forças uterinas e fomos a Cascais onde nos demos o luxo de uma comida indiana das boas! Do mais, um passeio meio devagar, sem pique até mesmo para muitas fotos. Também não teve foto dos pasteizinhos de Belém - que são, de fato, uma delícia! Mas há lembranças, muitas, dessa viagem que me transformou de uma maneira que talvez eu ainda não tenha a noção exata.




Valeu a pena cada segundo. eu não faria nada diferente. Até as subidas e descidas no morro alto, sozinha, de madrugada, são histórias que guardo no ❤ com carinho, alegria e gratidão por ter tido o privilégio de viver.

De Cabo Verde à Europa, foram 3 meses longe de casa, conhecendo gente nova, arriscando conversar numa nova língua, vendo a cada momento coisas pela primeira vez e me encantando, me renovando e tendo a certeza de que eu nunca mais seria a mesma. Deixei um pedacinho de mim em cada lugar por onde passei e levo muito de cada coisa que vi por cada lugar em que estive: Praia, Tarrafal, Lisboa, Paris, Londres, Roma, Barcelona, Porto e Lisboa... foram dias incríveis!
Incríveis no sentido mais original da palavra, porque eu agora olhos para as fotos e parece mentira, mas o coração sabe que foi verdade, e que valeu a pena! ❤

As fotos nas estações de trem/metro ❤


quarta-feira, 15 de março de 2017

De quando eu conheci a Europa - Barcelona

Barcelona, mi amor! 💛

E já faz quase dois meses que aterrissei de volta em terras brasileiras. Olho as fotos e ainda não posso acreditar no privilégio que foi conhecer 6 países em 3 meses... Voltar à vida real é caminho difícil ao se deparar com os problemas, a vida a se resolver e as fotos trazem de volta o sonho vivido num sopetão de felicidade.

 
Chegando... 

Barcelona (Espanha) foi a maior surpresa da viagem. Eu que, na minha ignorância, não esperava nada, fiquei deslumbrada com a cidade que encanta com seus prédios históricos em meio a uma cidade cosmopolita, parques, basílicas - a sagrada família! - e ainda tem praia! Ah, o mediterrâneo! ♡ Como não amar?!?
Paella, com vinho branco! - o primeiro jantar 

Foi em Barcelona que eu me perdi às 2h da manhã após vinhos e muita conversa boa com a Linn - a carioca de Roma! Caminhei em direção oposta ao hostel, certa de que sabia o que estava fazendo, lógico, e quando me dei conta que estava do outro lado, só me distanciando do hostel cada vez mais, pensei ser mais esperto ir de metrô. Mas qual linha? Qual direção? Devo ter entrado nuns 4 ou 5 trens, rodado a cidade, e foi na tentativa e erro que encontrei meu hostel. Ufa! 


Dia seguinte foi de conhecer, sem muita expectativa, a Basílica Sagrada Família... Minha deusa!!!! O que é essa construção?!? Das obras arquitetônicas mais incríveis que já vi! Detalhes e uma grandiosidade impossível de serem descritas. Linda! Linda! Linda! Tudo pela bagatela de 16 euros com carteirinha de estudante! ;)

Frente da Basílica Sagrada Família

Dentro da Basília, olha o teto!!! 

Atrás da Basílica 


Google Maps em mãos e caminhei até o Arco do Triunfo. Ali pertinho mesmo comi uma comida árabe beeem gostosa e a preço justo. Saladinha, falafael e anéis de lula... Nham!!!


Eu tinha só dois dias para rodar e conhecer o máximo possível de Barcalona, então foi caminhada que não tive fim... Passei o arco do triunfo e, sem querer, encontrei o "Parc de La Ciutadella". Era domingo e estava cheio de jovens aproveitando o dia lindo de céu azul das mais diversas maneiras: malabaris, violão, pic nics... Passeio com dogs, famílias... Barcelona foi um lugar onde vi muita gente com cachorro! Como não amar?

Parc de La Ciutadela - meu cabelo estava sempre ótimo! rs



Sim, eu subi no mamute! Não sem a ajuda de um cavaleiro que me viu tentar - sem sucesso - sentar na tromba do mamute (o que apenas as crianças faziam, pois eram colocadas por seus pais). Já havia pedido a foto para um casal simpático e o homem não exitou em me ajudar - me jogando pra cima da tromba como um pesado saco de batatas - eu tentei declinar da ideia, mas ele insistiu já me pegando pelas pernas... Só me restou curtir e sorrir pra foto! Clic!


Parece uma mistura de repolho com alface crespa, mas é uma flor, linda! 
 Segui na caminhada após contemplar todo o Parque, sim eu teria ficado mais tempo lá. Estava sozinha, mas era bom contemplar as pessoas, as músicas diversas que ecoavam dos grupos diversos, os cachorros com seus donos... Mas como o fim do papel higiênico, a viagem estava chegando no fim cada vez mais rápido e eu queria aproveitar cada segundo. Acabei no Museu do Picasso, onde encarei uma fila de mais de 1 hora porque aos domingo a entrada é FREE. Antes de saber que nada poderia ser fotografado (até a Monalisa pode ser fotografada, gente!!) consegui a façanha de fotografas essa escultura de Jacques Lipchitz.


 Já cansada de tanta pintura (sinto em dizer que as artes plásticas, não são o meu forte, embora ame as esculturas populares, africanas e as namoradeiras baianas!) segui para o Bairro Gótico e me deparei com a Catedral de Barcelona. Pena meu celular (saudades) não fazer fotos bacanas no escuro...

Catedral de Barcelona

Neste dia ainda tentei encontrar o mar, mas comecei a me perder em uns bairros desertos, e, já cansada, desisti. Decidi que deixaria o mar para o dia seguinte. Terminei o dia com o melhor hambúrguer com batata rústica e cerveja artesanal da vida!

Bacoa Little - melhor hambúrguer!!! 
Comecei o dia seguinte com o Parc Gwell onde também há algumas construções do Gaudi (A Sagrada Família é uma obra do Gaudi!) e tem uma vista linda!! Foi lá que conheci a Cássia, uma portuguesa que me deu dicas sobre o que fazer na breve passagem que faria por Porto (Portugal).



LA Salamandra

Parc Guell

Eu e a Cássia


Morro das Três Cruzes
 Depois do Parc, metrô, mais um pouco de caminhada, e a praia!!!!! Sim, eu já pise no mar mediterrâneio, literalmente! ❤

La Barceloneta ❤



Sim, eu pisei no mar mediterrâneo, de bota e tudo! ❤


Torre Agbar
 O último dia foi assim: caminhei, caminhei, caminhei... Perdi tempo nuns caminhos que foram do nada a lugar nenhum, encontrei uma loja com coisas fofas, que tem uma vaca em tamanho natural na porta, onde passei mais tempo que devia e comprei anel, brinco, pulseira e brinquedinho pras sobrinhas. Andei pela Las Ramblas, a avenida famosa por concentrar muitos artistas de rua, restaurantes e lojinhas de souvenir. Subi, desci, fiquei sem rumo, só apreciando, grata por tudo que estava vivendo... Ansiosa pro próximo destino, mas também querendo que o tempo perdesse a pressa um pouco e demorasse a passar, muito, pois eu estava há só há 4 dias de embarcar de volta pro Brasil e se um lado era saudade da vida brasileira, o outro era nostalgia por tudo que já tinha vivido e ainda não queria me despedir - ansiedalgia...

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