Para que serve a utopia?

"A Utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se eu caminho dez passos, ela se distanciará dez passos. Quanto mais a procure, menos a encontrarei. Qual sua utilidade, então? A utopia serve para isso, para caminhar!"
Fernando Birri (diretor de cinema)
http://www.youtube.com/watch?v=Z3A9NybYZj8

terça-feira, 26 de julho de 2011

CONVERSAS COM O ESPELHO - PARTE 12

PARTE 11


Pareço um recém-nascido, inchada de tanto chorar. Entreguei-me a esse sentimento de angústia, ansiedade e desespero que tomou conta de mim nas últimas semanas. Decidi sentir tudo intensamente, controlando-me apenas para cumprir com os papeis sociais impostos. Ser mãe, dona de casa e responder “tudo bem” aos que me cumprimentam cordialmente.

Consegui ao menos cumprir com êxito o papel de mãe. Arrumei as malas e despachei as crianças para o acampamento de inverno que elas tanto gostam, para o meu alívio e alívio também do meu sentimento de culpa. Malas prontas, viagem paga no cartão de Victor e lá foram elas, felizes para uma semana longe de casa.

Senti-me livre. Chorei por três dias e passei pelas fases do desespero, da tristeza, da raiva e da agonia por uma notícia que me tire dessa apatia em relação ao mundo. Não consigo aceitar a demissão, não aguento mais a cordialidade irritante de Vitor, não aguento minha vida de dona de casa, enfim, não aguento e não quero mais ser obrigada a aceitar um mundo em que não escolhi estar. Sinto-me colocada dentro de um quebra-cabeça em que não faço parte. Não encaixo mais.

Meu “Dr. Freud” disse que preciso entender o lugar onde me encontro para então buscar o lugar onde quero estar. Sei exatamente onde quero estar, foi o que respondi à ele. E ele lá com aquela cara de “hum” de sempre. Ele me incomoda, mas ao mesmo tempo é bom poder falar descontroladamente por 1 hora sem me preocupar se estou falando d+, ou se estou alugando alguém. Ele está lá exatamente pra isso e é muito bem pago para isso. A fatura do cartão que o diga!

Tive receio em falar sobre isso, porque diferente do que mostram nos filmes, não consigo chegar e sair falando todas as verdades nuas e cruas sobre mim com naturalidade. Mas consegui. Falei a ele que não quero mais encontros levianos também. Senti-me tão ridícula em contar essa história. Não tenho mais vinte e poucos anos e tremer por causa de um encontro com um cara que ainda se veste com bermuda, camiseta, tênis e boné em pleno horário comercial faz com que eu me sinta tão imatura quanto ele. E melhor seria se sua vestimenta fosse mesmo o problema.

Fico confusa com as respostas que “Dr. Freud” me dá. Saio de lá meio atordoada, precisando de um tempo para digerir tudo e absorver alguma coisa que faça sentido. Não sei se tem me ajudado, mas ao menos ajuda a preencher meu tempo ocioso de dona de casa da classe média.

A verdade é que, secada minhas lágrimas, e seguindo o conselho do “Dr. Freud”, preciso mesmo rumar a minha vida. Começo a pensar em recomeçar. Atualizar o currículo, dar um up no visual. Quem sabe um silicone? É, vida nova!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seguidores