Para que serve a utopia?

"A Utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se eu caminho dez passos, ela se distanciará dez passos. Quanto mais a procure, menos a encontrarei. Qual sua utilidade, então? A utopia serve para isso, para caminhar!"
Fernando Birri (diretor de cinema)
http://www.youtube.com/watch?v=Z3A9NybYZj8

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

PULA CAAATRAACAAA!!!

Há quem diga que é baderna.

Há quem não tenha opinião.

Há quem diga que á anarquia.

Há quem concorde apenas pelo fato de economizar R$2.

Há quem não concorde porque não tem opinião.

E assim caminha a Universidade! Com passos de formiga, mas muita vontade...

Vontade de fazer a crítica, de refletir, debater...

Talvez isso explique o porquê de no Brasil a Universidade não ser ainda de massa. Mas os cursos tecnólogos estão chegando lá!

Muita gente pensando criticamente é algo realmente muito perigoso e não haveria cavalaria suficiente para o enfrentamento com esse pessoal.

Ah sim, mas existe o programa da Reforma Universitária do Governo Lula. Tem também o Pro Uni... Sim, Sim... Pois é, tem. Mas como isso já é outra conversa, deixemos para um momento mais oportuno.

Pula catraca! O quê? Pra quê? Por quê?

De baderna ou anarquia não tem nada. É uma organização dos estudantes contra a política neoliberal, cada vez mais iminente na Universidade Pública.

E o que pular catraca tem a ver com isso? O prestigiado banco Santander que quer fazer tudo “juntooo”, quer juntar-se também à Universidade controlando as catracas que dão acesso aos espaços públicos, como o restaurante universitário e algumas bibliotecas.

Grosso modo funciona assim: O espaço público é controlado pelo setor privado. Pois é! Para fazer as refeições no restaurante universitário – “bandejão” – os alunos precisam inserir créditos no seu cartão universitário – C.U., que desde 2004 tem um chip que é lido por catracas doadas pelo grupo Santander! Muito altruístas!

Em 2005 houve uma tentativa de fazer com que a inserção de créditos acontecesse apenas com depósito na boca do caixa no próprio banco. Pula catraca! As catracas continuaram lá e precisamos passar o C.U. nela para almoçar, mas ok, ao menos continuou sendo no caixa da Unicamp a inserção de créditos no C.U.

E lembrar que houve um tempo em que não precisávamos nem mostrar o C.U. ...

2010, estou de volta à Unicamp e pareço viver um dejavu. “A partir de 01/09 a inserção de créditos só poderá ser realizada nos caixas do Banco Santander ou Banco do Brasil”. A justificativa dessa vez é SEGURANÇA, uma coisa que a Unicamp terceiriza. Muito dinheiro no caixa do “bandejão” chama atenção de criminosos. Mas nos bancos não! Afinal, no Brasil os criminosos ainda não descobriram como assaltar bancos!

Pula catraca! Uma manifestação que não tem seu fim em si mesma. Mas tem como objetivo mostrar que a Universidade é constituída também de estudantes pensantes, que acreditam na Universidade Pública como um bem público que deve ser mantido sem influência privada. Estudantes que pensam, estudam, muitas vezes trabalham, mas nem por isso deixam de se reunir para uma cervejinha inofensiva no fim do dia para trocar ideias, e potencializar sua formação universitária nas interações que acontecem no currículo oculto da Universidade.

Estudantes que defendem seu direito de se alimentar por um preço acessível e com acessibilidade, uma vez que a inserção de créditos no banco, além de ir ao encontro da política neoliberal, também dificulta, e muito, a vida dos alunos. Um exemplo claro é o caso de estudantes do período noturno, que em muitas vezes são trabalhadores, e, portanto, terão muita dificuldade para colocar créditos no seu C.U., afinal, está proibida a inserção por meio de depósito em caixa eletrônico e transferência via internet. E sem créditos no C.U., nada de bandejão.

E assim caminha a Universidade...

sábado, 21 de agosto de 2010

CONVERSAS COM O ESPELHO - PARTE 3

Grrrrrrrrrrrrrrrrr!!! Que ódio!!! Ah eu sei que não é bom cultivar sentimentos negativos. Mas esse eu fui obrigada a cultivar praticamente em nome de regras sociais. Diplomacia.


Encontrei com a Sueli no shopping hoje. Mero a caso. Uma plástica a mais no rosto, cabelo alisado, mais curto agora, mas a mesma falsidade de sempre. Como pode?


O fingimento de sempre: “Cláudia, querida!!! Que saudade de você! Está sumida!”. Pois é, há tempos parei de estudar répteis e então não tenho mais porque visitá-la.


Não, não disse isso, lógico. Minha necessidade de mostrar que, apesar de todos os seus joguinhos para se promover às minhas custas na empresa, eu estava ótima, trabalhando, casada, com dois filhos ótimos, morando muito bem e ainda com meus cachorros – que ela detesta! – me fizeram ser aquela Cláudia recém-formada de sei lá quantos anos atrás – não quero pensar nesse número agora! – e falar interruptamente até quase perder o fôlego. Policiando-me para manter um sorriso no rosto que quase me deixou com câimbra e que deve ter ajudado a formar essa ruguinha nova aqui no canto. Droga!


Nossa! Sabe que talvez seja bom mesmo eu começar a pensar com mais carinho na história do peeling. Pego um feriadão e fico descascando em casa. Minha pele está um horror! Minhas amigas diriam que é falta de sexo.


Mas quer saber, no fim dos beijinhos e do cordial “Apareça!” me bateu uma tristeza. Não mais pela Sueli que já é página virada na minha vida há anos, mas por ficar imaginando quantas “Suelis” mais, ainda encontrarei na minha vida. Pessoas falsas que irão me encantar com um sorrisinho e um jeito amigo de ser e que no fundo é pura falsidade. Ai Espelho, eu realmente cultivo uma fé quase inabalável no ser humano, mas essas coisinhas...


É, eu sei, também encontrei muita gente bacana! Muita mesmo! A Mariá que me apresentou o Victor quando eu estava na maior fossa depois de um amor mal resolvido de 5 anos. Achava que ia morrer solteira e a Mariá, uma colega do trabalho que eu não tinha lá muita consideração por julgar muito pudica, na época me falou que tinha um amigo muito interessante para me apresentar, que ela achava mesmo que poderia dar certo. Desacreditei na mesma hora. Amigo da Mariá? A quase beata que acha um absurdo sexo casual, e festas regadas a álcool de vez em quando? Deve ser um cara chato, enfadonho, todo certinho. Não, obrigada. Tudo o que eu queria era o cara torto, que me desmontava com um olhar, capaz de me fazer cometer loucuras... mas a idade já avançava e eu não me permitia mais um caso tão fugaz e então Mariá foi insistente em querer me apresentar seu amigo “enfadonho”. Foi ela também a amiga que me levava caixas de lenços no almoxarifado quando eu desaparecia por muito tempo após uma ligação estranha. Foram muitas caixas. Muitas.


Sabe, Espelho, eu até sinto saudade dessa fossa. Primeiro porque a história foi incrível. Dessas de cinema, que eu jamais imaginaria viver, e depois porque esse sofrimento todo, por mais que eu fizesse todo aquele drama, dissesse que queria morrer, a sensação de estar viva era incrível, porque a latência da dor mostra o quão viva se está. Não, não sou masoquista. Mas sofrer por amor me fez mais humana e até, mais doce, talvez.


E no maior dos clichês me fez melhor para encontrar o Victor! Argh! Que coisa mais piegas! Mas no fim é verdade. Fui resistente no começo. Muito. Estava certa de que alguma coisa errada ia acontecer, mas comecei a me permitir ficar encantada novamente. Ele tinha um jeito engraçado, mas também sério quando precisava. Gostava de música tanto quanto eu. Sabia que Dostoievski não era nome de vodka. Morava sozinho desde que se formou e tinha um pique de piada que se encaixava ao meu, e aí, bingo, o impossível aconteceu! Estava apaixonada de novo.


Mariá se sentiu vitoriosa, e por meses tive que ouvi-la repetir “eu te disse”; “eu falei que ele era perfeito pra você!”; “eu não sei por que você não acreditou em mim”. A partir daí Mariá passou a ter mais credibilidade comigo, tanto que foi madrinha de casamento. Não tinha como ser diferente, não é mesmo?


Mariá é daquelas pessoas que você acha que nunca vai ser sua amiga. Não tem absolutamente nada a ver comigo. Extremamente religiosa, nem palavrão fala. Casou aos 22 anos ainda na faculdade e tem 5 filhos porque é contra métodos anticoncepcionais. Acho que ficamos amigas mais por insistência dela. Brinco dizendo que ela veio pra tentar me endireitar e mesmo assim não teve jeito! [rs]


É espelho, o mundo aí fora é assim, cheio de Suelis, mas também com muitas Mariás, e te garanto elas são bem mais interessantes que Bruxa e Branca de Neve...



sexta-feira, 20 de agosto de 2010

DIVAGAÇÕES...

Uma página em branco
Milhares de ideias!
Ideias confusas, perdidas, desconexas.
Escrever, escrever, escrever...
Sem parecer melodramática demais
Sem cair num pieguismo total
Escrever pra quê?
Esse espaço é meu e então escrevo o que eu quero...
Mentira! Se assim escrevesse, me entregaria demais...
Ah não poderia dizer tudo o que transita entre meus neurônios agora
Não tiro minha máscara por completo em lugar nenhum, nem no virtual: Orkut, MSN, e-mail, blog... tudo uma abstração do que pareço ser.
Sim, aproxima-se muito do que sou, mas não sou eu.
Ah! Eu sou muito mais complicada
Muito, mas muito mais espontânea
Mais insegura
Mais triste e mais feliz também...
Uma hipérbole disso tudo...
e um pouco mais.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

CONVERSAS COM O ESPELHO - PARTE 2

Hoje ele me perguntou o que eu tenho. O porquê de eu andar assim, tão nervosa. Nervosa? Então agora eu pareço nervosa. Quando nos conhecemos era “minha linda”; “meu amor”; “minha menina”. Que necessidade de usar pronomes possessivos! Isso deve ser trauma de infância. Filho do meio! Sempre ficou com as sobras do mais velho e via o mais novo ganhando coisas novas. Coitado.

Ah! Percebeu a mudança? O que foi? Não gostou? Eu disse que ia tingir! É, mas não tive coragem, só fiz luzes. Não quis ser tão radical. Odiei! Sei lá, eu gostava de dizer que era natural, que nesse corpinho era tudo meu e agora esse fios amarelos! Mas posso te contar uma coisa? O primo da Guida, eu juro que não procurei, foi um acaso, mas ele parece ter gostado, me olhou de um jeito que me deixou com as pernas trêmulas!!! Fico nervosa perto dele, acredita? Sei lá, me dá um frio na barriga... Isso me lembra os tempos de solteira, ah as paqueras...


Aliás, com esse cabelo assim, lembrei tanto da Raquel. A mais meiga da turma da faculdade. Bons tempos. Eu mudei muito desde o tempo da faculdade? Eu sei, você não mente! Ruguinhas e manchinhas ficaram mais nítidas desde aquela época...


Mas que saber? Lembro-me como se tivesse sido ano passado. A época da faculdade foi incrível. Foi lá que eu conheci a Paula. Ficamos tão amigas que choramos por uma tarde inteira juntas quando nos formamos. Sabíamos que dali pra frente ia ser tudo muito diferente, e olha que eu acho que não tínhamos a exata noção do quão diferente seria.


Lembro da Paula no primeiro dia que cheguei à Universidade. Achei que ela fosse biscate! [risos] Era só uma caiçara com uma calma invejável. Nunca briguei com ela! Embora aquela calma às vezes me tirasse do sério. Dividimos tantas histórias, tantos sonhos. Filosofamos em tantos botecos. Curtimos muitas festas universitárias, viagens, uma na casa da outra. Já com a Raquel, como a gente brigava!!! Mas não nos desgrudávamos. Aliás, estávamos sempre juntas, nós três.


O que foi? É, eu sei. Mudei mesmo. Claro que hoje não acho mais biscate usar short curto. Aliás, faz tempo que biscate nem faz mais parte do meu vocabulário. Outro dia ouvi uma menina dizendo piriguete. É assim que se diz agora, não é? Tem hora que me dá uma vontade de ser piriguete!!! Ah Espelho, sou casada, mas não estou morta! E não fiz nada com ele... O que é que tem? Ele me fez um carinho na perna, só isso. Achei inofensivo.


Ele me lembra um pouco aquele flerte da faculdade. O quê? Não se usa mais flerte? Tudo bem, ele me lembra aquele “ficante” da faculdade, o Trigo. Era o apelido dele. Nossa! Amassava um pão como ninguém! [risos] Não namoramos. Foi só um caso, desses que duram anos, mas que ninguém assume nada, ninguém se apaixona. Coisa da juventude! Se nos encontrávamos em alguma festa, acabaríamos a noite juntos com certeza!


Teve um dia que a Juliana brigou comigo por causa dele. Disse que não me deixaria mais ficar com ele. Coisa de bêbada. A gente ri até hoje disso. A Juliana e eu ficamos amigas mais tarde, na mesma época em que fiquei amiga da Pietra. Como nos divertimos juntas!!!


Com a Ju eu tinha uma cumplicidade de sentimentos e com a Pietra... Ah sei lá, a Pietra era de um companheirismo, pau pra toda obra mesmo e também a mais espivetada da turma. Animadíssima pra qualquer coisa. Qualquer festa, qualquer cervejinha...


Que saudade eu sinto delas. Sabe, Espelho, aquela fase foi tão intensa. Descobrimos tantas coisas, queríamos abraçar o mundo, vivemos cada festa como se o mundo fosse acabar no dia seguinte, e não acabava. Ah e como era duro te encarar no dia seguinte. Você me apresentava aquela cara de panda e surgiam as lembranças da noite passada, ou pior, as vezes, não havia lembranças... [rs]


Mas o que é isso no meu queixo??? E isso é idade para eu ter espinhas ainda? “Hormônio, calma que é por causa dos hormônios, D. Cláudia”, minha médica me diz. Calma porque ela está sempre com aquela pele de bebê. “Tem que fazer peeling, D. Cláudia!” E ficar com a cara descascando por dias? Deixar que digam no escritório que estou trocando a pele como fazem as cobras? Jamais!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

CONVERSANDO COM MARTHA MEDEIROS

PRESERVE SUA NATUREZA
Salve a Mata Atlântica, não polua mares e rios, proteja o ar que a gente respira, não deixe que ipês e plátanos sejam arrancados para dar passagem a viadutos, não pise na grama, não compre nem venda animais silvestres, mas, sobretudo, preserve sua própria natureza.
Se você não nasceu para o terno e gravata, para o ar-condicionado e para reuniões, não seja um executivo, não ambicione ter tanto dinheiro, não pegue a trilha errada porque, lá adiante, vai dar preguiça de retornar e começar tudo de novo.

Se você não se imagina passando o resto da vida ao lado de uma única pessoa, se tem fome de liberdade, se gosta de estar em trânsito e experimentar toda forma de amor, e desconfia que sempre será assim, não importa a idade que tiver, então não case, não siga padrões de comportamento para os quais você suspeita não ter talento.

Se você sente que tem um amor enorme dentro de você e precisa dividir isso com alguém, se há em você generosidade suficiente para dedicar a maior parte do seu tempo a ensinar, brincar e criar uma pessoa, então não deixe de ter um filho, mesmo que não tenha com quem concebê-lo, mesmo que pense que já perdeu esse trem: perdeu nada, adote uma criança.

Se você não suporta mais ser governado, se não tem paciência para esperar as coisas acontecerem, se seu voto não tem adiantado grande coisa, se sua cabeça está cheia de idéias simples e praticáveis, se você tem o dom da oratória, muitos amigos, um ótimo caráter e acredita que pode mudar o que está aí, filie-se a um partido, apresente suas soluções.

Se você não é capaz de ficar com vários caras num único verão, se não faz questão de sair para a balada todas as noites, se sonha em encontrar um amor de verdade, alguém que a compreenda e seja um parceiro pra sempre, então não force outros relacionamentos, lute pelo seu ideal romântico, não se avexe de estar na contramão.

Não devaste nem polua você mesmo.

Martha Medeiros



Preservar minha natureza? Talvez esse seja um dos poucos pontos em que discorde da Martha (sinto-me íntima já! [rs]) A natureza propriamente dita é feita da diversidade, e então por que eu também não posso ser? Porque "quando você acha que encontrou todas as respostas, vem o mundo e muda todas as perguntas" mesmo! (Editado em 22/08/2010)


Tinha a certeza de que era uma acadêmica e que estudando, pesquisando e estando para sempre no mundo paralelo da Universidade eu seria feliz. Engano meu. Talvez não seja isso. Mas sinto uma preguiça e um não saber como retornar e começar tudo de novo.

Já quis ser atriz. Desisti fácil. Falta de talento? Talvez. Mas principalmente, falta de insistência, de trabalho, de fé em mim mesma.

Imagino-me passando o resto da vida ao lado de alguém. Um único alguém. Mas tenho fome de liberdade. Quero quebrar com padrões, mas como é difícil!

Vou adotar uma criança. Sim, tenho um amor enorme dentro de mim e preciso dividir isso com alguém.

Tenho sim a cabeça cheia de ideias, paciência está longe de ser uma das minhas qualidades, sinto que meu voto tem significância negativa nesse país, meu caráter é questionavelmente bom, quero mudar muita coisa, mas não vou me filiar a um partido. Nunca? Não digo mais... Hoje não.

Já fui capaz de ficar com várias caras num único verão... Hoje só sonho em encontrar um amor de verdade, alguém que me compreenda e seja um parceiro pra sempre, mas talvez forçar um outro tipo de relacionamento possa ser o meu ideal romântico momentâneo...

Mírian L. Gonçalves

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