E foi então que eu comecei a dar mais valor também para o que tem de belo na minha cidade, a pequena grande Itu...
Depois de tanto admirar arquiteturas e paisagens nunca antes vistas em países diferentes, ao voltar percebo as belezas tão próximas que passam despercebidas pelo olhar já gasto, mas não atencioso às belezas tão próximas.
Dessa viagem, além de fotos e muitas histórias, fica também a lição. Viajar é isso. É abrir-se para o novo e atentar-se para o velho. Conhecer uma nova cultura, uma nova língua e não cansar-se de tentar falá-la o tempo todo. É caminhar por 4 quadras, coisa de 20 minutos e parar para pedir informação a cada 4 quadras que se passam, e ainda faltar 4 quadras e 20 minutos... É ser enganado por agências de turismo que apresentam um super desconto por um tour fantástico por duas cidades pelo litoral do Pacífico e garantir um almoço por 8 mil pesos que servem bem duas pessoas, mas ao final pagar 14 mil pesos por um peixe com um molho que parecia creme de leite com camarão cru e ainda sair rindo de sua própria ingenuidade. É tomar chuva com um frio congelante só para poder dizer que sim, eu já pisei no Oceano Pacífico! Pagar 200 pesos para usar o banheiro. Tirar foto no metrô até o guarda pedir para parar... Chegar cansada, pensar em deitar e dormir, mas lembrar de que a vida é muito curta e encarar mais um pouco de frio para conhecer uma salsa chilena! Fazer amigos e tentar aprender a “salsar”. Treinar o inglês com australianos. Conhecer outras línguas... Ficar até às 4h na salsa, mesmo sabendo que vai acordar cedo para aproveitar o dia. Acordar passando mal por causa dos piscos sour... Não desistir dos passeios e sair com uma banana na mão para garantir não passar fome. Caminhar fotografando tudo, mesmo não sabendo o que cada prédio ou paisagem significa. Tentar entender um mapa e pedir informações para encontrar os pontos turísticos. Ficar perdido. Andar quase que em círculos, ou zigue zague. Ficar impressionada com a beleza de tantas coisas novas e ficar pensando nas pessoas que não tiveram essa chance, e não terão, jamais... Rir das próprias idiotices. Conhecer a neve e ter a mão congelada por alguns momentos. Aprender que para tentar esquiar é preciso mais que os equipamentos. Sim, é preciso luvas e aulas. Contentar-se em ficar vendo as crianças pequenas aprendendo a esquiar enquanto se faz anjinho na neve. Ter o rosto queimado por um sol radiante num frio de 1 ou 0º... Ficar muito feliz por não ter que pagar 25 mil pesos para apenas brincar na neve. Ser enganada por uma peruana que queria dividir sua entrada para pagar meia e levou três trouxas para o parque onde só havia pistas radicais, quando queríamos brincar com boias na neve. Tirar foto como uma esquiadora quase profissional, mesmo sem nem tentar esquiar. Dormir em cada viagem de vã ou ônibus para tentar descansar um pouquinho. Tomar um suco achando que tinha pedido carne. Ficar triste em ter que arrumar a mala pra voltar. Acordar cedo para ir ao aeroporto. Chegar a outro país e sair tentando aproveitar as 12 horas por lá. Tirar foto de tudo já de dentro do circular. Conhecer a praia do Rio de La Plata. Pegar carona com um uruguaio. Caminhar pela praia do rio num frio de 9º com um vento congelante. Voltar para o aeroporto e saber um pouco como o personagem de “O Terminal” se sentiu, tendo que esperar por um voo corujão de 1h10 da manhã. Aproveitar para fazer umas comprinhas no free shopp. Deitar no chão do aeroporto aguardando pelo embarque com a certeza que cada minuto valeu a pena!