Para que serve a utopia?

"A Utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se eu caminho dez passos, ela se distanciará dez passos. Quanto mais a procure, menos a encontrarei. Qual sua utilidade, então? A utopia serve para isso, para caminhar!"
Fernando Birri (diretor de cinema)
http://www.youtube.com/watch?v=Z3A9NybYZj8

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Ansiedalgia



Como de costume quando em Itu, no fim da tarde, caminhei com a Dalila. As ruas já não são as mesmas da minha infância. Agora existem avenidas onde antes era só mato e uma pontezinha de madeira que dava tom de aventura aos passeios infantis. Dalila me olha assustada pelo som dos carros, motos e caminhões que passam sempre apressados e barulhentos.

Eu, distraída. Penso. Essa mente inquieta que não descansa nem por um segundo. Tenho pensado muito no tempo, resultado da minha ansiedade já diagnosticada neste mundo de vidas e histórias patologizadas. Penso no ontem e no amanhã, não em seu sentido literal, mas no sentido metafórico que permite viagens distantes para o passado e o futuro. Doze dias para eu cruzar uma linha entre o seguro, meu porto conhecido e o novo, total desconhecido, virgem para que eu descubra cada cantinho com o medo e ansiedade de uma primeira vez.

Isso me causa ansiedalgia – um nome que eu inventei para tentar nomear um pouco dos sentimentos que me consomem de maneira desmedida, detesto mesmo coisas mornas. Ansiedalgia é a mistura dessa ansiedade que me consome por querer descobrir o futuro com a nostalgia por tudo de bom que vivi e a dúvida sobre querer voltar e reviver tudo, ou encarar o desconhecido... Na falta de opção, sigo em frente.


Sento num banco de praça com Dalila, ela sobe no meu colo. Vou sentir saudades. Muitas. Penso em tanta gente, no abraço do até logo que vai demorar mais que o comum e também nas pessoas das quais não vou me despedir. Penso em algumas pessoas que talvez não façam ideia que viajarão comigo, na minha mente inquieta. Penso na África e na Europa, antagônicas e complementares. Penso.

Começa a escurecer. O céu está lindo com todas aquelas cores de fim de tarde com sol e vento gelado, incomum para o mês de outubro. Mais um momento na caixinha da nostalgia, e como não dá pra parar no tempo, nem voltar pra trás, sigo em frente...


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