Decidi voltar a escrever, mas entre as caraminholas que vagam pela minha mente confusa, vaga também a pergunta: escrever sobre o quê?
O que de fato importa ser eternizado em folhas com amontados de letras que formam palavras, frases, conexões...? O que de fato importa num mundo que elege Bolsonaro e Trump? Que acusa de assassina uma criança de 10 anos vítimas de abuso desde os 6 de idade? Num mundo que desde a Idade Média, quicá antes, se mata em nome de um Deus que eu, há tempos, decidi me afastar? O que importa? E, se importa, importa a quem?
Escrever sobre as descobertas de uma ansiedade que não me dá trégua e que me deixa sempre a postos para ter uma notícia ruim. E mesmo assim, quando ela chega, eu ainda desabo? Escrever que eu descobri que não é normal uma mente dinâmica 24 horas por dia. Que revelar as ideias recém-paridas da minha mente pode deixar as pessoas estupefatas?
Escrever sobre como eu queria ser famosa,ser uma grande artista, mas me realizo em frente a crianças e que sinto um prazer enorme ao ouvir "professora" dirigido a mim? Escrever que apesar de entender que não, a educação sozinha não salvará o mundo, a escola ainda pode ser um refúgio para crianças que o mundo desde tão cedo insiste em mostrar a crueldade de um capitalismo selvagem neste mundo de asfalto e sem coração?
Escrever que, de fato, um coração partido dói mais que joelho ralado, mas que a gente vai cuidando com vinhos, chás, amigues, e plantas em vasos de cimento?
Escrever que o amor romântico é mesmo uma invenção social e nessa invenção a gente vai tentando inventar tudo: inventar o que achamos que o outro é, até que a invenção não se sustenta diante da realidade?
Escrever. Talvez seja só pra deixar marcas no tempo. Eu, que descobri também, que gosto de marcas. Cicatrizes. Porque é clichê, mas elas contam sobre o que suportei, não sem dor ou drama, mas viva.
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