Há quem diga que é baderna.
Há quem não tenha opinião.
Há quem diga que á anarquia.
Há quem concorde apenas pelo fato de economizar R$2.
Há quem não concorde porque não tem opinião.
E assim caminha a Universidade! Com passos de formiga, mas muita vontade...
Vontade de fazer a crítica, de refletir, debater...
Talvez isso explique o porquê de no Brasil a Universidade não ser ainda de massa. Mas os cursos tecnólogos estão chegando lá!
Muita gente pensando criticamente é algo realmente muito perigoso e não haveria cavalaria suficiente para o enfrentamento com esse pessoal.
Ah sim, mas existe o programa da Reforma Universitária do Governo Lula. Tem também o Pro Uni... Sim, Sim... Pois é, tem. Mas como isso já é outra conversa, deixemos para um momento mais oportuno.
Pula catraca! O quê? Pra quê? Por quê?
De baderna ou anarquia não tem nada. É uma organização dos estudantes contra a política neoliberal, cada vez mais iminente na Universidade Pública.
E o que pular catraca tem a ver com isso? O prestigiado banco Santander que quer fazer tudo “juntooo”, quer juntar-se também à Universidade controlando as catracas que dão acesso aos espaços públicos, como o restaurante universitário e algumas bibliotecas.
Grosso modo funciona assim: O espaço público é controlado pelo setor privado. Pois é! Para fazer as refeições no restaurante universitário – “bandejão” – os alunos precisam inserir créditos no seu cartão universitário – C.U., que desde 2004 tem um chip que é lido por catracas doadas pelo grupo Santander! Muito altruístas!
Em 2005 houve uma tentativa de fazer com que a inserção de créditos acontecesse apenas com depósito na boca do caixa no próprio banco. Pula catraca! As catracas continuaram lá e precisamos passar o C.U. nela para almoçar, mas ok, ao menos continuou sendo no caixa da Unicamp a inserção de créditos no C.U.
E lembrar que houve um tempo em que não precisávamos nem mostrar o C.U. ...
2010, estou de volta à Unicamp e pareço viver um dejavu. “A partir de 01/09 a inserção de créditos só poderá ser realizada nos caixas do Banco Santander ou Banco do Brasil”. A justificativa dessa vez é SEGURANÇA, uma coisa que a Unicamp terceiriza. Muito dinheiro no caixa do “bandejão” chama atenção de criminosos. Mas nos bancos não! Afinal, no Brasil os criminosos ainda não descobriram como assaltar bancos!
Pula catraca! Uma manifestação que não tem seu fim em si mesma. Mas tem como objetivo mostrar que a Universidade é constituída também de estudantes pensantes, que acreditam na Universidade Pública como um bem público que deve ser mantido sem influência privada. Estudantes que pensam, estudam, muitas vezes trabalham, mas nem por isso deixam de se reunir para uma cervejinha inofensiva no fim do dia para trocar ideias, e potencializar sua formação universitária nas interações que acontecem no currículo oculto da Universidade.
Estudantes que defendem seu direito de se alimentar por um preço acessível e com acessibilidade, uma vez que a inserção de créditos no banco, além de ir ao encontro da política neoliberal, também dificulta, e muito, a vida dos alunos. Um exemplo claro é o caso de estudantes do período noturno, que em muitas vezes são trabalhadores, e, portanto, terão muita dificuldade para colocar créditos no seu C.U., afinal, está proibida a inserção por meio de depósito em caixa eletrônico e transferência via internet. E sem créditos no C.U., nada de bandejão.
E assim caminha a Universidade...