Foi... eu aprendi. Mas tinha vara e rio sempre à disposição.
E também não faltava um peixe pronto à mesa enquanto eu aprendia. Então não
foi assim tão difícil.
Pelo caminho alguns poucos preconceitos dessa sociedade que não é racista, nem classista... Cabelo ruim pelo cabelo
crespo... Parda da típica mistura brasileira de negro com loira.
“Letra de pedreiro!” era jargão óbvio dos professores da
escola particular no ensino médio para se desfazer dos estudantes com letra que
desagradava. E eu filha de um homem que foi pedreiro e professor. E quem acreditava que eu
fosse chegar ao doutorado na Unicamp?
[...]
[...]
E como que para me colocar à prova, perdi meu pai para a violência e nem por
isso profiro por aí que bandido bom é bandido morto. Foi comigo e o que eu
desejo é uma sociedade mais justa, mais humana e com mais empatia ao ser humano.
Empatia das pessoas que sempre tiveram o peixe pronto à mesa
e que repetem o jargão do “ensinar a pescar” com “análises” a partir da própria
bolha, sem entender que neste Brasil de mais de 200 milhões de pessoas, existem
realidades muito diferentes. Nem todas as pessoas tiveram papai e mamãe
bancando tudo até a formatura. Ou titia, ou avó... Tem gente que desde muito
cedo conhece a miséria e sente a dor da fome. Não se trata de precisar de
dinheiro pra comprar vestido ou fazer as unhas.
Mas como o egocentrismo não tem fim vem mais... “É que eu
acho (ah os nossos achismos de todo dia) que tem que dar emprego...” Mas quem profere isso jamais leu os diversos
relatórios e até mesmo reportagens que mostram que 76% das famílias
beneficiadas pelo programa bolsa-família são trabalhadoras, e se leram, apenas usam de
desonestidade intelectual mesmo.
Também ignoram que o Brasil alcançou índices de pleno
emprego.
Então já partem para o vale-tudo e sacam (com ar de estreia
internacional!) a história do caso da prima da cunhada da irmã do tio de um
amigo que recebe mais de R$1000 de bolsa sem precisar, por isso é contra. Ora,
nesse valor deve ser bolsa de mestrado, mas quando há casos de uso ilegal do
programa (e há!) isto deve ser denunciado. O que importa é entender que o programa
é feito para a regra, e não para a exceção.
E por fim, se você é mesmo contra auxílios do governo repense
a sua vida. Veja se você já se beneficiou de programas como: Pro-Uni; Fies; Pronatec; Bolsas de iniciação científica,
mestrado e/ou doutorado; Ciência sem fronteiras; Minha casa minha vida; Carro
com IPI reduzido... De quais benefícios você é contra? Dos que beneficiam também a classe média ou só dos que minimizam a fome?