Para que serve a utopia?

"A Utopia está no horizonte. Eu sei muito bem que nunca a alcançarei. Se eu caminho dez passos, ela se distanciará dez passos. Quanto mais a procure, menos a encontrarei. Qual sua utilidade, então? A utopia serve para isso, para caminhar!"
Fernando Birri (diretor de cinema)
http://www.youtube.com/watch?v=Z3A9NybYZj8

domingo, 11 de dezembro de 2011

DEZEMBRO DE NOVO...

Frida tinha os cabelos em pé, de susto! Dezembro de novo... O ano chegou ao fim, o tempo corre ainda mais depressa, e deixa a sensação de que a cada minuto o tempo fica mais escasso.
Frida começa a analisar o extrato do ano. Suas perdas e seus ganhos. Isto, somado ao seu inferno astral de vésperas de aniversário a faz pensar em tudo que aconteceu, mas, principalmente, no que não aconteceu.
Frida tem a péssima mania de pensar demais. De querer entender tudo. Terminar o ano sem uma conclusão sobre os acontecimentos da vida, se são frutos do acaso ou do destino, tiram dela algum resquício de sossego que poderia existir nesta época do ano.
A época a conduz à uma nostalgia amarga que faz com contabilize cada sonho não realizado, cada meta ainda não alcançada e nos objetivos que precisa (precisa?) realizar na vida. Pensa em fazer tanta coisa e em como conseguir fazer tudo isso quando o tempo parece apostar corrida com a vida o tempo todo.
Apesar das feridas, algumas ainda mal cicatrizadas, Frida é capaz de lembrar com alegria das conquistas e valorizá-las. Sabe do esforço e do trabalho que teve para alcançar cada uma, mas no fim vai percebendo que ainda lhe resta um vazio e sente-se impotente diante da vida que parece ditar uma rota que nem sempre é a que escolheu.
Frida pensa em tudo e em como guardar num lugarzinho especial todas as lembranças desse ano. Algumas esperanças despedaçadas pelo caminho. Perdas irreparáveis. Esperanças sobrevivendo, às vezes, por um fio de luz que clama por algum oxigênio para manter-se acesa.
Busca energia para seguir em frente. É uma romântica incorrigível (ou não) e encontra novo fôlego numa flor que nasce quase do cimento. No sorriso de uma criança que ainda nem sabe falar, mas já troca olhares que a cativam e a faz acreditar que a briga por um mundo melhor vai sempre valer a pena.
Pensa no ano que está por vir e nessa sensação de estar ganhando mais doze meses para fazer o que quiser. A ilusão mais utópica que pode existir. Mas já tem consigo a clara convicção de que a utopia serve para isso, para caminhar...

NÃO INTERESSA

O que é preciso entender quando algumas escolhas são feitas é que comparações não respondem coisa alguma. Não interessa se ela é mais velha ou mais nova que você, mais bonita ou mais feia, mais gorda ou mais magra, se tem silicone ou não, se tem, ou não, o cabelo mais bonito, se é mais burra que você, se escreve tudo errado, se tem um comportamento que você aos 16 já tinha superado e se usa expressões que você teria vergonha de dizer até para você mesma, mas que ela expressa, orgulhosa, nas redes sociais. Não interessa. Ela foi a escolhida e por mais que você, às vezes, até ganhe uma gracinha cafajeste do “escolhedor”,  sabe que não lhe resta muito mais que isso. Não interessa que ela escreva erradas as palavras mais simplórias e, que apesar de ter concluído o ensino superior, não saiba diferenciar um pato de um avestruz. Não interessa que tenha um nariz mais feio que o do Michael Jackson e mesmo assim sinta-se a Sandra Bullock... O que interessa nesta história é a certeza sobre si e a certeza de que alguém que fez uma escolha a partir de tais qualidades realmente não seria capaz de ter ao lado uma mulher como você. Afinal, cada caminhão sabe exatamente a areia que pode carregar...

Camile Rosa

domingo, 20 de novembro de 2011

"E foi então que eu desisti de aceitar migalhas de alguém que não merecia, sequer, as minhas migalhas."
Camile Rosa
"E se tratando de amor, não gosto de nada pela metade, morno, mais ou menos. Gosto de intensidade. De sim ou não. De 8 ou 80. De quente ou frio. Gosto de decisão, de quer ou não quer, porque até para amante, é preciso um mínimo de talento." Camile Rosa
"E tem horas que a gente quer parar com tudo. Repensa e procura sentido pro caminho que trilhou. Não encontra. E porque não conhece outra direção, continua. E assovia..." Camile Rosa
"Ensinaram-os a pensar e quando viram que pensavam demais, chamaram a PM pra tentar controlar" Camile Rosa


sábado, 12 de novembro de 2011

A QUESTÃO DA PM NA USP

Fazia muito tempo que eu não me dedicava tanto a um tema que muitos poderiam dizer – não tem nada a ver comigo. Pois tem sim!
Tem porque admiro e me identifico com aqueles “vândalos”, estudantes que lutam por uma Universidade legitimamente pública, gratuita e de qualidade. Que lutam por acessibilidade. Que independente de serem ou não filhinhos de papai, acreditam que apenas uma educação de qualidade é capaz de mudar a situação lamentável desse Brasil.
E brasileiro se mostrou um povo mesmo sem opinião. Muita gente que postou coisa, depois ficou em cima do muro, “despostou” e achou melhor não comentar mais nada. Gente que demonizava a PM, que agora aplaude sua ação truculenta com 400 homens NÃO identificados, tropa de choque, cavalaria e helicópteros contra estudantes. Gente que critica que brasileiro é acomodado, mas que quando vê qualquer tipo de movimento social, se junta logo a essa mídia manipuladora para criticar e criminalizar o movimento sem conhecer as reais reivindicações. Que coisa triste!
A forma como as coisas foram noticiadas, a mídia, o senso comum, as charges baratas, as piadinhas dos que não entendem, não querem entender e não fazem questão de entender por fazer apologia à filosofia do mínimo esforço e assim, não ler, não buscar e ficar por aí, vendidos pelo interesse dos que querem uma Universidade repressora.
Discuti com muito empenho nas redes sociais, nas conversas onde o assunto se tornou pauta tentando mostrar que a questão não é maconha. Nunca foi. A questão da PM na USP é muito mais antiga que o caso de três estudantes pegos fumando.  A questão da PM na USP é sobre liberdade de expressão e democracia REAL. É sobre um reitor ditador, que não foi escolhido pela comunidade acadêmica, mas sim indicado pelo tão democrático Governador Geraldo Alckmin.
Por isso tudo, sinto-me ofendida em ver tantas ofensas baratas de gente que não para pra pensar e ver o que está por trás do que é mostrado. De gente que se diz envergonhada em saber apenas agora de tudo o que aconteceu numa ditadura e não consegue perceber que ainda vivemos resquícios dela.
Sei que o Movimento Estudantil, como qualquer outro, tem seus enganos, seus erros. Mas acreditar que esses jovens sejam vândalos, filhos de papai, mimados que estão parando uma Universidade inteira apenas para fumar maconha sem serem incomodados é no mínimo ingenuidade. Até porque no Brasil, não é preciso isso para que se fume maconha à vontade.
E o que dizer da hipocrisia? Gente que suborna para não levar multa. Que se orgulha quando dá um jeitinho para pagar menos no Imposto de Renda, que picha e quebra telefone público, rouba placas de trânsito, mas enche a boca para dizer do absurdo que é esses estudantes destruírem um patrimônio público, coisa que diferente do que foi divulgado, não aconteceu, enfim...
“O sistema é foda, e ainda vai morrer muito inocente”
Capitão Nascimento.
“Hoje você é quem manda, falou ta falado, não tem discussão
A minha gente hoje anda falando de lado e olhando pro chão, viu
Você que inventou esse Estado, que inventou de inventar toda escuridão
Você que inventou o pecado, esqueceu-se de inventar o perdão
Apesar de você, amanhã há de ser outro dia
Eu pergunto a você onde vai se esconder da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir em cantar?”
Chico Buarque – Apesar de você


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

CONVERSAS COM O ESPELHO - PARTE 13

Parte 12

Não me sinto desleal, porque comentei com Victor que havia encontrado um amigo. Disse que foi por acaso. Mas sua indiferença anda tamanha que nem perguntou quem, quando?.... E agora eu entendo o por quê. Era ele quem estava pulando fora. Muito antes de mim talvez.

Como eu me sinto? Perdida! Desorientada! Então depois de dez anos eu volto a dormir sozinha. Pedrinho me acordou no meio da noite com medo. Fico impressionada em como as crianças não imaginam o medo que os adultos também sentem. Agora mesmo, eu estou apavorada!

Acordei com o Pedrinho abraçado em meu braço. Parecia uma miniatura do Victor. Júlia não fala comigo desde que o pai saiu de casa. Ela me culpa única e exclusivamente. E se eu esperava por uma guinada, a vida conseguiu me surpreender ainda mais do que eu poderia imaginar. Nunca me imaginei solteira novamente aos 40 anos com dois filhos ainda crianças. Eles só tem 5 e 8 anos!

Não. Não é definitivo! Marcamos de conversar hoje à noite e estou morrendo de medo. Uma única semana e foi suficiente para eu perceber que sim, quero envelhecer ao lado do Victor, apesar de ficar na dúvida se é amor ou sentimento de posse. Imaginá-lo com outra, logo ele que em enjoava com tantas juras de amor eterno, me deixou enlouquecida. Não sei se é o caso, mas qual outro motivo de Victor pedir esse tempo e sair assim de casa, depois de um longo período de indiferença?

A minha cara está horrível! Não quero que ele pense que estou abatida por sua causa. Marquei cabeleireiro. Decidi tirar as luzes e fazer um corte novo. Deixar o cabelo crescer depois.

Meu medo? Que ele esteja bem. Que queira tratar do divórcio. Eu não tenho cabeça pra isso agora. Mas farei como ele quiser, mantendo a compostura. Sempre! Acho um horror mulher que não aceita. Que se humilha. Se for o que ele quer, é o que ele terá.

O que estou falando? Não! Não! No fundo acho que ele vai me pedir desculpas. Explicar o que aconteceu. Fazer com que eu entenda essa sua mudança repentina, porque eu não consigo viver nessa ausência de porquês. Acho que vamos rir no final e voltaremos juntos para casa.

Deve ser por isso que ele marcou o jantar no Iguanas. Foi lá que tivemos os melhores jantares de recém-casados quando entornávamos garrafas de vinho e acabávamos a noite muito bem. Ah velhos e bons tempos...

Maldita ansiedade! Ficar recordando estes tempos me deixa ainda mais insegura, mais ansiosa. O que será que ele tem pra me dizer? Como será que ele está? No telefone parecia abatido, mas ele sempre foi bom com imitações... Como desejo não mais pensar tanto! Mas nunca consegui desenvolver muito bem a técnica da Guida de “Não vou mais pensar!”

Que roupa eu visto? Terninho tipo mulher séria profissional, ou um vestido com um decote feito pra matar? Ele pode pensar que é provocação... Vou pensar em algo meio termo.

Sim! Marquei hora na depilação e manicure. Estou juntando o útil ao agradável... Estava mesmo precisando disso e já que vou ao cabeleireiro, marquei logo pacote completo! É sempre bom se prevenir e evitar também lingeries desapropriadas...

Patética! Como eu me sinto patética em ficar imaginando, prevendo, decorando falas para uma conversa que talvez não venha a existir.

Fico pensando que precisava desse susto. Será isso? Victor percebeu e quis me dar um susto???

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Outra vez...

Distância, esse é o nome! Não é amor, não é loucura, não é nem ao menos falta de amor próprio. A distância somada a essa saudade que faz lembrar-me de ti como o maior dos meus casos, este é o problema. A distância que faz com que a idealização sobre alguém que não existe, domine meu pensamento e me faça ter coragem de cometer as mesmas loucuras pela última vez, mais uma vez.

Essa distância que faz com que eu recorde do seu abraço sentindo um frio na espinha, que faz com que eu me lembre de você considerando-o o maior dos meus amores, o mais complicado e o mais errado. A distância que faz com que eu queira essa brincadeira, a mais séria que já me aconteceu, mais uma vez, pela última vez...

Essa distância que faz esquecer-me de tentar te esquecer. Que apesar de tantas tentativas de entender, aceitar te querer por querer...

A distância que faz com que me lembre de ti como a felicidade, e também a maldade que só me fez bem. A saudade que faz com que me lembre de ti como o melhor dos meus planos e o pior dos enganos que eu pude fazer... Ah essa saudade que eu gosto de ter... só pra sentir você mais perto de mim, outra vez...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Viajar é isso...

E foi então que eu comecei a dar mais valor também para o que tem de belo na minha cidade, a pequena grande Itu...
Depois de tanto admirar arquiteturas e paisagens nunca antes vistas em países diferentes, ao voltar percebo as belezas tão próximas que passam despercebidas pelo olhar já gasto, mas não atencioso às belezas tão próximas.
Dessa viagem, além de fotos e muitas histórias, fica também a lição. Viajar é isso. É abrir-se para o novo e atentar-se para o velho. Conhecer uma nova cultura, uma nova língua e não cansar-se de tentar falá-la o tempo todo. É caminhar por 4 quadras, coisa de 20 minutos e parar para pedir informação a cada 4 quadras que se passam, e ainda faltar 4 quadras e 20 minutos... É ser enganado por agências de turismo que apresentam um super desconto por um tour fantástico por duas cidades pelo litoral do Pacífico e garantir um almoço por 8 mil pesos que servem bem duas pessoas, mas ao final pagar 14 mil pesos por um peixe com um molho que parecia creme de leite com camarão cru e ainda sair rindo de sua própria ingenuidade. É tomar chuva com um frio congelante só para poder dizer que sim, eu já pisei no Oceano Pacífico! Pagar 200 pesos para usar o banheiro. Tirar foto no metrô até o guarda pedir para parar... Chegar cansada, pensar em deitar e dormir, mas lembrar de que a vida é muito curta e encarar mais um pouco de frio para conhecer uma salsa chilena! Fazer amigos e tentar aprender a “salsar”. Treinar o inglês com australianos. Conhecer outras línguas... Ficar até às 4h na salsa, mesmo sabendo que vai acordar cedo para aproveitar o dia. Acordar passando mal por causa dos piscos sour... Não desistir dos passeios e sair com uma banana na mão para garantir não passar fome. Caminhar fotografando tudo, mesmo não sabendo o que cada prédio ou paisagem significa. Tentar entender um mapa e pedir informações para encontrar os pontos turísticos. Ficar perdido. Andar quase que em círculos, ou zigue zague. Ficar impressionada com a beleza de tantas coisas novas e ficar pensando nas pessoas que não tiveram essa chance, e não terão, jamais... Rir das próprias idiotices. Conhecer a neve e ter a mão congelada por alguns momentos. Aprender que para tentar esquiar é preciso mais que os equipamentos. Sim, é preciso luvas e aulas. Contentar-se em ficar vendo as crianças pequenas aprendendo a esquiar enquanto se faz anjinho na neve. Ter o rosto queimado por um sol radiante num frio de 1 ou 0º... Ficar muito feliz por não ter que pagar 25 mil pesos para apenas brincar na neve. Ser enganada por uma peruana que queria dividir sua entrada para pagar meia e levou três trouxas para o parque onde só havia pistas radicais, quando queríamos brincar com boias na neve. Tirar foto como uma esquiadora quase profissional, mesmo sem nem tentar esquiar. Dormir em cada viagem de vã ou ônibus para tentar descansar um pouquinho. Tomar um suco achando que tinha pedido carne. Ficar triste em ter que arrumar a mala pra voltar. Acordar cedo para ir ao aeroporto. Chegar a outro país e sair tentando aproveitar as 12 horas por lá. Tirar foto de tudo já de dentro do circular. Conhecer a praia do Rio de La Plata. Pegar carona com um uruguaio. Caminhar pela praia do rio num frio de 9º com um vento congelante. Voltar para o aeroporto e saber um pouco como o personagem de “O Terminal” se sentiu, tendo que esperar por um voo corujão de 1h10 da manhã. Aproveitar para fazer umas comprinhas no free shopp. Deitar no chão do aeroporto aguardando pelo embarque com a certeza que cada minuto valeu a pena!

sábado, 20 de agosto de 2011


E a vida, de repente, consegue me surpreender.

E não é que os clichês fazem sentido! Quando menos se espera, as coisas vêm. E profissionalmente parece que, finalmente, está tudo se acertando. E talvez tivesse que ser mesmo assim. Foi tudo o que plantei nos últimos 8 anos... Chegou a hora de colher os frutos! O pomar está florido como eu queria, resta agora torcer para que os frutos sejam saborosos...

E se o meu pomar está florido, resta agora cuidar de outras plantações... Afinal, uma dieta balanceada não pode ser apenas com frutas, não é mesmo? Mas como dizem todos, e acabo concordando pra ficar mais fácil, semeei muito pelo campo profissional e então, nada mais natural que esse campo esteja agora assim, tão florido...

A verdade é que não sei exatamente como cuidar de outros campos e, depois de tudo, tenho cultivado os clichês. Estou cuidando do meu jardim e esperando que a vida possa ainda me surpreender...

domingo, 31 de julho de 2011

RELATOS DE UMA ENDOSCOPIA

Quem já fez endoscopia e tem um organismo minimamente sensível, sabe sobre o que estou falando. Quinta feira, endoscopia agendada para 11h20. A recepcionista me disse que eu deveria estar em jejum de 6 horas para o temido exame e então, se quisesse, poderia tomar um café às 5h da manhã e depois não poderia ingerir mais nada. Jejum absoluto. Fiquei dividida entre minhas sagradas horas de sono – que geralmente passam das 8h necessárias para a maioria da humanidade – ou a necessidade de quebrar um jejum que se estenderia por umas 16 horas. Optei pelas minhas horas de sono.

Fraca, acordei mais tarde que o normal e permiti-me não realizar grandes esforços e dedicar o dia para fazer “coisas femininas”. Depilação em casa mesmo, com aquela maquininha que tira o pelo pela raiz. Sabe se lá se seria preciso tirar a roupa para o exame, não queria me apresentar como a mulher ursa, apesar de reconhecer suas qualidades...

A hora foi passando e o meu humor que já não anda dos melhores, foi piorando um pouco como consequência desse jejum que já chegava às 14 horas... Bom, 11 horas eu estava pronta. Banho tomado, pele de pêssego e uma fome de leão, esperando pela minha mãe que seria minha acompanhante, mais uma exigência do exame.

Na clínica, fui coagida a assinar um termo de responsabilidade pelo exame, apesar de na literatura médica não haverem muitos relatos de problemas relacionados ao exame, fazia-se necessário que eu estivesse ciente do risco. Qual? Também não ficou claro para mim.

Estava tudo atrasado, lógico. E a mistura de fome com ansiedade por não fazer a mínima de ideia de como era possível que inserissem uma câmera até meu estômago sem que eu percebesse foi me deixando uma pilha. No auge da adrenalina, fui chamada. Entro numa sala em que parecia ser possível fazer um transplante de estômago, não apenas uma espiadinha nele, como era o caso.

Mandaram-me deitar e ficar de lado. Estranhei. Sou muito curiosa. Perguntei na mesma hora: “Por que de lado?” Achei a mulher meio fria. Disse-me: Você não vai fazer o exame? Minha vontade era dizer: “Eu perguntei primeiro!” para quebrar aquela tensão, mas para garantir logo que não fariam exame errado, porque sei que câmeras podem entrar por outros orifícios que não a boca, garanti logo: “mas o exame é pela boca, né?” Fiquei mais tranquila em deixar as coisas esclarecidas.

Logo veio a enfermeira com uma injeção para ser aplicada na veia. Ela percebeu minha tensão e passou a ser mais compreensiva. “Esse remédio vai te dar um sono, pode dormir, quando o exame acabar eu acordo você.” Lembro-me de dizer: “estou sentindo meu corpo todo formigar”. Depois disso acordei em outra sala, esparramada numa poltrona, querendo falar sobre a minha indignação porque não conheci a médica. Não sei quem foi a pessoa que introduziu um tubo pela minha boca (assim espero!) que deve ter chegado até o meu estômago.

A memória desse momento foi bastante afetada pelo tal remedinho que me daria sono. Remedinho porreta esse! Fiquei numa embriaguez inexplicável. Tinha a sensação de estar torta e segundo me contaram, pedi e insisti muito para que tirassem uma foto para que eu pudesse ter certeza que estava mesmo tudo no lugar. Também sentia o peso da gravidade de uma maneira muito mais intensa.

Aos poucos fui recuperando a força e meio apoiada consegui ir andando até o carro, que estava estacionado num lugar estratégico, para as vendedoras, parado em frente a uma loja de lingerie, logo eu que sou meio de esquerda, virei à direita, para a loja, claro! Depois de uma boa depilação nada melhor do que escolher lingeries novas. Nesse momento eu já quase conseguia andar sem ajuda. As vendedoras aproveitaram-se um pouco da minha embriaguez e acabei comprando 2 sutiãs + 2 calcinhas para “conjuntar” + 1 top amarelo para ginástica. Pechincha, total. Tudo por um precinho que só dava pra acreditar estando mesmo meio embriagada!

terça-feira, 26 de julho de 2011

CONVERSAS COM O ESPELHO - PARTE 12

PARTE 11


Pareço um recém-nascido, inchada de tanto chorar. Entreguei-me a esse sentimento de angústia, ansiedade e desespero que tomou conta de mim nas últimas semanas. Decidi sentir tudo intensamente, controlando-me apenas para cumprir com os papeis sociais impostos. Ser mãe, dona de casa e responder “tudo bem” aos que me cumprimentam cordialmente.

Consegui ao menos cumprir com êxito o papel de mãe. Arrumei as malas e despachei as crianças para o acampamento de inverno que elas tanto gostam, para o meu alívio e alívio também do meu sentimento de culpa. Malas prontas, viagem paga no cartão de Victor e lá foram elas, felizes para uma semana longe de casa.

Senti-me livre. Chorei por três dias e passei pelas fases do desespero, da tristeza, da raiva e da agonia por uma notícia que me tire dessa apatia em relação ao mundo. Não consigo aceitar a demissão, não aguento mais a cordialidade irritante de Vitor, não aguento minha vida de dona de casa, enfim, não aguento e não quero mais ser obrigada a aceitar um mundo em que não escolhi estar. Sinto-me colocada dentro de um quebra-cabeça em que não faço parte. Não encaixo mais.

Meu “Dr. Freud” disse que preciso entender o lugar onde me encontro para então buscar o lugar onde quero estar. Sei exatamente onde quero estar, foi o que respondi à ele. E ele lá com aquela cara de “hum” de sempre. Ele me incomoda, mas ao mesmo tempo é bom poder falar descontroladamente por 1 hora sem me preocupar se estou falando d+, ou se estou alugando alguém. Ele está lá exatamente pra isso e é muito bem pago para isso. A fatura do cartão que o diga!

Tive receio em falar sobre isso, porque diferente do que mostram nos filmes, não consigo chegar e sair falando todas as verdades nuas e cruas sobre mim com naturalidade. Mas consegui. Falei a ele que não quero mais encontros levianos também. Senti-me tão ridícula em contar essa história. Não tenho mais vinte e poucos anos e tremer por causa de um encontro com um cara que ainda se veste com bermuda, camiseta, tênis e boné em pleno horário comercial faz com que eu me sinta tão imatura quanto ele. E melhor seria se sua vestimenta fosse mesmo o problema.

Fico confusa com as respostas que “Dr. Freud” me dá. Saio de lá meio atordoada, precisando de um tempo para digerir tudo e absorver alguma coisa que faça sentido. Não sei se tem me ajudado, mas ao menos ajuda a preencher meu tempo ocioso de dona de casa da classe média.

A verdade é que, secada minhas lágrimas, e seguindo o conselho do “Dr. Freud”, preciso mesmo rumar a minha vida. Começo a pensar em recomeçar. Atualizar o currículo, dar um up no visual. Quem sabe um silicone? É, vida nova!

terça-feira, 12 de julho de 2011

A vida inédita pela frente...

"a vida inédita pela frente" Foi o que li no msn de uma amiga...

A beleza e a crueldade do ineditismo da vida... Como avaliar qual é a qualidade mais presente? É preciso saber se o copo está metade cheio ou metade vazio...

Toda vida é inédita. Ponto.

Nasce-se e morre-se. Todos. Esse script é inescapável. O ineditismo está no intervalo. Sonhos, desejos, prazeres, dores, risos, lágrimas, olhares, pulso, ansiedades... Tudo vivido de um jeito único e particular.

E viver diante disso pode ser assustador ou encantador. Assustador porque revela escancaradamente a impotência humana diante da vida, e da morte... Conceitos tão ambíguos que coexistem de maneira tão intrigante.

Façamos então que o ineditismo seja encantador. Que o não saber sobre o amanhã, conduza a um viver intenso do hoje. Afinal, “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar pra pensar, na verdade não há... “

domingo, 10 de julho de 2011

FRIDA

Frida tentava retornar à vida de antes, mas quanto mais tentava, mais ficava evidente para si que era impossível. Nada mais seria como antes. Sabia que muito desse sentimento era idealização. Mas era o que lhe restara e por enquanto parecia impossível deixar tudo para trás.

Olhava ao redor e não conseguia parar de pensar em como tudo parecia tão igual, mas com uma diferença que só ela era capaz de sentir. Pensava na vida. E na morte. Na presença da ausência. E em como coisas tão divergentes podiam coexistir tão intimamente.

Buscava por explicações que conscientemente sabia que nunca teria apesar de sua insistência em saber e entender...

Sabia estar num momento pessimista e admitir isso lhe parecia ser um indício de sensatez em meio a avalanche emocional que lhe cegava à razão.

Queira continuar e continuava... Mas ainda não com a mesma alegria. Já não sorria com a mesma emoção, e as lágrimas eram menos teatrais...

Não era o fim de nada. Apenas mais um começo... Só não sentia-se ainda pronta para fazer tudo novo de novo...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

SANTO ANTÔNIO

Todo ano é a mesma coisa, começa junho e a TV é invadida pelas propagandas melosas de dia dos namorados. Uma afronta aos solteiros de plantão que não aguentam mais passar a data sozinhos.
Enquanto os namorados entram na lógica capitalista de agradar o “benzinho” com uma boa compra, os solteiros tentam encarar a data como podem. Usam do senso de humor. Perdem totalmente o senso de humor. Fingem indiferença à data, e os mais desesperados, e aqui me encontro, recorrem ao Santo casamenteiro, Santo Antônio.
Fui procurar uma simpatia para que esse fosse, enfim, o último dia dos namorados que passaria sozinha. Fiquei impressionada com a quantidade de simpatias on line. E não é que até o Santo se informatizou?
Simpatias para arrumar namorado. Simpatias para casar. Simpatias para ser pedida em casamento. Simpatias para conquistar o amor. Simpatias para não perder o amor. Eram tantas que me perdi. Nem sabia mais o que é mesmo que queria. Se era arrumar um namorado, casar ou conquistar o amor. Desisti.
Ok, confesso. Já ganhei um Santo Antônio e acho que desde então ele está de mal com a minha pessoa. Não sei como, mas depois de enfiá-lo de ponta cabeça num copo com arroz, com pinga, no freezer, deixei o santo cair e ele quebrou a cabeça. Tentei me redimir com Antônio colando com muito carinho sua cabeça, mas não adiantou. De lá pra cá minha vida amorosa tem se demonstrado uma bela comédia dramática.
Mas aí mamãe começou a se preocupar também. Apareceu com um santo novo, desses que você pode tirar o Menino Jesus para chantagear o Antônio. Sim, tem simpatia que envolve um sequestro do Menino Jesus. O problema é que o meu sequestro não teve um final feliz. Consegui quebrar a cabeça do pobre Menino Jesus. E como todo mundo sabe, o sucesso de se conseguir alguma coisa num sequestro é a devolução da vítima no mínimo ainda com a cabeça! Como é que eu poderia chantagear o santo com o Menino literalmente aos cacos? Lógico que muito preocupada com meu futuro emocional colei cuidadosamente a cabeça do Menino Jesus, mas nem tive mais coragem de chantagear o Antônio. Devolvi o Menino aos seus braços e tenho tentado o diálogo sem castigos ou chantagens, mas sem muito sucesso também.

Sem simpatias, sem coragem [na verdade sem condições de] para chantagear o Santo e sem namorado optei por festejar São João e me perder no vinho quente, cuzcuz e pastel com as amigas, porque vai se o dia dos namorados, ficam as festas juninas e julinas!!! E viva os arraiá! [desconsiderando que até as quadrilhas tem casamentos].

PAIXÃO

Paixão, ah esse sentimento quase incontrolável que induz a cometer loucuras! As quais tinha certeza que jamais cometeria. Não nessa vida! E pela minha breve experiência nessa vida tendo a acreditar que nem todos estão prontos para a paixão, porque paixão sem entrega não é paixão. Paixão é perda de controle. É não querer falar, mas já ter dito. É não querer se entregar, mas já estar entregue.
Esse papo de “você não pode se entregar tanto no começo”. Acho chato! Entrego-me sim! Já cometi mais idiotices apaixonadas do que bêbada. Incontestável! Porque a paixão é essa patologia peculiar que impede de ser racional. [Ok, não sou perita em patologias. Mas é como dizem, de médico e louco todo mundo tem um pouco.] Com sintomas que a maioria conhece, a “abobalhação” é o mais evidente. Chora-se e ri sem motivos. Fica-se à espera do outro. Espera-se por uma declaração de amor e daí para menos. Um beijo, um abraço, um oi. Espera-se sempre.
E longe de ficar numa posição estática, os acometidos por tal patologia saem cometendo loucuras. Partem para o ataque! São capazes de ligar 19X em seguida, enviar incontáveis torpedos, estar arrependido disso tudo depois de segundos, mas resolver bisbilhotar por todos os meios possíveis algumas notícias do outro.
Mas como “para todo mal há cura”, com a paixão não é diferente. Apresenta possibilidade de curas diversas. De uma maneira sofrida, cura-se de uma paixão não correspondida. Para alguns a espera é de meses, anos para ver se livre da patologia... É preciso ótima saúde emocional para livrar-se da paixão com rapidez. Há também um antídoto infalível: uma nova paixão. Muda-se o foco, mas os sintomas persistem muito parecidos.
Mas a cura mais eficaz, aquela que todo apaixonado almeja alcançar é a obtida por doses homeopáticas do outro. Quando bem administrado esse tratamento pode fazer com que o quadro evolua para amor, “ferida que dói e não se sente, um contentamento descontente”. Descontente? Não para os apaixonados “curados”.   

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A verdade é que não tem como deixar pra trás. Não há como evitar. Não é o lugar, não é o cheiro, não é a música. É a lembrança. A lembrança que fica latente, atormentando. A lembrança que a toda hora me faz lembrar que um dia foi assim, tão bom. E que não será jamais. Nunca mais.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Maio já está no final...

...
"E será inútil esforçar-se para esquecer - tudo o que um dia se misturou carregará consigo partículas do outro. Talvez venha o arrependimento, o recomeço, as cores voltem a brilhar como antes - mas não se pode contar com isso. Não se pode contar com nada. O único caminho viável é viver e correr o sagrado risco do acaso. E substituir o destino pela probabilidade."

Clarice Lispector

domingo, 29 de maio de 2011

E a saudade em mim agora...

... quanto tempo será que demora
1 mês pra passar...

E se eu pudesse voltar no tempo
Naquele abraço de 1 mês atrás
Ah ele seria mais demorado
Seria mais apertado
Olharia-te mais nos olhos
Diria-te outras coisas
Ou talvez não te dissesse nada...

"E eu continuo aqui
Com meu trabalho
e meus amigos
E me lembro de vc
Em dias assim
Dias de chuva
Dias de sol
E o que sinto
não sei dizer..."

quinta-feira, 26 de maio de 2011

CONVERSAS COM O ESPELHO - PARTE 11


Talvez eu tenha exagerado com o Victor na minha crise de mulher desempregada. Ele se distanciou, não me olha mais nos olhos, está indiferente e usando da pior indiferença. Responde aos meus chamados, mas não como antes. Faz- se presente no silêncio da sua ausência.
Minhas lágrimas estão menos teatrais. Os problemas parecem mais reais agora e competir com a Branca de neve não faz mais muito sentido. Ela nunca aguentaria passar por tudo isso. Acho que foi nesse momento que ela comeu a tal maçã envenenada. Que bruxa, que nada. Aquilo foi é choque de realidade, a branquela não resistiu e dormiu até o príncipe chegar. E ao invés de beijo, ele deve ter lhe dito que os filhos já estavam cursando uma boa universidade, que ele já saíra da crise da andropausa, e que ela protagonizaria um espetáculo no Municipal de São Paulo. Só criança mesmo pra acreditar que aquele beijinho sonso tiraria alguém de um sono profundo.
Meu sonho de vida perfeita... Que patética! Filhos da universidade? Eu no Municipal... Ao menos, pelo jeito, eu quero o Victor ao meu lado, sem essa crise, sem esse olhar que eu não conheço mais, sem essa indiferença que me mortifica.
Mas se Victor se acha no direito de me tratar assim, de se sentir decepcionado com meu comportamento, sinto-me no mesmo direito! Afinal no pior momento da minha vida não encontrei nele aquele homem companheiro e paciente com quem eu decidi me casar.
Tenho medo que ele desconfie dessa reaparição... Mas também, não aconteceu nada. Foi um café! Um café e só! Eu precisava disso. Precisava senti-lo, quero dizer, sentir como seria reencontrá-lo depois de tanto tempo. Era uma história mal terminada, e eu preciso de ponto final. Foi muito estranho. Senti-me novamente com 20 e poucos anos, com aquela expectativa toda, aquele calafrio que percorre toda a espinha. Não sei como ele conseguiu meu telefone, ou será que depois de quase 15 anos ele ainda tinha esse número? Eu estava ociosa, as crianças na escola e então, não havia motivo para eu negar.
Aproveitei para fazer as unhas. Nude. Algo moderno, elegante e casual. Coloquei um vestido, mas algo bem despretensioso, uma sandália de salto, mas não muito alto. Básica. Vestuário digno de uma mulher segura de 40 anos. E por que é que minhas mãos não correspondiam a essa segurança tremendo descontroladamente? Respirei fundo, mantive as mãos firmes, passos largos e fui ao seu encontro. Ele já estava lá, sentado. Parecia muito tranqüilo mexendo em seu celular, pensei que podia estar disfarçando, ou será que já pensava em me ligar? Será que estava ansioso com meu atraso de 5 minutos?
Tudo correu muito cordialmente. Tentei parecer calma, mas não falsa. Não disfarcei minha surpresa querendo saber como ele havia conseguido meu contado. Disse-me que encontrou com a Guida e pediu a ela. E como foi que ela não me contou uma coisa dessas???, era só o que conseguia pensar nos 20 minutos seguintes. Foi normal e estranho. O reencontro entre duas pessoas que se conheciam profundamente, mas que verdadeiramente nunca se apresentaram inteiramente uma à outra.
Não sei exatamente o que senti. Foram tantos sentimentos e o maior deles, surpresa! Surpresa por ele me cobrar agora o porquê de eu ter “sumido”. Teve a pachorra de dizer que eu precisava ter dito ao menos um tchau, colocado um fim, se era isso que eu desejava. O que eu desejava... Devo ter ficado olhando nos olhos dele por uns 5 minutos, buscando meu discurso pronto de tantos anos. “Fim. A gente não tinha começo, meio e, portanto, não tinha no que por fim. Éramos duas pessoas que se propunham a um engano juntas. Um erro. Foi a isso que eu coloquei um fim e a você coube apenas não fazer nada, o que você cumpriu com muito êxito!...”

sexta-feira, 20 de maio de 2011

UM DIA VOCÊ APRENDE...


... que não importa em quantos
pedaços seu coração foi partido,
o mundo não pára para que você o conserte.

(William Shakespeare)


KEEP WALKING...

CARPE DIEM!

sábado, 14 de maio de 2011

LUTO

Uma vez um professor de literatura falou  que não importava o quão triste você estivesse. O quanto sua perda lhe fosse dolorida. O mundo continuaria do mesmo jeito. As padarias abririam. As crianças iriam para as escolas. Haveriam os mesmo carros nas ruas. Tantos que a falta de um passaria totalmente despercebida pela maioria. Pessoas bravas. Pessoas felizes. Pessoas nasceriam e mais outras morreriam...

Você olha ao seu redor e parece estar tudo do mesmo jeito. Você olha pra dentro e sabe que tudo mudou. Que nunca mais será do mesmo jeito...

Eu nunca vou entender como o mundo pode continuar do mesmo jeito enquanto eu desejo dar um stop em tudo e tentar entender. Buscar as respostas para tantos "Por quês?" e "E se...?".....


 "Quando eu lhe dizia,
Eu me apaixono todo dia
É sempre a pessoa errada
Você sorriu e disse
Eu gosto de você também


Só que você foi embora
Cedo demais..."

domingo, 8 de maio de 2011

Tédio do domingo à noite. Um mal já consagrado. Acho que é pior depois de dias festivos. Páscoa, dia das mães, dia dos pais, ou qualquer outra data que o comércio aproveita para lucrar mais.
No início é uma festa. Família reunida, aquela comilança, churrasco, macarronada, farofa, maionese, salada, frango assado, um pouco de tudo! Depois ainda vêm os doces: pudins, bolos, tortas... E tem ainda a criançada correndo, se batendo, chorando... Família!
A casa fica uma bagunça. Louça suja pra todo lado. Nessas datas são tiradas todas aquelas louças que não são usadas normalmente. Mas essa não é a pior parte. Não. O pior é o tédio que vem depois. Na TV, nada digno de se assistir, com sorte, um filme mais ou menos na TV fechada de quem não assina os telecines.
Vejo-me forçada a recorrer à internet. No meu computador encontro fotos de anos atrás. Ah esse mudo digital! Fotos nem tão antigas, mas distantes pela distância que deixaram. Distância de amigos, paqueras, baladas. Quantas histórias. O que era só tédio, torna-se também nostalgia.
Para acompanhar, músicas que regam de melancolia o momento. Coisas do tipo Roupa Nova, e umas nacionais que nem ouso citar... Não. Não conto para ninguém.
Algumas conversas no MSN. Tentativas de falar com gente que não falava há tempos também. E o celular vira uma arma. Começa a tentativa de ligações, mensagens... Pico do tédio, nostalgia e carência!
Penso em comer novamente para me distrair... Mas lembro da esteira e de como demorariam horas para eu gastar as calorias que comeria em poucos minutos!
Desisto de comer. Desisto do domingo. O tédio está instalado. Rendo-me ao sofá e a TV. Junto-me aos mortais que aguardam pela segundona e fantasticamente suportam os programas da TV aberta...

sábado, 7 de maio de 2011

E SE A CONVERSA FOSSE ASSIM???

Guida - Frida, e aí, como foi a noite com aquele gostoso de ontem?

Frida - Ah, Guida, foi bacana, mas acho que ele não é cara para se levar a sério não. Muito fácil, sabe? Acredita que saindo do bar, propus da gente ir num motel, ele até tentou se fazer de difícil, mas foi só jogar uma conversinha que ele caiu e lá fomos nós. Fiz o papel de mulher atenciosa, conversamos, parei para ouvi-lo, fui preparando o campo para deixá-lo mais a vontade...

Guida - E aí???? Rolou???

Frida - Rolou, lógico!!! Esses caras de hoje em dia andam muito fáceis.

Guida - É mesmo! Eu também saí com um cara outro dia. Ele até era bacana, mas bebia demais e depois ainda caia na pista pra dançar, falava com todo mundo, sei lá, acho que esse tipo de homem é muito saidinho... Legal pra curtir uma noite, mas também acho que não dá pra levar a sério...

Frida - É amiga, mas enquanto não encontramos o cara certo, vamos nos divertir com esses errados, não é mesmo?

Frida - Ah, com certeza!!!

domingo, 17 de abril de 2011

INÍCIO DE RELACIONAMENTO

Muito difícil! Você pensa: se eu ligar ele pode pensar que estou desesperada, ou que estou fácil demais. Mas pensa também que se não ligar pode parecer desinteressada demais e perder o cara.

Qual a medida certa? Existe mesmo? Muitos responderiam com o famoso e previsível: “Segue seu coração.” Meu coração??? Ele é totalmente desvairado! Se eu segui-lo, aí sim espanto de vez o cara. Mandaria mensagens melosinhas de cara, falaria de músicas! Pois é, não pode! E tentando parecer o mais sensata possível, fico me segurando, medindo as palavras e tentando parecer eu mesma. O segundo conselho provável. “Seja você mesma!” Ser eu mesma? Nããão! Seria mostrar que sou estabanada, falo muita bobagem e dou umas patacoadas que acabo tentando esconder com umas gargalhadas também não muito charmosas.
Uma farsa! É isso. Ninguém tem coragem de dizer assim, com essas palavras, mas é o que te induzem a ser. “Não faça isso. Não faça aquilo. Não ligue ainda. Espere mais um pouco para enviar uma mensagem. Não fale sobre isso. Não mostre este seu lado. Sorria, seja simpática e até um pouco engraçada, mas sem parecer piadista demais. Cruze sempre as pernas. Seja charmosa. Ofereça-se para dividir a conta, mas permita que ele seja gentil e sinta que está dominando a relação.”
E começa assim. Você é a bonequinha que todo homem queria. Mas como manter tudo isso por muito tempo? Ou você está tão desesperada que resolve mudar até mesmo o que é para ficar com alguém, ou não conseguirá manter isso por muito tempo. Voltamos ao “seja você mesma”.
Acho que a coisa está em ser você mesma, mas com uma maquiagem sutil. O começo deixa aquela ansiedade latente que dá vontade de chegar logo e perguntar: você vai mesmo querer ficar comigo? E ainda ficar enviando mensagenzinhas, afinal, quem é “visto” sempre é lembrado... Melhor não. Sem deixar de ser você, segure a ansiedade.
Uma mensagem por dia, ok? A dica é colocar uma pergunta que induza a continuidade das mensagens. Se não tiver mais perguntas, sem mais mensagens nesse dia! É melhor também segurar as pontas e esperar por uma iniciativa dele agora.
E se a iniciativa não vem??? Se não vem, esquece, amiga!!! Porque o cara ou é gay, ou é mole e lerdo, ou realmente não tá a fim, e em nenhum desses casos você está a fim de investir tempo, maquiagem e perfume, não é mesmo? Isso sem contar no desgaste emocional. Não vale a pena!
Ok, ele é uma gracinha. Dança de uma maneira desengonçada que você adora. É super simpático e fala coisas que você sempre quis ouvir. É, eles fazem isso mesmo! Mesmo sem estarem a fim, ou apaixonados como às vezes pensamos. Os caras são bipolares, minha rápida e leviana conclusão. Não vou entendê-los nunca, é o que eu acho.
O que sei é que quero e preciso estar com alguém que queira estar comigo MESMO e seja capaz de perceber que teve muita sorte em me encontrar mais do que o contrário. E quando isso acontecer, as ligações e mensagens estarão liberadas devido à reciprocidade! ;)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

FAZ PARTE DO MEU SHOW

Porque eu estou sempre procurando e quando encontro não é mais o que eu quero. Quero sempre o impossível, o inatingível. Como uma criança mimada, sim. Quero. Choro. Esperneio. Faço drama. É o meu drama. Particular. Então dialogo com os personagens que eu quiser. Invento. Deliro.
Porque eu quero mais que encontrar. Quero entender. Quero que faça sentido. Preciso de coerência. Sempre. Sim, eu sou assim. Um poço de desejos irrealizáveis, utópicos. E é assim que continuo caminhando...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

CONVERSAS COM O ESPELHO - PARTE 10


Fazia tempo que meu coração não batia tão forte. Por que é que de repente tantos clichês estão fazendo sentido na minha vida? “Quando você acha que tem todas as respostas, vem o mundo e muda todas as perguntas”.
Eu estava decidida de que Victor era realmente o homem da minha vida. Meu emprego não era o emprego dos sonhos, mas era estável. Sim, eu parecia finalmente estar realizada e agora essa avalanche que arrasta a estabilidade recém-encontrada. Desempregada, com um certo asco daquele olhar de homem paternalista do Victor e com o coração com ataque de estupidez, querendo disparar por um cara que não merece nem um canto de olhar.
Foi por acaso. Estava perambulando pelo shopping com as crianças, já que agora meu tempo ocioso me permite esse luxo, e quem é que aparece? Ele! Novamente ele, com aquele sorriso cheio de dentes. Derrubei uma pilha de ursos pelúcia de susto, de medo, sei lá. Tentei fingir naturalidade, mas não sei se convenci pela pressa com que chamei as crianças dizendo que precisávamos ir embora.
Foi aí que ele me surpreendeu, de uma forma previsível, mas surpreendente. Me pegou pelo braço e disse “Você está linda! Que saudades de você.” Tremi inteira e para fugir da situação dei um grito com Paulinho, mas não sei ao certo o porquê. Disse que estava com pressa, e ele “a gente podia se ver, pra conversar...” Saí dizendo vários “sins” e esquecendo exatamente o motivo de eu estar ali, comprar o tal presente de aniversário para o amigo do Pedrinho.
Teria sido a saída perfeita não fosse a Júlia gritar “Manhêêê e o presente pro Pedrinho levar no aniversário?” Sorte minha ele ter tido a descrição de já estar saindo da loja. Com direito a um sorriso cafajeste com piscadela. Ahhhh!!!
Deixei Pedrinho escolher um brinquedo caríssimo. Deixei? Na verdade quando me dei conta do valor já era tarde demais e então, para não parecer ainda mais desequilibrada, deixei. Passei no cartão do Victor. Pronto. Agora estou no cenário perfeito para as piadinhas machistas sobre mulheres consumistas gastando o salário dos maridos no shopping durante a semana. E nesse momento isso era o que menos me atormentava.
Resolvi liberar um sorvete numa quinta feira antes do jantar. Eu precisava esfriar a cabeça, mas quanto mais parada, mais eu pensava e mais atormentada e confusa eu ficava. Por que é que esse cara tinha que ressurgir justamente agora? E por que é que ele continuava tão charmoso?...
“Você está estranha, mamãe.” o Pedrinho disse, achando muito divertido ver o sorvete derreter todo na minha mão.

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