Para que serve a utopia?

"A Utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se eu caminho dez passos, ela se distanciará dez passos. Quanto mais a procure, menos a encontrarei. Qual sua utilidade, então? A utopia serve para isso, para caminhar!"
Fernando Birri (diretor de cinema)
http://www.youtube.com/watch?v=Z3A9NybYZj8

quarta-feira, 28 de março de 2012

Viver é foda...

...morrer é difícil...


Renato Russo deve ter tido uma experiência de quase morte quando fez essa música. Não que eu tenha tido. Mas confesso que em alguns momentos desejei morrer por alguns segundos. Aqueles segundos de extremo desespero, angústia, tristeza... Mas hoje ao ver partes do filme "Nosso Lar" pensei que morrer deve ser bem foda também. Que balela é esse papo de "descansou"?!? Segundo o filme não há descanso, não. É bem verdade que não vi o filme todo. Por falta de tempo e vontade, não necessariamente nessa mesma ordem, mas até onde vi, você morre e continuam as dúvidas, dores, fome, sede, questionamentos sem resposta. E eu aqui imaginando que a morte me traria a consciência sobre os 90% do meu cérebro que não desenvolvi na minha vida terrena. Nos momentos em que acredito que há alguma coisa nesse "outro lado", e na maior parte do tempo acredito, pensava que a morte me seria reveladora e também por isso desejava morrer, talvez não de verdade, mas de vez em quando. Mas nãããooo! Segundo o filme, muito surreal para minha compreensão de humana limitada que só usa 10% de sua cabeça animal, continua tudo do mesmo jeito numa cidade paralela, meio futurista. E ainda terei que me adaptar a novas pessoas, a refeições que se resumem a sopa e água, todo mundo vestido num tom pastel muito claro... Que sorte a minha gostar de branco! Achei tudo tão terreno. Pessoas arrogantes num espaço divino. Trabalhar para merecer. Meritocracia pós-morte? Oh, não! Sem contar nos Ministérios, e no Governador! "Que ele seja de esquerda" foi só o que consegui pensar! Tudo muito próximo do que conhecemos como vida. (Ok, estou omitindo o início com o umbral que é muito mais assustador.) Por fim, cheguei a conclusão de que não tinha como ser de outro jeito, tudo seria muito terreno mesmo. O filme é baseado num livro psicografado, mas foi realizado por terrenos com a sua limitada imaginação terrena. Ou talvez eu esteja racionalizando demais sobre o que não é racionalizável? Mas se não fosse, ñ viraria filme, mas o filme não me convence. Oh céus! Sei lá. Acho que vou ter que morrer pra entender, e se eu merecer vou até poder mandar uma mensagem pra Terra (escolhendo a tecnologia!!!) pra contar sobre a minha impressão. (Tomara que demore um pouco, né?)

sábado, 24 de março de 2012

Definitivamente não nasci para ser educadinha, boazinha, amiguinha. Os diminutivos nada têm a ver comigo. Gosto das hipérboles. Intensidade. Porque não sou adepta a manter um sorriso amarelo quando a vontade é gritar, mostrar as unhas.

Não gosto de nada morno. Meio a meio. Cinza. Rosa. Gosto do intenso. Inteiro. Completude. Preto, vermelho ou branco. Se for pra misturar que sejam bocas, corpos, cabelos, suores.

Por algum tempo até vesti a roupa de boa moça que a sociedade tenta impor, mas não me coube por muito tempo. Cresço a cada dia e não caibo mais nesse modelinho estreito que, na verdade, nunca me serviu.

Não gosto mais de faz de conta. Cresci e contos de fadas não me convencem há muito tempo...

domingo, 18 de março de 2012

Porque a vida continua...

E porque a vida continua hoje foi só mais um domingo normal. Em nada vai se parecer com aquela sexta feira de um ano atrás. Nada de vodka, cerveja, amigas ou paquera. Nada. E porque a vida continua foi assim, normal. Sonso. Sem graça.

Porque a vida continua, eu tenho que continuar. Diferente. Cicatrizando. Com mais por quês que me atormentam e um descrédito quanto ao futuro que insiste em retornar nos dias mais tristes.

E porque a vida continua ainda ouço histórias sobre você. Ouço sobre as coisas que você dizia. Disse. E como me surpreende saber que eu fazia parte das suas falas.

Porque a vida continua eu continuo sentindo. E como é difícil sentir presente esta ausência nos lugares que costumávamos nos encontrar. E sinto tantas coisas. Raiva. Dor. Medo. É uma mistura de tanta coisa que não conheço o nome.

E porque a vida continua, virão outros anos, outras datas em que me lembrarei com ainda mais saudade e talvez mais idealização. Não há mais nada que me impeça de dizer que era perfeito. Até mesmo as lágrimas naquela época, não erão assim, tão salgadas como as de hoje que insistem em cair toda vez que lembro-me de ti.


sexta-feira, 9 de março de 2012

E quer saber, ainda gosto das borboletas no estômago, quando elas voltam é sinal que o jardim está florindo novamente.

quinta-feira, 8 de março de 2012

8 de Março

Dia Internacional da Mulher para flores e Parabéns?

Parabéns vindos de homens que violentam das mais diversas e perversas maneiras;

Rosas que escondem apenas neste dia os espinhos que enfrentamos todos os outros dias do ano apenas por sermos mulheres. Ora porque queremos trabalhar numa profissão “de homem”, ora porque optamos por não sermos mães, ora porque somos lésbicas, ora porque somos biscates, ora porque somos bêbadas, ora porque somos intelectuais, ora porque somos difíceis, ora porque somos frágeis, ora porque somos duras, ora porque somos, existimos, exigimos!

Parabeniza-me por quê?

Porque devo portar-me direito, com vestes comportadas, que não mostrem as silhuetas do meu corpo de mulher, para não instigar o desejo descontrolado de um homem violento que ganha o direito de me estuprar se eu assim não estiver?

Porque hoje trabalho, voto, mas devo seguir os padrões sociais: namorar, casar e ter filhos – para ser considerada uma mulher de verdade?

Parabéns eu dou hoje às mulheres que lutaram para que eu possa ter o direito de escrever esse texto e ter minha opinião. Às mulheres que lutaram e morreram por condições dignas de trabalho.

A mim sobra ainda muita luta. Muito enfrentamento a uma sociedade opressora que ainda precisa de dias de reconhecimento aos que dela são vítimas diárias: mulheres, gays, negros...

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