Para que serve a utopia?

"A Utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se eu caminho dez passos, ela se distanciará dez passos. Quanto mais a procure, menos a encontrarei. Qual sua utilidade, então? A utopia serve para isso, para caminhar!"
Fernando Birri (diretor de cinema)
http://www.youtube.com/watch?v=Z3A9NybYZj8

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

7 dias para o fim do mundo


Então é natal. Então eu sou mestra. E 2012 passou quase que, num piscar de olhos, E entre o fechar e abrir das pálpebras, quanta coisa!

Conheci uma Ilha, fiz 28. Viagem longa de ônibus, pé inchado e carnaval na cidade maravilhosa, cheia de encantos mil. Viagem de ônibus. Ônibus quebrado. Ônibus pra longe, nunca mais. Avião sempre! Adoro avião.

Deus segundo Spinozza.

Docência, paixão. Aprendi, dancei, beijei, só que não tanto quanto gostaria. Novos amigos, parceria, delícias da vida! Velhos amigos, presentes da vida!

Férias. Búzios! Cidade encantadora e o importante é sempre zelar pela segurança! Fui ver com meus próprios olhos que o Rio de Janeiro continua lindo!!!

Mestrado. Defesa. Nem nos meus melhores sonhos poderia ter sido tão bom. Eu sou boa no que faço, sim! Professora Mestra Mírian, prazer!

De orientanda, a orientadora. Quanta responsabilidade! Aprendizado. Ética valores e cidadania na Escola. Professora da USP, sim. Mais que status, conforto pro coração. Há mais gente querendo uma educação diferente. Não estou sozinha. Ufaaa!!!

Projeto Madrinha. A Carol vai casar!!! Chá de cozinha. Meninas da Pedago juntas novamente. Praia, chuva e churros. Felicidade.

Namorado, só que não. Curtição. Muita. Cerveja, vodka e coxinhas. “Duas, por favor, com catupiry!” Pão de queijo. Bolo de chocolate e brigadeiro. Regime. Bicicleta e natação, de leve. Projeto réveillon na praia, o último réveillon solteiras. Amém.

Ousadia. Ousadiasss. O mundo vai acabar mesmo. Eu sei que não, mas vai quê...

Férias, só que não. EVC. Orientação. Correção. Revisão. Um pouquinho de estresse X y.

Otimismo. 2013 promete.

Projeto Doutorado a vista...

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

"Você não sabe o quanto eu caminhei pra chegar até aqui...

E há 25 dias da defesa da minha Dissertação de Mestrado publico, para quem tiver interesse, a minha história acadêmica e pessoal - Memorial Descritivo no mundo acadêmico. A história de como foi chegar até aqui... Como ao longo da minha vida essa história se construiu e hoje faz parte do que sou como pessoa e profissional.



   Contar a própria história depois que se perde a espontaneidade da infância é tarefa difícil. O esforço nas lignhas a seguir será para apresentar um pouco das minha trajetória profissional, dos meus projetos e das realizações, sem deixar de lado o sentido humano, a pessoa que há por trás de cada realização.
Costumo me descrever nas redes sociais com uma única frase: “Tenho alma de artista, sou um gênio sonhador e romântica[1]”. Mas apresentando-me por um lado profissional e mais objetivo, usaria apenas duas palavras: Pedagoga, idealista. No entanto, são duas palavras que carregam muitas histórias e é isso que contarei a seguir. A história de uma jovem ituana que, aos 20 anos, saiu da pequena cidade provinciana para cursar Pedagogia na Unicamp, ainda sem nem imaginar tudo o que estava para ver e viver.
 
  

A

 história desta Dissertação de Mestrado inicia-se muito antes do meu ingresso no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Unicamp. Ainda que na época eu nem desconfiasse, essa história inicia-se em 2005, quando comecei a atuar como estagiária na Comissão de Ensino de Graduação em Medicina. Mas o caminho até chegar à Unicamp tem muitas histórias que merecem ser contadas, pois fazem parte da pessoa que sou hoje.

Nasci em 1984 e apenas no ano de 1990 comecei a vida escolar quando, com seis anos, iniciei, com muito choro, minha trajetória escolar na Escola Municipal de Educação Infantil Prof. Mário Macedo. Concluído o que se chamava na época 3ª fase do pré, fui para a tão desejada “escola grande”, na qual eu teria minha irmã mais velha, Lilian, para compartilhar os medos de estar longe de casa. Em 1991 iniciei a primeira série do ensino fundamental na Escola Estadual de 1º e 2º graus Regente Feijó, onde aprendi a ler e escrever as primeiras palavras e a fazer as primeiras contas com a “Tia Regina”, professora querida das 1ª e 2ª séries. Permaneci nessa escola até a 3ª série quando mudei, com muita lamentação, para o Centro Educacional SESI de Itu, onde concluí o Ensino Fundamental em 1998.

No ano de 1999 iniciei o Ensino Médio no Colégio Guimarães Rosa (atualmente César Lattes), colégio particular que utilizava o material apostilado da rede Integral. O colégio na época era apenas focado no vestibular, como se não existisse nenhuma outra possibilidade após o ensino médio. Apesar da crítica, o sistema ajudou-me a focar na meta de cursar uma Universidade pública, ainda que eu não soubesse o por quê dessas “imposições”. Mesmo com esse desejo, foi apenas em 2001, já no terceiro ano do ensino médio, que realmente me dediquei aos estudos no intuito de encarar o temido vestibular.  O objetivo na época era o curso de Artes Cênicas. Foi nesse ano também que comecei a fazer cursos de teatro.

Apesar de ter passado para a segunda fase, não fui aprovada. E o teste de aptidão mostrou que eu precisaria de mais dedicação se desejasse mesmo seguir essa carreira. Um ano de cursinho, mais dedicação no teatro, e no fim de 2002 eu estava novamente prestando a prova da Unicamp para o curso de Artes Cênicas. Mais uma vez cheguei até a segunda fase, mas mais uma vez, não deu.

Lidar com a decepção nunca é fácil, e dessa vez, em especial, foi bastante difícil. Era 2003 e eu não estava na Universidade como muitos dos meus amigos, eu estava trabalhando em uma empresa, cinco dias por semana, quase nove horas por dia. O que mantinha meu entusiasmo na época eram o curso de inglês e os ensaios no grupo de teatro.

A rotina de uma empresa me dava cada dia mais a certeza de que esse não era o tipo de trabalho o qual eu desejava me dedicar e, portanto, perto das inscrições para o vestibular Unicamp 2004, repensei minha vida, os meus desejos e lembrei-me da época em que eu pensava no curso de Pedagogia e, sem grandes reflexões, confesso, inscrevi-me, mais uma vez, para fazer, mais uma vez a temida prova, mas dessa vez para o curso de Pedagogia.

Com as apostilas do cursinho do ano anterior, tentava rever um pouco das matérias nos horários livres e aos finais de semana e foi assim que cheguei até a segunda fase. Provas feitas, restava a expectativa em aguardar, mais uma vez, pelo resultado. Tamanha era a ansiedade ao esperar, pelo terceiro ano consecutivo, por isso. E como demorou a chegar esse dia. Lembro-me perfeitamente: estava no trabalho, era 04 de fevereiro de 2004, pouco mais de 16 horas, quando saiu a tão aguardada lista com os aprovados no vestibular da Unicamp. No meio de tantos nomes, dessa vez, o meu também estava lá. Eu finalmente havia conseguido! Pude dar adeus à vida em um emprego de assistente administrativo, que nada tinha a ver comigo, e finalmente seguir a vida universitária que eu tanto havia desejado nos últimos três anos.

Março de 2004 foi o início de tudo. A Unicamp era um mundo estranho. Siglas, caminhos confusos, pessoas estranhas... Um novo universo a desvendar. Foi já nas primeiras semanas, durante a calourada, que fiz algumas das amigas com as quais dividi as risadas, as lágrimas, as dificuldades, as festas, e as tantas coisas da vida universitária. Carol, Clíssia e Gabi, amizedes que, apesar das distâncias mantemos até hoje.

No final de 2004 comecei a trabalhar como bolsista SAE[2] na Escola Municipal de Educação Infantil Maria Célia Pereira que, na época, estava localizada dentro do campus da Unicamp. Ao final do ano surgiu a oportunidade de ser “efetivada” como estagiária[3] o que exigia que eu mudasse o curso para o período noturno. E assim o fiz. Ótima experiência, mas por outro lado eu deixava de lado algumas das vivências universitárias que eu considerava importante para a minha formação.

Assim, surgiu na Comissão de Ensino de Graduação do Curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp um processo seletivo para um estágio junto à assessora pedagógica e decidi me inscrever. Chegando ao final do processo, lembro-me até hoje do telefonema da Professora Angélica e dos acertos para a vaga. Eu havia conseguido! Na época eu não tinha uma ideia clara do que faria. Mas poderia voltar a estudar com a minha turma do período vespertino e ter uma nova experiência na área pedagógica. Encerrava assim o primeiro semestre de 2005: despedida da EMEI, expectativa para iniciar um novo estágio no segundo semestre.

Por uma estupidez da vida, ou, o que acredito mais, estupidez de uma sociedade com desigualdades sociais colossais, nas férias de julho, em uma viagem rápida para a Praia Grande perco meu pai para a violência em um assalto num sábado de manhã. O recomeço agora seria outro. Aprender a conviver com um medo mais latente e aprender a lidar com uma saudade que não teria fim nunca mais. As coisas eram mais fáceis estando em Campinas, confesso.

Em setembro inicio efetivamente as atividades na FCM[4]. No início era apenas uma maneira de ajudar a custear os gastos da vida universitária em Barão Geraldo. Com o tempo o interesse pela temática Educação médica foi crescendo. O primeiro grande ponto dessa história foi a minha participação no 44º COBEM[5] em Gramado no ano de 2006, quando apresentei o trabalho “Avaliação docente: indicativos que podem influenciar na relação professor-aluno”. Além da apresentação do trabalho, a exposição a tantas palestras, fóruns, mesas redondas e oficinas fez crescer ainda mais o interesse pela temática.

Mesmo feliz com o curso de Pedagogia, não abandonei alguns projetos relacionados ao teatro. Foi em 2006 que cursei três disciplinas no Instituto de Artes Cênicas e fiz também um curso livre de teatro no espaço Semente de Barão Geraldo, com direito a apresentação de peça no final do ano. Uma conquista pessoal.

Foi em 2006 que me envolvi também com a Comissão de formatura e assim, ampliei o círculo de amizades. Ser da comissão trouxe muitos desafios, mas trouxe também amigas, Marcela e Nádia, que junto àquelas do início do curso são mais do que colegas de faculdade, são amigas da vida.

Em 2007 inicia a nostalgia antecipada pelo último ano da faculdade. Foi um ano vivido intensamente e que parece ter passado em pouco tempo. No segundo semestre apresentei, no 45º Congresso Brasileiro de Educação Médica, o trabalho “Habilidades docentes e a relação professor-aluno na Educação Médica” que era também parte da minha monografia de Trabalho de Conclusão de Curso, orientada pela Assessora Pedagógica do Núcleo de Avaliação e Pesquisa em Educação médica da FCM, Dra. Silvia M. R. R. Passeri.

No dia 1º de Dezembro aconteceu o Baile de Formatura e depois dele iniciaram todas as despedidas: do apartamento dividido com as amigas; do estágio; da rotina com as amigas. Parecia uma vida vivida em quatro anos, e como era difícil dizer adeus para tudo isso.

Em 2008, consegui um contrato, financiado pelo Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde-Pró-Saúde, para orientação pedagógica na Faculdade de Medicina da PUC-Campinas. Os primeiros passos por lá não foram fáceis, mas foram de grandes lições e produções. Foram dois contratos neste ano e um aprendizado para toda a vida.

No intuito de dar continuidade aos estudos, já no primeiro semestre, procurei na Faculdade de Educação da Unicamp por disciplinas que me aproximassem do tema que eu tinha interesse em estudar e me deixassem um pouco mais próxima da vida universitária novamente. Foi quando encontrei a disciplina “Filosofia e Teoria do Currículo da Educação Superior” que vinha ao encontro dos meus interesses. O projeto de cursar o mestrado começou efetivamente ao cursar a disciplina em 2008, momento em que tive o prazer de conhecer a professora Elisabete Pereira que tão pronta e carinhosamente me autorizou a frequentar as aulas como aluna ouvinte.

Esse curso foi um divisor de águas em minha vida acadêmica. A Teoria da Educação Geral trouxe fundamentação a muitas das minhas indagações sobre a formação profissional que eu percebia não responder às necessidades sociais, mas que, até então, eu não sabia como articular em um projeto. Foi a partir de então que consegui desenvolver um projeto de pesquisa. A decepção foi saber que o GEPES[6], grupo coordenado pela professora Elisabete, no qual eu desejava ingressar como mestranda, não abriria vagas para novos mestrandos no processo seletivo para o ano letivo de 2009.

Pensei que essa seria uma oportunidade para conhecer novos grupos e, portanto, procurei conhecer melhor o PES[7]. Meu projeto, neste momento, tinha como objetivo analisar os elementos significativos durante a graduação do estudante de medicina que possibilita a sua formação e seu desenvolvimento como médico. Eu procurava entender de forma específica qual a motivação em tornar-se médicos dos estudantes; as influências dessa escolha; as principais dificuldades durante o curso; as expectativas diante da profissão; a ideia de “ser médico” entre ingressantes e estudantes do internato. O projeto foi aprovado, fui aprovada também na prova escrita, chegando até a entrevista, mas não fui selecionada.

A frustração foi grande. Muito. Um medo do futuro que se evidencia quando as coisas não saem como planejadas, principalmente quando se deseja tanto uma coisa. Mas depois de ter dado a tristeza o tempo que ela merecia, era hora de olhar para o futuro novamente.

Ano novo, vida nova, emprego novo. Comecei a ser professora polivalente de um 4º ano do Ensino Fundamental de uma Escola Particular. A experiência era gratificante, mas o incômodo com a inconsistência pedagógica fazia com que eu vivesse um conflito constante. Eu queria mais.

Voltei a estudar. Por indicação das professoras Elisabeth Mercuri e Soely Polydoro na entrevista do processo seletivo para o mestrado no ano anterior, procurei conhecer melhor o CEDESS[8] da Unifesp. As inscrições para o processo seletivo para o Curso de Especialização em Educação em Saúde estavam abertas e decidi que era hora de arriscar novamente. Dessa vez tudo deu certo. Em maio de 2009 iniciei o curso nutrida por novas expectativas!

O curso trouxe alegrias e decepções. Mas o saldo final é indiscutivelmente positivo. Fiz amizades que me enriqueceram como pessoa; conheci uma nova realidade acadêmica, ampliei os estudos na área de Educação em Saúde e ainda adquiri mais confiança para participar novamente do processo seletivo para o mestrado no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Unicamp.

No segundo semestre de 2009 fui chamada para o terceiro contrato na PUC-Campinas, trabalho que conciliei com a docência no Ensino Fundamental e com os estudos na pós-graduação. Os passos lá a essas alturas já estavam bem mais fáceis e prazerosos, e o resultado dos trabalhos realizados durante todo o período foram dois resumos enviados, aprovados e apresentados no 47º Congresso Brasileiro de Educação Médica. Um apresentado pela Profa. Maria Alice A. Garcia – “Potencialidades e fragilidades nas Avaliações do Curso”, e outro apresentado por mim – “Análise do Teste de Progresso: 2001 a 2008”.

Junto a isso estava em andamento o processo seletivo para o mestrado e desta vez eu concorria à vaga para mestranda no GEPES. Após toda a ansiedade de passar por um processo de quase seis meses que inclui avaliação do projeto, prova escrita e entrevista, veio a recompensa! No dia 17 de dezembro de 2009 eu estava, finalmente, aprovada.

Após um réveillon em Paraty cheio de histórias para contar, inicio 2010 com a vida renovada e decidida a dedicar-me exclusivamente ao mestrado. Dediquei-me às disciplinas e aproveitei para frequentar os tantos eventos que a Unicamp oferece quase que cotidianamente.

Encerrado o primeiro semestre, começam a surgir as primeiras dúvidas quanto ao Projeto de Pesquisa de Mestrado. Se passar pelo processo seletivo era difícil, decidir sobre o foco do projeto após cursar tantas disciplinas e ser exposta a tantas e interessantes novas ideias, era ainda mais. O projeto de ingresso parecia não atender mais a todos os meus interesses de estudo.

Em novembro finalizo o curso de especialização e apresento no Congresso Brasileiro de Educação Médica o trabalho de conclusão do curso – “Humanização no Ensino Médico: um estudo da literatura”, orientado pela Professora Doutora Sylvia Batista.

No Mestrado as incertezas continuavam. Foram muitas ideias que não prosperavam. Muitas lamentações, muitas conversas, muitas leituras e muita ansiedade! O primeiro ano do mestrado estava terminando e eu não tinha definido ainda um novo projeto para dedicar-me.

Já em 2011, o início da Pesquisa no Projeto Observatório da Educação (Edital Capes), aliado às minhas indagações sobre a formação dos professores proporcionadas pela prática em 2009, levou-me a refletir sobre como esse era um foco que eu também gostaria de dar atenção especial. Passei por um período de inúmeras tentativas de agregar em um único projeto, um objetivo que abarcasse a formação médica e a formação de professores de forma coerente.

Comecei a participar, também em 2011, do Grupo de Avaliação do ProFIS[9] no NEPP[10] e isto foi definitivo na configuração do meu novo Projeto de Pesquisa. Ao estudar um pouco sobre a avaliação de impacto, comecei a definir o trabalho que apresento hoje.

2011 foi também um ano marcado por mais uma perda irreparável. E como é difícil ter a certeza do nunca mais. Ainda assim, foi o ano em que profissionalmente, finalmente, as coisas começaram a surgir segundo o clichê “quando menos se espera, as coisas acontecem”. No segundo semestre fui convidada a assumir, no Colégio onde cursei o Ensino Médio, e estava no momento desenvolvendo um projeto extracurricular de autorregulação da aprendizagem, a disciplina “Ética e Cidadania” para o Ensino Fundamental II. Sem pensar e muito feliz, aceitei rapidamente. Um dia depois sou convidada a participar de uma seleção curricular para a tutoria da parte presencial do curso Ética, Valores e Cidadania na Escola. Fui selecionada!

O curso é oferecido pela USP no âmbito do Programa UNIVESP e tem como objetivo oferecer aos profissionais da Educação do Estado de São Paulo conhecimentos sobre ética na educação, sobre os processo de construção de valores socialmente desejáveis e seus reflexos para o desenvolvimento da cidadania ativa, além de oferecer acesso à pesquisa acadêmica sobre tais temáticas. Não poderia ser melhor e ter mais sentido com tudo que vinha realizando. O curso é semipresencial com encontros semanais obrigatórios para o desenvolvimento de projetos colaborativos, baseados nos princípios da Aprendizagem Baseada em Problemas e na realidade cotidiana das escolas. Os projetos são orientados pelos tutores dos pólos.

Assim, tornei-me tutora de uma das turmas do pólo Unicamp do curso de especialização em Ética, Valores e Cidadania na Escola e desde então sou professora de Ética e Cidadania de adolescentes que me instigam, encantam-me e fazem com que eu me apaixone a cada dia mais pela docência; e sou também tutora de professores-estudantes que me mostram que o idealismo não é “coisa de jovem idealista que ainda vai se decepcionar muito com a realidade profissional”, mas sim uma crença de quem acredita na Educação como forma de transformação social.

No COBEM de 2011 apresentei, na modalidade de Colóquio, o trabalho “Caminhos curriculares nos cursos médicos em 10 anos de DCNs” realizado com a Professora Elisabete Pereira.

Em 2012, qualificada[11], prossegui com a pesquisa do mestrado, conciliando-a com as minhas atividades de professora, tutora e pesquisadora no NEPP sobre o ProFIS. O trabalho no Núcleo resultou em uma publicação junto das pesquisadoras Ana Maria Carneiro[12] e Cibele Yahn de Andrade[13] do artigo “Formação interdisciplinar e inclusão social – o primeiro ano do ProFIS”.

Essas são as atividades que desempenho com muito prazer e orgulho e que, por um acaso da vida, completam-se entre si e a mim, auxiliam-me a ser o que hoje sou e me faz acreditar que a formação ética pode e deve ser vivenciada nas escolas em todo e qualquer nível de ensino. Que é a partir de uma formação mais humana, pautada na ética e com reflexão crítica que poderemos desenvolver uma sociedade mais justa e verdadeiramente democrática. São essas ideias que se refletem no trabalho “A formação universitária e o exercício profissional: a avaliação de médicos e pedagogos egressos da Unicamp” que agora apresento.



[1] Música “Lindo Balão Azul”, Grupo Balão Mágico.
[2] Bolsa trabalho do Serviço de Apoio ao Estudante (SAE)
[3] Diferente da Bolsa trabalho o programa de estágio não leva em consideração o perfil socioeconômico dos alunos e tem carga horária maior que o programa da Bolsa Trabalho SAE.
[4] Faculdade de Ciências Médicas
[5] Congresso Brasileiro de Educação Médica
[6] GEPES – Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Educação Superior
[7] PES – Psicologia da Educação Superior
[8] CEDESS – Centro de Desenvolvimento da Educação Superior em Saúde
[9] ProFIS – Programa de Formação Interdisciplinar da Unicamp
[10] NEPP – Núcleo de Estudos de Políticas Públicas
[11] O Exame da Qualificação do Mestrado aconteceu em novembro de 2011.
[12] Pesquisadora do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (NEPP) da Unicamp. Doutora em Política
Científica e Tecnológica e mestre em Sociologia pela Unicamp. Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Goiás. Coordenadora do Grupo de Estudos sobre Organização da Pesquisa e da Inovação (GEOPI/DPCT/Unicamp).
[13] Pesquisadora do NEPP. Doutoranda em Economia do Setor Público pelo Instituto de Economia da
Unicamp e graduada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp).

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Vontades...


Vontade de escrever sobre tanta coisa e o nada parece preencher o papel que nem existe mais na realidade de mídias eletrônicas. Vontade de divagar, escrever sobre tudo que transita na minha cabeça que não descansa nem ao mesmo enquanto dorme, mas o academicismo (argh!) tem me bloqueado e fico em busca das palavras perfeitas, que tenho cada vez mais certeza, inexistem. Vontade de debater sobre coisas que considero importante. Preguiça. Vontade de expor sentimentos e depois de escondê-los. Ambiguidades tantas. Vontades tantas. Escrever é a menor delas. Vontade de ganhar o mundo, mas ser só de uma pessoa. Vontade de viajar com as amigas e me comprometer com a felicidade. Vontades... Vontade de um mundo melhor... Vontade de pessoas mais tolerantes e menos levianas. Vontade de ser feliz, tanta. Vontade de conceber com tranquilidade que a felicidade não é um ser, mas um estar momentâneo. Vontade do passado e do futuro. Antagônica eu. Vontade de chocolates e brigadeiros que não engordem. Vontade de salto alto que não doa o pé. Vontades fúteis. Vontade de conversas engraçadas. Vontade de praia, pelo menos uma vez por mês. Vontade de errar menos e de tentar mais. Vontades acadêmicas. Vontades de menina. Vontades de mulher. Vontades...

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

SOBRE AS COTAS NAS FEDERAIS...


Na discussão das cotas raciais, muitos defenderam que a cota deveria ser social. Ok. Nas Federais será assim.
Agora reclamam que 50% é um "pouco demais"!!! Pouco demais pra quem?! Só se for para os alunos de escola particular, que ainda se consituem como MINORIA percentual, certo? Vocês estão é em vantagem ainda, classe média!

O incômodo dos privilegiados é GRAAANDEEE...

E a grande ironia está na justificativa de uns e outros que defendem uma educação pública de qualidade... O ideal, ÓBVIO.
Mas se querem MESMO isso, e se assim fosse, não teriam então que concorrer de igual pra igual com os "OUTROS 50%" que tanto os incomodam? E então?!?!

Já vi também dizerem, os privilegiados, que tem direito à Universidade porque pagam impostos. Ora, todos pagamos!!! E ninguém está tirando o seu direito a nada, apenas tentando deixar as possibilidades mais justas...


QUANDO A IGUALDADE NÃO É UMA REALIDADE, É A EQUIDADE QUE DEVE ENTRAR EM CENA E TOMAR CONTA DO SHOW!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Uma casa com jardim, dois filhos, um marido amoroso e um cachorro brincalhão. Assim, clichê e piegas, mas com flores amarelas e muito verde, por favor... pode ser pra viagem!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

DIÁRIO DE VIAGEM!


Segunda feira – 09/07/2012 – Vôo das 13h59 rumo ao Rio de Janeiro. Trajeto aeroporto – Copacabana R$12 no “frescão” e quase 1 hora de voltas pela cidade maravilhosa. Vista para o mar, ok! Procurar o hostel com duas malas, nada ok! Eu ainda vou comprar a mala de rodinhas!!! Hostel achado. A primeira impressão nem sempre é a que fica. Quarto apertadinho. Banheiro coletivo. Tudo bem, estamos no Rio!!!! Água de côco a beira mar. Frio. E os 40 graus não funcionam também em julho, é isso? Primeira lição: sempre leve mais que uma calça e uma malha fina. Sempre! Noite de segunda feira tranquila. 3 porções “lights” para 3 pessoas. Camarão, torresmo e cebola. Só para petiscar. Conversas na madrugada do hostel. O fato de ser tudo meio apertado facilita muito as amizades. Ou se faz amizade, ou se entra em guerra com alguém, como sou da paz, fiquei com as amizades.

Ainda no Rio, café a manhã estilo bandejão. Táxi. Ingresso comprado para subir o Corcovado – R$44, para mim que ainda sou uma estudante, R$22 – e uma espera de 2 horas! PF a R$10. Arroz, feijão preto, lóóóógico, macarrão e frango com quiabo. Good! Subida para o Corcovado, o frio já tinha me proporcionado uma bela dor de garganta, mas o samba ao vivo chegando láááá em cima levanta até defunto. Brasil!!! Lá em cima, palavras ñ descrevem. Uma das paisagens mais lindas que já vi na vida. Lindo. Lindo. Lindo! E gente de todo o mundo. Uma torre de babel. Depois, Pão de açúcar. Pôr-do-sol espetacular!!! Não consigo escolher entre Corcovado ou Pão de açúcar. No Pão de açúcar, uma subida que custa R$53, mas que no fim, vale a pena (apesar de eu achar meio exploração...). O frio estava acabando comigo. Farmácia, remédios. Hostel. Banho. E uma amizade conquistada de maneira bastante sútil, minha característica mais marcante. “VOCÊ É ARGENTINO?!?!” Não, ele ñ era e na verdade a camiseta era do Uruguai, mas ficou a amizade! E lá fomos para a Lapa. Boteco ao ar livre com os arcos da Lapa como cenário. Torre de chopp. Novos amigos. Papo bom. Táxi e uma proposta de casamento. Ainda estou pensando no assunto, Ralph. X-Burger de madrugada e um carioca maluco “na realidade”. A vida pode ser mais simples do que pensamos, classe média!

Quarta feira, arrumação, rodoviária e uma sonequinha gostosa rumo à Búzios. Cidade graciosa. A rodoviária é a rua. O Hostel fica a 5 minutos dali. Eu definitivamente vou comprar uma mala de rodinhas (depois dessa viagem, talvez em abril do ano que vem, quem sabe... rs). Check in e uma taxa de R$ 5 para internet??? NÃO! Rs. Almoço em grande estilo! Peixe, molho de camarão... praia! Pôr-do-sol. Sonequinha no hostel. Bata frita com cheddar e bacon, cervejinha, bar mexicano e depois uma micareta anos 90... rs.. bonzinho! Ah, estamos em Búzios, uma cidade que não sei mais se fica no Brasil ou na Argentina. Quantos argentinos!!!

O povo local me confunde, cada um indica uma praia e acabamos caminhando por vários 10 minutos até a praia da Ferradura. Lindinha. Sonequinha na praia. A-DO-RO! Pastel a R$4. Good! Era um mini pastel. Na rua das pedras, amizade com um buziano que nos levou para conhecer a cidade e indicou novas praias. A chuva com vento, raios e trovões impediu qualquer curtição maior que salgadinho chips, água e tv no quarto do hostel. Boa noite.

Passeio de barco a R$30 com open bar de refri e água. Frio. Vento e um dia que foi se fechando para o sol, mas Brasil e praia é sempre curtição. Almoço no subway a R$5,95. A noite, Festival Gastronômico! Nhoc de espinafre com molho de camarão e alho poró foi o meu preferido. Show das Mulheres de Chico! Muito bom!!! Pagode miado. Noite encerrada.

Manhã nublada. Caminhada até a praia. Cenários lindos. Fotos. O sol começa a se mostrar. Vem, seu lindo!!! E por que mesmo eu decidi não colocar a parte de baixo do biquíni? Dica número 2: na praia sempre saia com roupa de banho. SEMPRE. Sorte minha estar na cidade em que as lojas são de fábrica e os biquínis são baratos. R$15 a menos no bolso e problema resolvido. Praias lindas. Cervejinha. Brasil, praia, sol, amiga, curtição!!! Almoço japonês! Pôr do sol a beira mar. Última noite: Feira gastronômica: Paeja Valenciana. Bar underground. Vip para a balada. Fila. Detesto fila. Barzinho bacana e um convite irrecusável. Champanhe e música boa. Fim de noite. Fome. “Um pão com salame e queijo, por favor”. Não concebido. "Mamá, café?!?!?!?"...

Energias esgotadas. Hora de ir embora. Busão e um motorista muito louco. Enjôo e dor de cabeça. Aeroporto enorme. Bob’s. Embarque, vôo. Campinas. Agora estou me lembrando o que é frio de verdade!!! E cá estou de volta pro meu aconchego, mais pobre, mais gordinha, cansada, adoentada e com a certeza de que tudo isso valeu a pena!

domingo, 27 de maio de 2012

Domingo

Almoço de domingo. Restaurante. Foi mais difícil deliciar-me com os pedaços de carnes, palmitos e saladas no meu prato ao ver crianças de rua pedindo esmolas e, ao entrarem no restaurante serem “convidadas” a se retirar do estabelecimento para a tranquilidade dos clientes.

Então é assim. O que os olhos não veem, o coração não sente. E se vejo muito, acostumo-me. Saída necessária para sobreviver à barbárie humana que legitimamos a cada dia com o discurso do mérito.

Três crianças. Idades, imagino eu, entre 7 a 14 anos. Penso na história de vida delas. Nasceram na rua? Abandono? Fuga de uma realidade mais cruel que a rua e o olhar de desprezo dos seres humanos que se sentem superiores à fragilidade humana?

Qual o futuro que lhes espera diante de uma vida no qual o seu esforço deve ser o de garantir algo para comer e sobreviver a cada dia?

Que sentido pode lhes fazer a escola? Local que deveria criticar esse sistema nojento de exclusão que o capitalismo instaurou, mas que, na maioria das vezes, apenas o serve de maneira muito eficiente legitimando o discurso do esforço e da meritocracia. “Se ele tem dificuldade, que se esforce mais”.

Tornamo-nos seres humanos cruéis, impassíveis ao outro, às diferenças e dificuldades. Legitimamos todo dia o ilegitimável com o discurso do mérito. Porque NÃO, não tem pra todo mundo. Esta é a ordem básica do sistema. Sempre haverá os que não têm, numa busca constante de um querer imposto, para manter uma minoria poderosa que se tranca em condomínios e carros blindados a fim de não enxergar a barbárie que construiu, constrói e construirá com sua lógica, tão racional e pouco humana, meritocrática.

Sempre pensei a educação como forma de resistência a tudo isso, mas falar sozinha no meio da multidão é muito difícil. Consigo apenas ouvir dos mais velhos, tão mais sábios, que vou crescer e a maturidade me trará a tranquilidade necessária para deliciar meu almoço sem me incomodar com a pobreza humana bem diante dos meus olhos. Tomara que não.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O mundo precisa mesmo é de EDUCAÇÃO que ensine a arte da civilidade para nós, os seres racionais. Porque bom senso e civilidade, infelizmente, não são naturais entre nós.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

RACIONALIDADE E FÉ


Não é que eu não tenha fé. Apenas não consigo viver uma fé religiosa medieval, incapaz de questionar qualquer coisa e que admite intolerâncias em nome de Deus.

domingo, 8 de abril de 2012

Classe Média sofre - Parte 2

Parte 1

E lá se foi mais um feriado religioso no nosso estado laico. Um viva à diversidade religiosa, mas não venha mexer no meu feriado! Ah esses dias de folga que a gente aproveita para encarar um engarrafamento extra até a praia.

Para quem fica, supermercados lotados em busca de bacalhaus e ovos de páscoa. Churrasco? Na sexta feira não pode! Mas uma bacalhoada cai muito bem, obrigada. E tem também os chocolates transformados em ovos com a promessa de serem entregues pelos pobres coelhos que se tornam ovíparos nessa época do ano.

As indústrias da guloseima devem adorar! 200 gramas de chocolate em forma oval sofrem um acréscimo (beeem sofrível no bolso do pobre trabalhador brasileiro) de uns 500%... Mas como explicar para as crianças que o chocolate na barrinha é o mesmo? Aí entram "as facilidades" dos mercados em oferecer a venda de ovos de páscoa em 10X sem juros no cartão. Você ainda paga pelo estrago desse coelho modificado geneticamente quando já está sendo chamado a contribuir com o Papai Noel, que de bom velhinho também não tem nada. Ele deve querer se vingar. Vivendo num país tropical, em pleno dezembro tendo que vestir aquela roupa vermelha felpuda e aquelas botas ele deve mesmo querer que todo mundo se F$#@ prometendo muitos presentes para as criancinhas, o que vai estourar, mais uma vez, no nosso orçamento.

Mas e daí, né? Problematizar pra quê? Vamos rir e ser feliz! Opinião é bobagem mesmo. O que importa é que o "Pão e circo", quero dizer, a Páscoa e o Natal estão aí pra isso, mesmo num estado laico.

E a classe média? Ah, sofre, viu!

quarta-feira, 28 de março de 2012

Viver é foda...

...morrer é difícil...


Renato Russo deve ter tido uma experiência de quase morte quando fez essa música. Não que eu tenha tido. Mas confesso que em alguns momentos desejei morrer por alguns segundos. Aqueles segundos de extremo desespero, angústia, tristeza... Mas hoje ao ver partes do filme "Nosso Lar" pensei que morrer deve ser bem foda também. Que balela é esse papo de "descansou"?!? Segundo o filme não há descanso, não. É bem verdade que não vi o filme todo. Por falta de tempo e vontade, não necessariamente nessa mesma ordem, mas até onde vi, você morre e continuam as dúvidas, dores, fome, sede, questionamentos sem resposta. E eu aqui imaginando que a morte me traria a consciência sobre os 90% do meu cérebro que não desenvolvi na minha vida terrena. Nos momentos em que acredito que há alguma coisa nesse "outro lado", e na maior parte do tempo acredito, pensava que a morte me seria reveladora e também por isso desejava morrer, talvez não de verdade, mas de vez em quando. Mas nãããooo! Segundo o filme, muito surreal para minha compreensão de humana limitada que só usa 10% de sua cabeça animal, continua tudo do mesmo jeito numa cidade paralela, meio futurista. E ainda terei que me adaptar a novas pessoas, a refeições que se resumem a sopa e água, todo mundo vestido num tom pastel muito claro... Que sorte a minha gostar de branco! Achei tudo tão terreno. Pessoas arrogantes num espaço divino. Trabalhar para merecer. Meritocracia pós-morte? Oh, não! Sem contar nos Ministérios, e no Governador! "Que ele seja de esquerda" foi só o que consegui pensar! Tudo muito próximo do que conhecemos como vida. (Ok, estou omitindo o início com o umbral que é muito mais assustador.) Por fim, cheguei a conclusão de que não tinha como ser de outro jeito, tudo seria muito terreno mesmo. O filme é baseado num livro psicografado, mas foi realizado por terrenos com a sua limitada imaginação terrena. Ou talvez eu esteja racionalizando demais sobre o que não é racionalizável? Mas se não fosse, ñ viraria filme, mas o filme não me convence. Oh céus! Sei lá. Acho que vou ter que morrer pra entender, e se eu merecer vou até poder mandar uma mensagem pra Terra (escolhendo a tecnologia!!!) pra contar sobre a minha impressão. (Tomara que demore um pouco, né?)

sábado, 24 de março de 2012

Definitivamente não nasci para ser educadinha, boazinha, amiguinha. Os diminutivos nada têm a ver comigo. Gosto das hipérboles. Intensidade. Porque não sou adepta a manter um sorriso amarelo quando a vontade é gritar, mostrar as unhas.

Não gosto de nada morno. Meio a meio. Cinza. Rosa. Gosto do intenso. Inteiro. Completude. Preto, vermelho ou branco. Se for pra misturar que sejam bocas, corpos, cabelos, suores.

Por algum tempo até vesti a roupa de boa moça que a sociedade tenta impor, mas não me coube por muito tempo. Cresço a cada dia e não caibo mais nesse modelinho estreito que, na verdade, nunca me serviu.

Não gosto mais de faz de conta. Cresci e contos de fadas não me convencem há muito tempo...

domingo, 18 de março de 2012

Porque a vida continua...

E porque a vida continua hoje foi só mais um domingo normal. Em nada vai se parecer com aquela sexta feira de um ano atrás. Nada de vodka, cerveja, amigas ou paquera. Nada. E porque a vida continua foi assim, normal. Sonso. Sem graça.

Porque a vida continua, eu tenho que continuar. Diferente. Cicatrizando. Com mais por quês que me atormentam e um descrédito quanto ao futuro que insiste em retornar nos dias mais tristes.

E porque a vida continua ainda ouço histórias sobre você. Ouço sobre as coisas que você dizia. Disse. E como me surpreende saber que eu fazia parte das suas falas.

Porque a vida continua eu continuo sentindo. E como é difícil sentir presente esta ausência nos lugares que costumávamos nos encontrar. E sinto tantas coisas. Raiva. Dor. Medo. É uma mistura de tanta coisa que não conheço o nome.

E porque a vida continua, virão outros anos, outras datas em que me lembrarei com ainda mais saudade e talvez mais idealização. Não há mais nada que me impeça de dizer que era perfeito. Até mesmo as lágrimas naquela época, não erão assim, tão salgadas como as de hoje que insistem em cair toda vez que lembro-me de ti.


sexta-feira, 9 de março de 2012

E quer saber, ainda gosto das borboletas no estômago, quando elas voltam é sinal que o jardim está florindo novamente.

quinta-feira, 8 de março de 2012

8 de Março

Dia Internacional da Mulher para flores e Parabéns?

Parabéns vindos de homens que violentam das mais diversas e perversas maneiras;

Rosas que escondem apenas neste dia os espinhos que enfrentamos todos os outros dias do ano apenas por sermos mulheres. Ora porque queremos trabalhar numa profissão “de homem”, ora porque optamos por não sermos mães, ora porque somos lésbicas, ora porque somos biscates, ora porque somos bêbadas, ora porque somos intelectuais, ora porque somos difíceis, ora porque somos frágeis, ora porque somos duras, ora porque somos, existimos, exigimos!

Parabeniza-me por quê?

Porque devo portar-me direito, com vestes comportadas, que não mostrem as silhuetas do meu corpo de mulher, para não instigar o desejo descontrolado de um homem violento que ganha o direito de me estuprar se eu assim não estiver?

Porque hoje trabalho, voto, mas devo seguir os padrões sociais: namorar, casar e ter filhos – para ser considerada uma mulher de verdade?

Parabéns eu dou hoje às mulheres que lutaram para que eu possa ter o direito de escrever esse texto e ter minha opinião. Às mulheres que lutaram e morreram por condições dignas de trabalho.

A mim sobra ainda muita luta. Muito enfrentamento a uma sociedade opressora que ainda precisa de dias de reconhecimento aos que dela são vítimas diárias: mulheres, gays, negros...

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Brasileiros, com muito orgulho, com muito amor!

Nós, classe média, somos brasileiros, com muito orgulho e muito amor;

Orgulhamo-nos da nossa miscigenação, mas ainda chamamos cabelo crespo de cabelo ruim e alisamos e fazemos luzes douradas nos cabelos;

Adoramos feijoada, mas não gostamos do pé, orelha, rabicó. Dos ingredientes que fazem a verdadeira feijoada, temos nojinho. Gostamos daquela só com calabresa, bacon e carne seca;

Curtimos carnaval, mas tem que ter gente bonita. E beleza para nós, brasileiros com muito orgulho, é tipo, gringo de olho azul;

Criticamos a eleição do Tiririca para deputado Federal, mas cultivamos com satisfação e prazer a opção pela ignorância nossa de cada dia em não ir além do senso comum;

Comemoramos a Independência do Brasil, mas adoramos as privatizações das estradas, da telefonia, da educação etc. etc.;

Desconhecemos saci Pererê, boitatá, mula-sem-cabeça, iara, curupira; mas pagamos caro para conhecer de perto os personagens Disney;

Acreditamos sem questionamentos na meritocracia, cada um recebe o fruto do seu mérito, mas reclamamos todos os dias do nosso trabalho, chefe e salário, afinal, nunca somos recompensados como deveríamos.

Classe média sofre, viu!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Chegamos ao Século XXI e...

...educação virou mercadoria 
...a saúde tá uma porcaria
...olho no olho deu lugar à tecnologia

...o ensino é para todos
...a qualidade é para poucos
...o dinheiro dita o destino de um moço

...bandido usa terno e gravata
...a polícia age como primata
...estudante e pobre é seu alvo de cacetada

...não há mais escravidão (???)
...os direitos estão na constituição
...mas quanta gente há ainda sem pão

...Aprendemos novos conceitos
...a inclusão quer todo mundo dentro
...mas carregamos ainda muito preconceito

...as redes sociais aproximaram o distante
...computador virou amigo
...amigo é foto na estante

...boa forma é essencial
...e no mundo da cinturinha fina
...não há mais espaço para ética e moral

Chegamos ao século XXI e,
Quem diria, toda tecnologia
Não nos impediu de viver uma selvageria.

Seguidores