Para que serve a utopia?

"A Utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se eu caminho dez passos, ela se distanciará dez passos. Quanto mais a procure, menos a encontrarei. Qual sua utilidade, então? A utopia serve para isso, para caminhar!"
Fernando Birri (diretor de cinema)
http://www.youtube.com/watch?v=Z3A9NybYZj8

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

CONVERSAS COM O ESPELHO - PARTE 7


Minha pele está ótima! Tom bronzeado com marquinha de biquíni. O Victor adora! Cabelos levemente queimados do sol, ou seja, luzes naturais!!! Parece até que meu corpo está mais firme. Uma semana maravilhosa, meu caro espelho! Dá pra notar na pele, não é? [RS]

Foi bom. Bom? Foi ótimo! Senti-me novamente com 30 anos, recém-casada, e apesar de um certo peso na consciência em sentir-me feliz por não precisar acordar cedo para levar as crianças na escola, ter que pensar no lanche, no uniforme, no dever de casa e ainda conciliar isso tudo com meu trabalho, foi maravilhoso!

É bem verdade que a frequencia do sexo, comparando-se com 10 anos atrás, diminuiu um pouco, mas a qualidade... Victor ainda consegue me surpreender nessas horas, e quem é que precisa de pães branquinhos com um sexo desses!!! [RS]

Foram só cinco dias. Resolvemos diminuir para não nos sentirmos tão culpados de deixar as crianças por uma semana inteira como órfãos nômades na casa dos avós, ora maternos, ora paternos.

Sim, eu demorei um pouco a entrar no clima de “lua de mel”. Esquecer aquele encontro não foi fácil. Durante a viagem o Victor chegou a fazer a pergunta que eu tanto temia “O que você tem? Você está estranha.” Inventei que de repente comecei a sentir medo de viajar de avião, que estava ansiosa e ele segurou minha mão de tal forma que minha culpa fez logo com que eu arrumasse um jeito de tirar aquela história sem sentido da minha cabeça.

Pousamos no Rio e lá alugamos um carro para continuarmos até Búzios. Mas próximo de Búzios, com a insensatez de um adolescente, Victor fez um desvio maluco que nos colocou a beira mar, numa vista perfeita e... Achei que isso nunca mais aconteceria no carro, mas voltei a compreender o amável desconforto de se estar num carro com um homem... Reencontrei no Victor aquele jovem rapaz engraçado, com um ótimo pique de piadas por quem eu havia me apaixonado, mas dessa vez nem pensamos em discutir “Crime e Castigo”. [RS].

Demo-nos conta que o sol já havia se posto há muito tempo e o cenário perfeito pedia pelo brilho céu uma lua cheia, mas não, deparamo-nos com trovões e um tempo se fechando que fez com que nos apressássemos para encontrar o hotel que pelas nossas contas devia estar há no máximo uma hora dali. A chuva foi mais rápida que nós e, segundo Victor, foi esse o motivo que nos fez acabar num quarto coletivo de Albergue depois de quase 4h rodando!!! Não ousei dizer que foi sua busca por caminhos alternativos depois do nosso escape, ou sua arrogância e prepotência em não admitir-se perdido numa cidadezinha de uns 25 mil habitantes e parar para pedir informação!

E é daí que começaria uma noite esquecível de segunda lua de mel... Um quarto com 7 beliches, 1 banheiro. Ar condicionado? Artigo de luxo! Só havia nas suítes Vips, todas ocupadas quando chegamos. Nosso quarto dispunha de um ótimo ventilador de teto que fazia tremer toda aquela estrutura de madeira. Pernilongos? Muitos! Quando chegamos o moço da recepção, um hippie, dono de um imenso rastafári nos disse que tivemos sorte porque aquele quarto estava vazio e poderíamos ficar a vontade. Era uma maravilha: Victor, eu e 6 beliches.

Victor, tentando me consolar, colocou-se a arrumar colchões no chão e emendar lençóis, mas para completar a cena perfeita da lua do mel, adentra ao quarto uma galerinha com um cheiro de erva que não me era estranho, mas o tempo não me permitia reconhecer com total nitidez. Fiquei atordoada e não sei se contei direito, mas acho que eram 9. 4 casais, mas não sobrava ninguém. Essa geração resolve qualquer problema e “segurar vela” é coisa do passado. Pedi ao Victor que colocasse os colchões no lugar. Tudo o que eu queria era um dramin que me fizesse dormir profundamente...

Mas a noite estava só começando...



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