Para que serve a utopia?

"A Utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se eu caminho dez passos, ela se distanciará dez passos. Quanto mais a procure, menos a encontrarei. Qual sua utilidade, então? A utopia serve para isso, para caminhar!"
Fernando Birri (diretor de cinema)
http://www.youtube.com/watch?v=Z3A9NybYZj8

terça-feira, 7 de setembro de 2010

CONVERSAS COM O ESPELHO - PARTE 4

PARTE 1

Resolvi me pesar hoje. 2 quilos mais gorda! Não adianta ficar aí, como quem diz, eu estava te mostrando! E quanto mais gorda, mais vontade de comer, parece que meu estômago dilatou e tenho a sensação de que comeria o mundo aos bocados!

O que? Se estou triste? Não. Nem triste, nem feliz. Outro dia o Victor me chamou de apática porque disse que ele poderia escolher os sabores da pizza. Então eu sou apática porque ele não consegue mais fazer isso sozinho?!?!?!?!?!?!

Mas talvez ele tenha razão. Não pela pizza, óbvio. Mas eu engatei mesmo uma 5ª marcha na vida e tenho percorrido por muita coisa sem perceber e esquecer uma reunião de pais me fez ligar o alerta vermelho. Que tipo de mãe esquece a reunião de um filho, me diz? Não, não me diz! Meu terapeuta veio com uma história de ato falho. Disse que esqueci pela necessidade de tirar umas férias para mim. Tive vontade de mandá-lo a merda! Aquele olhar de “hummm, fale mais sobre isso”, como se fosse capaz de interpretar tudo.

Ah é, ñ tinha te dito, né? Estou visitando um terapeuta regularmente! Deveria ter escolhido fazer academia ao invés de terapia, mas apoiada pelo “Todo dia enfrente pelo menos uma coisa que te meta medo de verdade” lá fui eu encarar um psicoterapeuta. Conselho da Guida que acha que eu preciso colocar as ideias no lugar para passar por essa crise que se instaurou na minha vida. E então descobri que minhas amigas acham que estou em crise. Ótimo.


O que eu achei de lá? Achei tudo muito esquisito, lógico. Sim, fui de óculos escuros e uma roupa que não costumo usar muito para não ser reconhecida no caso de encontrar mais alguém que tenha recorrido a conselhos freudianos. Não sei se gostei, mas saí um tanto quanto mais confusa do que entrei, e cheguei a conclusão de que se a terapia não me enlouquecer, eu saio dessa “crise” em que todos resolveram me colocar!

Pele opaca e manchinhas, adeus! Amanhã vocês serão varridas desse rostinho. Pois é, vou experimental o tal do peeling. “Peeling, eu? Nunca!” Quanta incoerência!



Quer saber? Estou me dando o direito de ser incoerente. Sim. Sempre fui muito certinha. Segui rigorosamente a todos os clichês socialmente aceitos. Até apaixonada por professor no colegial eu fui. Me achava muito malandrona, e hoje não consigo pensar em nada mais piegas pra idade.


Ao menos a minha crise conjugal não aconteceu no fatídico 7º ano de casada. Às vésperas de bodas de pérola, temo que completar dez anos seja mais difícil que completar sete, como dizem.

Sim, Victor é um cara bacana, não tenho dúvida. Bom marido, até onde sei. Ótimo pai. E só por isso já valeu a pena. Mas já que resolveram me colocar numa crise, talvez eu esteja em crise com os clichês, que sempre detestei. Buquê de rosas vermelhas! Nãããão! Sou mais florzinhas colhidas pela rua com bilhetinho romântico no estilo Domingos de Oliveira. E como depois de dez anos ele ainda não sacou isso?


Isso sem contar nos pães moreninhos. Às vezes acho que ele faz pra me irritar. Nos bons momentos ele diz que fico linda irritada. Acho bonitinho quando ele fala isso. Mas fico enlouquecida em como ele é capaz de me irritar!

Sabe que estou me acostumando com as luzes. Já pensei até em retocá-las. Ou, de repente, tentar o loiro mesmo. Essa ideia ainda transita na minha cabeça em crise. Quem sabe para comemorar as bodas de pérola. Se chegarmos lá...

Victor tem grandes planos. Diz que quer fazer uma segunda Lua de Mel. E talvez seja disso que eu tenha medo. De me ver ali com ele novamente, como um casal com o compromisso de se amar por uma semana e mais nada. Pauta para a próxima terapia.

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