Nós, classe média, somos brasileiros, com muito orgulho e muito amor;
Orgulhamo-nos da nossa miscigenação, mas ainda chamamos cabelo crespo de cabelo ruim e alisamos e fazemos luzes douradas nos cabelos;
Adoramos feijoada, mas não gostamos do pé, orelha, rabicó. Dos ingredientes que fazem a verdadeira feijoada, temos nojinho. Gostamos daquela só com calabresa, bacon e carne seca;
Curtimos carnaval, mas tem que ter gente bonita. E beleza para nós, brasileiros com muito orgulho, é tipo, gringo de olho azul;
Criticamos a eleição do Tiririca para deputado Federal, mas cultivamos com satisfação e prazer a opção pela ignorância nossa de cada dia em não ir além do senso comum;
Comemoramos a Independência do Brasil, mas adoramos as privatizações das estradas, da telefonia, da educação etc. etc.;
Comemoramos a Independência do Brasil, mas adoramos as privatizações das estradas, da telefonia, da educação etc. etc.;
Desconhecemos saci Pererê, boitatá, mula-sem-cabeça, iara, curupira; mas pagamos caro para conhecer de perto os personagens Disney;
Acreditamos sem questionamentos na meritocracia, cada um recebe o fruto do seu mérito, mas reclamamos todos os dias do nosso trabalho, chefe e salário, afinal, nunca somos recompensados como deveríamos.
Classe média sofre, viu!