Para que serve a utopia?

"A Utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se eu caminho dez passos, ela se distanciará dez passos. Quanto mais a procure, menos a encontrarei. Qual sua utilidade, então? A utopia serve para isso, para caminhar!"
Fernando Birri (diretor de cinema)
http://www.youtube.com/watch?v=Z3A9NybYZj8

domingo, 23 de julho de 2017

Merlí


Um seriado espanhol que encontrei por acaso no Netflix. Já havia ouvido falar e decidi me aventurar por novos 13 capítulos sobre esta história de um professor de filosofia. Merlí, além do nome do seriado, é também o nome de um excêntrico professor de um Instituto Secundário em Barcelona.


Foi um amor que durou uma semana e já me deixou aquele sentimento de luto pós-moderno, desses que a gente sente ao se despedir, ao menos por um tempo, de um seriado que te faz perder horas em frente a TV. Diferente da paixão, é desses amores que vai crescendo a cada novo encontro e descoberta, até se perceber completamente envolvida.

No Netflix você encontrará a seguinte descrição sobre a série: “Um professor de Filosofia do Ensino Médio causa confusão por onde passa e serve de inspiração para todos os seus alunos, inclusive seu filho homossexual”. Eu diria que é isso também, mas é mais, bem mais! 

Merlí é desses professores que acreditam nos estudantes, que sabe que ser professor só faz sentido se for para e pelos estudantes. Sim, Merlí é um idealista, mas longe do clichê professor certinho sofredor que ronda as histórias de professores idealistas. Ao contrário, ele não faz questão de agradar na sala dos professores, tem uma verdade crua que assusta e irrita um mundo acostumado a aparências hipócritas e está longe de ser politicamente correto. Assim, foge totalmente às regras maniqueístas que insistem em rondar as histórias de ficção. O professor tem a doçura necessária e o sarcasmo ardido de quem sabe incomodar pela prepotência em saber ser o melhor professor, sem negligenciar o seu papel como tal.

Merlí encara seus alunos como pessoas prontas, capazes de refletir e tomar decisões e não como peças de uma engrenagem maior. Merlí é dos professores que fazem os alunos ter tesão. No entanto, como personagem complexa que é, o professor apresenta também suas contradições: o difícil relacionamento com seu filho (e aluno!) homossexual e seu fraco por mulheres, que não o impedem de se envolver com uma professora e, em seguida, com a(s) mãe(s) de seus aluno(s). Spoiler, excusa! 😁

A série apresenta ainda os dramas adolescentes: paixões não correspondidas; o difícil relacionamento entre pais, mães e seus filhos e filhas; sexualidade; drogas; amizade; machismo e liberdade sexual. Tudo isso regado a uma dose de filosofia: em cada capítulo, Merlí apresenta um filósofo para dialogar com os dilemas que vão surgindo. A primeira temporada começou com Aristóteles e “Os peripatéticos” (forma que o professor passa a chamar seus estudantes) e terminou com Nietzsche. Como não amar?

Se nada disso te convenceu, o seriado é ótimo pra fugir do imperialismo da língua inglesa e treinar o catalão... 😉

No Netflix está disponível apenas a primeira temporada, mas a segunda já foi rodada e está confirmada a 3ª temporada! A trilha sonora é um desfrute a parte também! 

#Fica@Dica

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