Lembro-me perfeitamente de como
foi há 1 mês... Uma ansiedade que não cabia em mim, misturada com uma calma que
eu não sabia que teria para um momento desses. Almoço em família com estrogonofe
(um dos meus pratos prediletos!!!) e batata ao forno com molho branco e muito
queijo... Comi menos que deveria pela ansiedade...
Fui me despedindo do Brasil ao
olhar cada coisa pela estrada, a caminho do aeroporto. As risadas no aeroporto
pelas patacoadas no elevador. O lanche no Bob’s com milk shake de Ovomaltine e
o melhor de tudo, minha família ali comigo. A despedida e minha mãe ensaiando
um choro que pedi pra ñ deixar rolar ou eu não teria coragem de embarcar.
Embarquei.
Voei e cá estou. Bem. Feliz e com saudades. Saudade das boas de quem
sabe que vai encontrar muito amor e um porto seguro na volta, mas por enquanto
a vida é de descobertas.
Foi 1 mês e parece que faz 1 ano
e ao mesmo tempo só uma semana. Paradoxos do tempo. Já conheci tanta gente,
algumas que ainda não consegui conciliar fisionomia e nome e outras que me
alegram o coração toda vez que encontro.
Mas intercâmbio não são só rosas.
Todos me diziam que seriam o melhor da vida, que é sensacional. Esqueceram de
me dizer que é difícil. Que é difícil não saber onde encontrar comida. Que é
difícil ficar doente e se ver sozinha num país onde não se sabe onde fica uma
farmácia. Que a saudade bate e a gente se sente sozinha. Que a comida pode não
agradar....
Senti-me culpada de me ver em
alguns momentos contando as semanas pra ir embora... Eu mesma não entendia, não
estava desgostando, mas me via contando as semanas... Ter amigas por perto, mesmo de longe é essencial nesses momentos, e foi aí que a Marina me acalmou o coração, dizendo que isso é muito natural, que as pessoas apenas não dizem, porque no fim, como tenho sempre dito, o que fica do intercâmbio é o copo metade cheio. Foi então que comecei a decifrar o grande lance do intercâmbio: não é que não haja perrengues. Há. Muitos. O lance está em se perceber capaz de se virar em todos eles e seguir firme. É aprender a desfrutar da vida da forma como deveríamos fazer cotidianamente - devorando cada paisagem com olhos curiosos, saboreando cada comida como se fosse única, - porque de fato é. No fim, as pessoas têm razão. Intercâmbio é mesmo tudo isso que dizem: é
sensacional, uma experiência ímpar! E é descoberta - de mundo e de si mesma.
Eu já descobri que não quero
viver longe da minha família que não seja possível eu passar um final de semana
ao mês com eles pelo menos. Quero ver minhas sobrinhas crescerem e participar
dessa fase da vida delas. Quero estar perto da minha mãe e da minha irmã porque
descobri que apesar de tão diferentes somos tão fortes e necessárias umas às
outras. Mas descobri também que sou capaz de viver sozinha, o que eu, na
verdade, já desconfiava, mas fui além, descobri que posso beber sozinha num
bar, ir sozinha à praia, e que tudo isso pode ser ótimo. Descobri que o sotaque
cearense é dos mais gostosos e realmente me encanta. Descobri que sou capaz de
encarar uma aula de improviso como lousa e giz e ter uma ótima desenvoltura
(modéstia à parte, lóóóóóógicoooo).
Algumas coisas se reforçam: não
tolero fundamentalismos de qualquer tipo, e tenho acreditado cada vez mais que
o fundamentalismo religioso é dos piores males da humanidade. A diversidade de
fato me encanta! E sigo considerando justa toda forma de amor. Toda. 💗💙💚💛💜
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