Como de costume quando em Itu, no fim da tarde, caminhei com a Dalila. As ruas já não são as mesmas da minha infância. Agora existem avenidas onde antes era só mato e uma pontezinha de madeira que dava tom de aventura aos passeios infantis. Dalila me olha assustada pelo som dos carros, motos e caminhões que passam sempre apressados e barulhentos.
Eu, distraída. Penso. Essa mente inquieta que não descansa nem por um segundo. Tenho pensado muito no tempo, resultado da minha ansiedade já diagnosticada neste mundo de vidas e histórias patologizadas. Penso no ontem e no amanhã, não em seu sentido literal, mas no sentido metafórico que permite viagens distantes para o passado e o futuro. Doze dias para eu cruzar uma linha entre o seguro, meu porto conhecido e o novo, total desconhecido, virgem para que eu descubra cada cantinho com o medo e ansiedade de uma primeira vez.
Isso me causa ansiedalgia – um nome que eu inventei para tentar nomear um pouco dos sentimentos que me consomem de maneira desmedida, detesto mesmo coisas mornas. Ansiedalgia é a mistura dessa ansiedade que me consome por querer descobrir o futuro com a nostalgia por tudo de bom que vivi e a dúvida sobre querer voltar e reviver tudo, ou encarar o desconhecido... Na falta de opção, sigo em frente.

Começa a escurecer. O céu está lindo com todas aquelas cores de fim de tarde com sol e vento gelado, incomum para o mês de outubro. Mais um momento na caixinha da nostalgia, e como não dá pra parar no tempo, nem voltar pra trás, sigo em frente...
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