Para que serve a utopia?

"A Utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se eu caminho dez passos, ela se distanciará dez passos. Quanto mais a procure, menos a encontrarei. Qual sua utilidade, então? A utopia serve para isso, para caminhar!"
Fernando Birri (diretor de cinema)
http://www.youtube.com/watch?v=Z3A9NybYZj8

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Resposta a Ana Paula Henkel

Ana Paula, já torci tanto por você. Já vibrei por seus pontos e conquistas na quadra de vôlei, mas agora tem sido difícil. Sim, eu preciso trabalhar mais a minha tolerância também, mas penso que seria negligência da minha parte ser tolerante com a desonestidade intelectual que você usa a sua coluna “Ultraconservadores do mundo, uni-vos!”. 



Concordo que há muitos “engajados”, como você mesma nomeia, que praticam da mesma intolerância que criticam. Problemas dessa polarização que nos metemos e que precisamos superar com debates sadios e qualificados, nos quais argumentos sejam mais importantes que adjetivações. 

Sim, eu entendi a ironia no seu texto. Ironia que você usa, repito, com muita desonestidade intelectual. Para começar, você como tem se mostrado muito bem informada sobre os temais do debate, deve saber que “homossexualismo” é palavra em desuso porque o “ismo” se refere a ideologias e patologias, o que não representa a homossexualidade que, ponto comum na ciência, não é doença. 

Outro ponto que me intrigou é saber de onde você tirou essa tal “ideologia da data de nascimento”? De novo, sim eu entendi a ironia e a analogia, mas de novo, Ana Paula, você demonstra um grande desconhecimento sobre as pesquisas da área ao buscar a analogia com a Ideologia de gênero, coisa que não existe. Existem estudos sobre gênero, essa construção social que nos impõe em papeis sociais simplesmente por nascermos com vagina ou pênis. Essa construção social que mata em média 2 mulheres por dia por homens que se sentem seus donos – coisas do machismo. Bom, mas voltando ao seu texto, você usa da sua analogia de forma tão desonesta, imputando a quem te critica uma verdade que não existe. A ideia de defender os direitos da criança é uma forte bandeira de quem estuda gênero, por exemplo, olha só! Aliás, esse mesmo povo que você critica, é contra a redução da maioridade penal, por acreditar que não é enjaulando seres humanos, ainda em fase de desenvolvimento que resolveremos o problema da violência. Gostaria também de saber qual seu engajamento em casos de pedofilia nas igrejas e templos? Você pede para fechar também? Boicota? Talvez – hipótese – fosse sobre isso que os jacobinos, esses que você critica, falavam. 

Num outro ponto concordamos: a exposição poderia ter uma indicação etária. Proposta defendida pela Manuela D’Ávila, deputada estadual pelo PCdoB, esse partido de gentalha de esquerda, sabe? Não vou entrar no mérito sobre o que é arte ou não. Não me sinto habilitada para tal. Mas, por enquanto, sei que a minha liberdade me permite ver ou não ver uma exposição. Gostar ou não gostar, mas nem por isso impedir toda uma sociedade de que veja ou não algo a partir do meu gosto, pessoal. O mundo gira além do nosso umbiguinho, não é mesmo? 



Por fim, adoraria poder ver o socialismo que você diz que começa com a socialização dos filhos – ironia, eu sei!!! – mas o que tá rolando mesmo, Ana Paula, é socialização da censura, professores que estudaram anos e anos para ensinar e explicar fatos históricos, construções políticas e ideológicas – esta palavra assustadora que parece coisa da esquerda, mas que apenas significa conjunto de crenças, valores e culturas – estão sendo chamados de doutrinadores, enquanto Alexandre Frota, Zezé de Camargo e militares são as vozes a ditar sobre educação, política e sociedade.

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