As redes sociais continuam coloridas de coerência com a
democracia que permite as mais diversas opiniões. Assim, tudo que se relaciona
à política, sociedade e educação tornou-se apenas questão de opinião ou
empiria. “É só a sua opinião. Eu vivi isso. Então é assim. Ponto.”
Indigna-me muito ver parte da mesma parcela que bradou por
educação, dentre tantas outras reivindicações nas manifestações de 2013, não
pararem para se questionar, nem ao menos por curiosidade, sobre o que professores,
filósofos e sociólogos das melhores universidades deste país estão analisando
sobre a realidade.
Olho por exemplo os ataques à Profa. Marilena Chauí. Depois
de um argumento fundamentado no processo histórico, em análises sociológicas e econômicas
de uma situação as “pessoas do bem” trazem seus argumentos, muitas vezes em
caixa alta para demonstrar a indignação de cidadão politizado: “PTRALHA!!!!!!”;
“VÉIA LOUCA!!!!!!!!!!”; “VÉIA DESPENTEADA!!!!!!!!!”
Não que todos precisem convergir às suas ideias. Não. A
democracia é formada pela riqueza das opiniões contrárias, mas não das ofensas. Não é possível considerar tais xingamentos como argumentação.
Bradar por educação de qualidade, quando se ignora teorias
desenvolvidas por pesquisadores que dedicam a sua vida a superar o senso comum
e o individualismo, em nome de uma prática individual, nada mais é que um
discurso vazio de quem se contenta com a própria existência para explicar o
mundo.
O que me deixa ainda mais admirada, e me traz uma preguiça
imensa de viver, são os cristãos nesse cenário “Bolsa família é coisa de
vagabundo; a comunidade LGBT é a encarnação do mal na terra e direitos humanos
apenas para humanos direitos, afinal bandido bom é bandido morto...” tudo
perfeitamente inserido sem pudor algum em nome de Deus. Afinal, Jesus era mesmo
a favor da pena de morte, ajudou a apedrejar a prostituta e multiplicou as
varas de pesca, ensinando os famintos a pescar.
Qualquer pessoa que tenha ido a algumas poucas missas sabe
que a história cristã não é essa. Mas é bem mais cômodo pagar o dízimo e
continuar a criar as próprias verdades.
Ignorar toda a história: da Igreja, das religiões, de mundo.
Um lugar quentinho para viver em paz com os próprios achismos. E assim bradamos
por EDUCAÇÃO!!!! Em caixa alta e com muitas exclamações...