Para que serve a utopia?

"A Utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se eu caminho dez passos, ela se distanciará dez passos. Quanto mais a procure, menos a encontrarei. Qual sua utilidade, então? A utopia serve para isso, para caminhar!"
Fernando Birri (diretor de cinema)
http://www.youtube.com/watch?v=Z3A9NybYZj8

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Há milhas e milhas distante...


Por aqui as coisas estão bem. Tem hora que até bate uma tristezinha, saudades e me sinto sozinha sem amigas mulheres, não é tão simples e não são só alegrias viver num país longe e diferente do que se está acostumada, mas abrir o coração para novas descobertas faz tudo parecer menos assustador... E tem sido uma aventura incrível!

O feriado de finados aqui é dia 1º de novembro e a professora Gertrudes me convidou para ir passear com ela e sua família. Fomos a Rui Vaz que é uma cidadezinha de montanhas, comemos milho assado e cozido e pastel de milho que é tradição aqui neste feriado e depois fomos a uma praia em Praia mesmo (aqui se vc pegar um táxi e pedir para ir à praia, vc chega no centro, não ao mar, praia aqui é praia mar) que eu ainda não conhecia – a praia mar São Francisco. Todos são sempre mto simpáticos e gentis de forma que me sinto muito a vontade para ser eu mesma. Foi um dia bem gostoso!
Montanhas em Ruiz Vaz - visão panorâmica

Casinha em Rui Vaz

Praia São Franciso

Praia São franciso - visão panorâmica


Na quinta-feira conheci a cidade-velha, que na verdade chama-se Ribeira Grande de Santiago. Foi a primeira cidade do país, onde chegaram os portugueses em 1460, tornando-se Ribeira Grande em 1462. Vi a apresentação das batucadeiras, uma manifestação cultural de mulheres que tocam, cantam e dançam. É sensacional!!!! A cidade é uma gracinha e lembra um pouquinho Paraty (RJ/ Brasil) que eu tanto amo. Ok, que caí no conto mais brasileiro de todos: ganhei uma lembrancinha porque brasileira é sempre amiga, mas depois fui “forçada” a comprar um imã de geladeira que nem queria... E lá se foram 300 escudos...

Cidade Velha
Cidade Velha

A última sexta-feira foi um desses dias em que bate um desânimo e a princípio pensei em hibernar, deitei, cochilei, pensei em ver um filme, mas lembrei que o copo pode estar metade cheio ao invés de metade vazio. Biquini, táxi e praia. Ah, o mar!!! Resolvi dar um mergulho, dessa vez com meus óculos de natação e vi peixes lindos, grandes... Em meio a isso topei com um rapaz sozinho e decidi puxar papo: Vc é cabo verdiano? Com a certeza de que eu ouviria um “I’m germany”, mas eis que ele me responde: Não, eu sou brasileiro! Foram músicas ao meu ouvido. Engatamos num papo que só terminou quase meia noite depois de dividir um táxi para voltar para casa...

Essa nova amizade fez com o que o FDS fosse bem legal com cia para vários programas, praia no sábado a tarde, lanche a noite, compras no mercado... Almoço no domingo seguido de visita ao navio logos hope (a maior livraria flutuante do mundo que tem uma pegada bem cristã com Jesus negro e bíblias e mais bíblias... Bíblia sexista, sim, bíblia para meninas e bíblia para meninos, pasme!!! Encerramos o domingo com chopinhos (cerveja de pressão aqui!) e praia no início da noite! 






A faculdade é onde eu sinto mais dificuldade. É tudo bem diferente e ainda me sinto perdida as vezes, sem saber ao certo qual meu lugar aqui. Como doutoranda não sei enquadrada como uma estudante, mas por outro lado não me sinto uma professora... Por outro lado, consegui reunir umas meninas para falar de feminismo e elas estão muito animadas!!! Já rolou um primeiro encontro no último sábado com data marcada para um novo encontro no próximo sábado. A ideia é formar coletivo feminista da Uni Piaget! :) (O reitor é q talvez ñ goste mto...) Mas tenho procurado ter cuidado para que seja um movimento delas, com a cara delas, e dentro das especificidades delas! Mas como o machismo ñ se diferencia muito acabamos todas tendo as mesmas necessidades... 

Bom, tem também essa coisa da tese, né... Pois é, eu tenho um doutorado a fazer... Tenho observado tudo e me surpreendido com muita coisa. Embora aqui seja um país africano, o fato de não estar no continente traz umas particularidades como, por exemplo, alguns cabo-verdianos não se considerarem africanos!!!! A colonização portuguesa aqui é fortíssima, o cristianismo dominou as religiões, não há manifestação de práticas religiosas de origem africana, há fundamentalismo religioso de origem evangélica e uma visão as vezes pouco crítica em relação à escravidão... :(

Por aqui eles gostam muito do Brasil e das nossas novelas, mas acabam acreditando que o Brasil é o que vêem nas novelas e nos programas do tipo balanço geralda Record, que explora o que há de pior e da pior forma e, portanto, acabam acreditando que o Brasil é mais violento do que é de fato... 

Eu tenho tido um pouco de dificuldade com a comida, logo eu que não tenho frescuras com comida, que sempre amei o bandejão da unicamp (saudades, bandeco!)... rs... Tenho comido menos e sinto mta vontade de tomar coca-cola!!! Coisa que quase nunca tomava no Brasil, aqui tomo quase td dia... =/ A carne vermelha é muito cara e não gostei da aparência no supermercado (a rede do melhor supermercado aqui é menor que o dia% do Brasil), então desde que cheguei que não como um bom bife (acho q sou capaz de morder uma vaca se encontrar no caminho, o que é mais comum do q pode parecer)... Em contrapartida já comi muito atum de lata (que é melhor que o nosso!!!) e também fresco! Há tb um chouriço que é parecido com a nossa linguiça calabresa, mas bem, bem mais forte o que já me fez enjoar tb... Os pães são deliciosos e uma das poucas coisas mais baratas que no Brasil - 10 escudos cada!!!

Agora estou me recuperando de uma virose cabo-verdiana que me deixou bem mal ontem.... Devo ter perdido uns 5 kg entre vômitos e diarreia... Mas isso me fez ir em busca de carne e legumes para uma boa sopinha... Nham! 

E até agora é isso, tudo isso!!! Parece que foi ontem que tava indo pra Guarulhos sem saber o que encontraria pelo caminho, mas na verdade já foi há três semanas!!! 

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