Pois cá estou, em terras africanas e ao mesmo tempo, esse louco que nos confunde a alma, parece que foi ontem e também que foi há tempos que aqui cheguei.
A viagem foi longa e dividida em escalas. 9h50 num avião, até mesmo para alguém como eu que adora avião, é excessivamente cansativo, apesar da comida e apesar de ter dois bancos só pra mim!
Em terras portuguesas senti o primeiro frio na barriga, mas uma alegria em ouvir tantas línguas, em ver tantas cores e tanta diversidade! Vou gostar disso, pensei. Como a escala seria tão longa quanto o vôo me aventurei pela terrinha em metrô e algumas caminhadas que foram do nada para lugar nenhum... O cansaço falou mais alto e me rendi num café "O melhor da brasileira" onde fui atendida por um garçom cabo-verdiano!
Deixei Portugal para depois. Aeroporto. Espera e mais um vôo que começou parecendo que seria o pior da minha vida, até descobrir bancos vagos ao fim do avião. Três bancos só pra mim. Sono e jantar.
Cabo Verde. Mal desci do avião e já senti o calor. Vou gostar disso também. Fila para mais um carimbo no passaporte. Cá estou em terras cabo-verdianas.
O Reitor da universidade foi me buscar no aeroporto, não poque eu seja assim tão importante, apenas porque um professor de Portugal chegava no mesmo vôo.
E desse momento pra cá já se foi mais de uma semana... E já pude conhecer muita gente bacana! Meus vizinhos são guineenses sempre prontos a ajudar que me fazem companhia para compras no supermercado, praia e me levam para saídas sem rumo em que pude conhecer uma Cabo Verde real, para além de um turismo plastificado.
As pessoas são lindas, estilosas e parecem sempre animadas!
Conheci a praia e o Oceano Atlântico por aqui tem águas lindas, limpas e com peixinhos que nadam com a gente! Mas aqui não tem essa coisa de cadeira de praia, guarda-sol, petiscos e cooler com cervejinha para a praia. Apenas canga e protetor. Também não há quase vendedores ou quiosques... Talvez seja um bom lugar para vender côco (e cerveja!) na praia...
Já experimentei a feijoada cabo-verdiana que é feita com feijão manteiga, legumes e carnes. Goood!
Como nem tudo são flores, logo no início acabei entrando numa conversa que me levou a aprender sobre a antropologia culturalista e compreender que minha perspectiva teórica como educadora e pesquisadora passa longe disso. Também é perceptível por aqui um machismo exacerbado que naturaliza opressões seculares à mulher, entretanto, encontrei também um acolhimento que já me faz sentir em casa!
Já tenho dois cachorros: o Revlon e a Castanha. Revlon virou meu guarda-costas e me segue por onde vou. Castanha quase sempre nos segue também! Tem ainda a Preta que perdeu uma perna traseira ao ser atropelada, mas é a mais rápida entre todos! Tem o Rucas, a Ana Maria... Muitos cachorros!
A universidade, porque afinal eu vim aqui em função de um doutorado, é pequena, mas muito acolhedora! Ontem dei minha primeira aula para a turma de Enfermagem: Direitos Humanos e Bioética e colaborei um pouco na aula de Interculturalidade na turma de Tradução. E como eu gosto da sala de aula!!! Espaço incrível esse!!! Já começo a perceber diversas possibilidades para explorar por aqui
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foi só uma semana e eu ainda tenho exatos dois meses por aqui e muito a conhecer, muito a trocar nessa perspectiva intercultural que tanto acredito e almejo!