Ortega y Gasset, filósofo espanhol, em 1930, disse em seus discursos a estudantes universitários que “a consciência pública, hoje, não sofre outra pressão nem recebe outra ordem que não sejam as que lhe advém dessa ínfima espiritualidade bafejada pelas colunas do jornal. [...] Devido ao abandono de outros poderes o jornalista ficou encarregado de alimentar e dirigir a alma pública [...]
[...] a visão jornalística deforma essa verdade, reduzindo o atual ao instantâneo e o instantâneo ao retumbante. [...] Quanto mais importância substantiva e duradoura tenha uma coisa ou pessoa, o s jornais falarão menos dela e, em compensação, destacarão em suas páginas o que esgota sua essência de ser um “acontecimento” e de suscitar uma notícia.
[...]
É, portanto, questão de vida ou morte para a Europa retificar situação tão ridícula. Para isso a Universidade, como tal, tem de intervir na atualidade, tratando os grandes temas em vigor a partir de seu próprio ponto de vista – cultural, profissional ou científico. [...] há de impor-se como um “poder espiritual” superior diante da Imprensa. (Ortega y Gasset, J. Missão da Universidade. Ed. UERJ, 1999)
80 anos se passaram desde os discursos do filósofo, mas continuam, em pleno Século XXI, contemporâneos os temas de que trata. Defendendo uma reforma de Estado e de Universidade, para formação de um cidadão culto, critica bravamente a influência desvirtuosa da Imprensa.
Ortega y Gasset, século XX, Espanha. José Padilha, Século XXI, Brasil. O que podem ter em comum? O mesmo cenário lamentável de uma Imprensa manipuladora. Basta pensar um pouquinho e tirar suas próprias conclusões.
Delirou quando o Capitão Nascimento conseguiu prender os verdadeiros “inimigos” da história? Mas na vida real ainda torce para que os policiais subam lá e matem todos os bandidos da favela?
A Imprensa conseguiu te convencer de que a população está mesmo de acordo com a ação policial? Que população?
Ok. A Unidade da Polícia Pacificadora toma tudo. Está tudo em paz. E quem saiu de lá, vai pra onde? Sobrevive como? Expulsar “o problema” de um lugar é, efetivamente, resolver o problema da violência?
“O inimigo agora é outro.”
“O sistema é foda, e ainda vai morrer muito inocente.” Capitão Nascimento.
E as Universidades, o que tem feito como formadoras dos cidadãos? As que estão na mão do poder público continuam cada dia mais esquecidas e desacreditadas... Para isso não faltam FATECs, PRO UNIs e UNIs qualquer coisa...
“Se um país for politicamente vil, será em vão esperar qualquer coisa de sua escola mais perfeita.” Ortega y Gasset
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