Frida tinha os cabelos em pé, de susto! Dezembro de novo... O ano chegou ao fim, o tempo corre ainda mais depressa, e deixa a sensação de que a cada minuto o tempo fica mais escasso.
Frida começa a analisar o extrato do ano. Suas perdas e seus ganhos. Isto, somado ao seu inferno astral de vésperas de aniversário a faz pensar em tudo que aconteceu, mas, principalmente, no que não aconteceu.
Frida tem a péssima mania de pensar demais. De querer entender tudo. Terminar o ano sem uma conclusão sobre os acontecimentos da vida, se são frutos do acaso ou do destino, tiram dela algum resquício de sossego que poderia existir nesta época do ano.
A época a conduz à uma nostalgia amarga que faz com contabilize cada sonho não realizado, cada meta ainda não alcançada e nos objetivos que precisa (precisa?) realizar na vida. Pensa em fazer tanta coisa e em como conseguir fazer tudo isso quando o tempo parece apostar corrida com a vida o tempo todo.
Apesar das feridas, algumas ainda mal cicatrizadas, Frida é capaz de lembrar com alegria das conquistas e valorizá-las. Sabe do esforço e do trabalho que teve para alcançar cada uma, mas no fim vai percebendo que ainda lhe resta um vazio e sente-se impotente diante da vida que parece ditar uma rota que nem sempre é a que escolheu.
Frida pensa em tudo e em como guardar num lugarzinho especial todas as lembranças desse ano. Algumas esperanças despedaçadas pelo caminho. Perdas irreparáveis. Esperanças sobrevivendo, às vezes, por um fio de luz que clama por algum oxigênio para manter-se acesa.
Busca energia para seguir em frente. É uma romântica incorrigível (ou não) e encontra novo fôlego numa flor que nasce quase do cimento. No sorriso de uma criança que ainda nem sabe falar, mas já troca olhares que a cativam e a faz acreditar que a briga por um mundo melhor vai sempre valer a pena.
Pensa no ano que está por vir e nessa sensação de estar ganhando mais doze meses para fazer o que quiser. A ilusão mais utópica que pode existir. Mas já tem consigo a clara convicção de que a utopia serve para isso, para caminhar...