Um tapinha não dói. Bata nas crianças para educá-las, e
depois jogue-as na cadeia ao cometerem um ato de violência, porque isto não
pode.
“Filho, mas não pode bater no coleguinha, se você fizer de
novo, você vai apanhar!”
Ora, eduquemos aos tapas então! Vamos dar “tapinhas” no
chefe que te humilha diariamente com suas piadinhas infames. Ah não pode? Ele
tem poder. Então bata na sua empregada, agora que ela resolveu exigir seus
direitos, depois dessa maluquice de PEC das domésticas. Não pode! Dá processo?
Ah, mas bater na criança, menor que você, em formação moral e indefesa, pode?
Então me explica direito esse tipo de educação aí, porque
olha só, eu já estudei muito sobre isso e não encontrei um teórico sequer que
defendesse a violência para educar. Sim, “só um tapinha” é violência. Vamos lá,
eu te explico: Se você brigar com sua esposa ou esposo, você acha coerente que
se encerre o problema com um “tapinha”? (Se você responder sim, e coloca isso
em prática, corre o risco de ser enquadrado na Lei Maria da Penha, vale
lembrar!) Se respondeu não (e quero acreditar que essa tenha sido a sua
resposta!), então por que você acha que faz sentido educar uma criança que você
colocou no mundo com um tapa??? Porque você pensa que entre adultos o tapa não
pode (bingo!), mas com a criança, menor e mais indefesa, pode? Qual o sentido
nisso? Por que você acha que é por meio da dor, da vergonha e da punição
violenta que se educa? Ah sim, é mais fácil, porque a criança chora, fica com
medo e o assunto se encerra rápido. Mas acredite, você não educou. Você, dentre
muitas coisas, pode ter constrangido, criado medo, insegurança, vergonha,
raiva, mas não educação e responsabilidade pelos atos.
Defender uma educação de qualidade não passa, nem de longe,
por uma educação autoritária, punitiva. Passa por exigir uma educação crítica,
que ajude e pensar o mundo e não a obedecer ao status quo.
É interessante notar como as pessoas têm se demonstrado
interessadas em discutir as diversas polêmicas ultimamente e penso ser muito
válido que a população se pronuncie, opine. Mas é muito perigoso o senso comum
que beira as discussões e como são ignorados os profissionais que dedicam anos
de sua vida a estudar tais assuntos.
“Pois eu apanhei muito e me tornei um cidadão de bem.” (conceito que venho questionando ultimamente e
falei um pouco no post anterior).
Se você é mesmo um cidadão de bem, há mais possibilidades de
ter sido o amor, não a dor, que lhe fez assim.
Nenhum comentário:
Postar um comentário